É o que indicam as mensagens interceptadas pela Polícia Federal e reveladas por VEJA.
Naquele ano, um funcionário da OAS lembra ao presidente da empresa agora solto pelo STF com voto favorável do ministro:
“Aniversário do Toffoli dia 15. Gosta de um bom whisky, segundo o amigo dele.”
Pinheiro pede ao secretário que o lembre do “presente de Toffoli”.
Em agosto de 2013, Léo Pinheiro fala de reunião com Toffoli em Brasília sobre o “assunto dos aviões”. A PF assinala em relatório que ainda não conseguiu coletar maiores informações a esse respeito.
Na mesma data, Pinheiro indaga a um executivo da OAS sobre uma mensagem a respeito de Toffoli: “Vou precisar do material para AGU”.
Antes de se tornar ministro do Supremo, Toffoli foi advogado do PT e chefiou a AGU, a Advocacia-Geral da União, onde deixou valiosos contatos.
Perguntado, Toffoli limitou-se a dizer que conhece Léo Pinheiro, mas não tem relação de intimidade e “não se recorda de ter recebido presente institucional dele ou da empresa OAS”.
Toffoli é malandro. Eu perguntaria se ele se recorda de ter recebido presente PESSOAL. Mas vamos em frente.
O ministro não respondeu se o empreiteiro costumava ser convidado para suas festas.
Repito: Toffoli é malandro.
Em 13 de novembro de 2014, sem saber que seria preso pela PF horas depois, Pinheiro trocou mensagens com um amigo, o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Estou indo para a África na segunda. Você vai ao aniversário do ministro Toffoli no domingo?”
Benedito respondeu que ainda não sabia se compareceria à festa. O ministro do STJ marcou um encontro com Pinheiro para o Rio de Janeiro e outro para São Paulo, mas a prisão impediu o presidente da OAS de comparecer.
Embora Toffoli seja sempre citado com intimidade por Léo Pinheiro, o homem acusado de desviar bilhões de reais da Petrobras e subornar dezenas de políticos, a PF não flagrou nenhuma conversa ou mensagem trocada diretamente com o ministro do STF. O mesmo cuidado não ocorria na relação escabrosamente promíscua do empreiteiro com Benedito, que merecerá um post à parte.
A conclusão de VEJA é que, se no curso das análises das mensagens pela PF ficar evidente que Léo Pinheiro tem com Toffoli a mesma comunhão de interesses, será o fim.
A minha conclusão é que já é vergonhoso um ministro do STF com histórico petista julgar (e mandar soltar) alguém que ele conhece, que lhe oferece whisky a fim de obter vantagens empresariais ou políticas, e que ameaça entregar a cúpula do PT.
Será um tantinho mais difícil pegar Toffoli que Benedito.
Além do gosto em comum pela bebida, ele é quase tão malandro quanto o eterno chefe Lula.
Felipe Moura Brasil
fonte: Veja
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