É impossível prever qual será o efeito da aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos na sucessão presidencial de 2014.
Dependerá do estado da economia. Da capacidade de Dilma Rousseff reagir e assegurar uma grande coalizão para ter a maior fatia do tempo de TV. Da robustez da candidatura de Aécio Neves, muito fragilizada. ...
E vai depender do estado de espírito dos eleitores. Tudo indica que a economia não estará uma catástrofe, mas continuará a léguas de distância do espetáculo do crescimento de Lula, em 2010, que deu mais de 80% de aprovação ao governo do PT.
Como Marina e Eduardo Campos produziram no último sábado o fato político de maior magnitude nesta pré-temporada eleitoral, ficou a impressão de que ambos passaram a ser favoritos instantâneos --e os demais seriam derrotados sem remédio.
Mas assim como no futebol, nada adianta um time brasileiro ir à Espanha e ganhar do Barcelona num torneio amistoso no início do ano se depois não vencer mais adiante o campeonato nacional em casa. Eduardo Campos e Marina Silva dirão, com razão, que é sempre melhor já começar ganhando.
O governo rebate, também com razão, que não está claro nem garantido que os eleitores de Marina Silva vão obedecê-la de maneira cega.
Em meio a tantas incertezas, há fatos favoráveis e negativos para todos os lados. É inegável que a candidatura de Eduardo Campos ganhou musculatura com a chegada de Marina Silva, que numa decisão quase unipessoal resolveu levar seu patrimônio eleitoral para o PSB.
Mas o que garante que a relação entre os dois grupos políticos será harmoniosa nos próximos 12 meses? O que impede Marina de, numa outra decisão solitária, abandonar o projeto no meio?
Para Dilma Rousseff, foi um revés assistir ao quarto colocado na disputa receber apoio da candidata que teve quase 20 milhões de votos em 2010. Só que antes estava se desenhando um cenário no qual a petista enfrentaria três adversários competitivos: Marina, Aécio e Eduardo Campos. Agora, serão apenas dois --e quantos menos nomes de peso, mais exequível para Dilma vencer no primeiro turno.
De todos os personagens da sucessão, só um foi prejudicado em todos os sentidos: o tucano Aécio Neves, que foi a Nova York na sexta-feira para se preparar para uma palestra que daria apenas hoje.
Fonte: Fernando Rodrigues-Portal UOL
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