Documentos conseguidos com exclusividade pelo Jornal Nacional mostram que a Justiça decretou a quebra dos sigilos fiscal e bancário dele.
O ex-ministro José Dirceu é um dos investigados na Operação Lava Jato, que apura desvio de dinheiro da Petrobras. Documentos conseguidos com exclusividade pelo Jornal Nacional mostram que a Justiça decretou a quebra dos sigilos fiscal e bancário dele.
A empresa JD Consultoria, de José Dirceu e do irmão dele, recebeu quase R$ 4 milhões de empresas envolvidas no esquema.
As investigações do Ministério Público mostram o repasse do dinheiro para JD. De julho de 2009 a dezembro de 2011, a JD Assessoria recebeu em média US$ 25 mil por mês da Galvão Engenharia por serviços de consultoria. O total recebido foi de R$ 725 mil.
Da construtora OAS, a JD recebeu em média R$ 30 mil por mês entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011. No total, R$ 720 mil.
A UTC Engenharia pagou a empresa do ex-ministro José Dirceu R$ 1,377 milhão no ano de 2012 e outros R$ 939 mil em 2013. Executivos das três empreiteiras estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Os procuradores chegaram a empresa do ex-ministro ao analisar documentos da Receita Federal que mostraram transferências bancárias das três construtoras.
Segundo a juíza federal substituta Gabriela Hardt, que decretou a quebra dos sigilos da empresa de José Dirceu e do irmão dele, o objetivo é identificar se houve outros pagamentos suspeitos e se os dois foram ou não beneficiados pelo esquema de distribuição de dinheiro desviado da Petrobras.
No período de 2009 a 2013, José Dirceu não tinha nenhum cargo público. Ele deixou a chefia da Casa Civil do governo Lula em junho de 2005 e teve o mandato de deputado cassado em dezembro daquele mesmo ano em função das denúncias do mensalão.
Ele foi condenado no mensalão do PT por corrupção ativa. No julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o esquema de corrupção foi usado para comprar apoio de parlamentares no Congresso.
O advogado de um dos presos na Operação Lava Jato, Gerson Almada, vice-presidente da Engevix, disse que um esquema igual foi montado dentro da Petrobras. Em uma petição enviada à Justiça, o advogado de Gerson diz que "o pragmatismo nas relações políticas chegou, no entanto, a tal dimensão que o apoio no Congresso Nacional passou a depender da distribuição de recursos a parlamentares”.
Em outro trecho o advogado afirma que "não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias".
No documento, o advogado nega que as empresas investigadas na Laja Jato tenham formado uma organização criminosa. Diz que, ao contrário, elas foram vítimas de achaques de então diretores da Petrobras.
"É ínsito aos acontecimentos entender que a exigência de Paulo Roberto Costa e demais brokers do projeto político de manutenção dos partidos na base do governo colocou os empresários, todos, na mesma situação, não por vontade, não por intenção, mas por contingência dos fatos"
Na petição, a defesa do executivo da Engevix pede a anulação das provas levantadas até agora. O pedido ainda vai ser analisado pela Justiça.
A assessoria do ex-ministro José Dirceu disse que ele prestou serviços de consultoria às três empresas conforme contrato entre as partes. E que ele está à disposição da justiça para prestar qualquer esclarecimento.
A UTC Engenharia disse que contratou José Dirceu para consultorias em negócios no Peru e na Espanha.
A Galvão Engenharia não se pronunciou e a construtora OAS não atendeu as nossas ligações.
O Palácio do Planalto não quis comentar a denúncia do advogado de Gerson Almada, de que o dinheiro desviado da Petrobras seria para pagar apoio da base aliada do governo.
FONTE: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/01/jose-dirceu-e-um-dos-investigados-na-operacao-lava-jato.html
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