Por Mara Puljiz
O Estado falhou três vezes com a adolescente Vanessa Alves de Freitas, 16 anos. A estudante da 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola em Ceilândia levou um tiro na cabeça no último sábado, na QNO 19. Ela ficou três dias em uma sala de recuperação pós-cirúrgica no Hospital de Base do DF (HBDF) até conseguir uma vaga na unidade de tratamento intensivo (UTI). A família chegou a entrar na Justiça para garantir um leito à jovem. Somente na tarde de ontem, foi transferida. A filha da auxiliar de serviços gerais Francineide Alves de Freitas, 42, também não teve socorro imediato ao ser baleada. Vizinhos precisaram levá-la até o Hospital Regional de Ceilândia (HRC). E, por último, o bandido que a atingiu — um rapaz de 19 anos com diversas passagens pela polícia — estava solto até o fechamento desta edição.
A adolescente visitava a avó quando o crime ocorreu. Vanessa estava sentada na porta do bar da aposentada no momento em que o atirador, identificado como Renato de Paulo Ferreira, apareceu procurando pelo pai dele, Francisco de Assis Cardoso, frequentador do estabelecimento. “Ela disse que nem conhecia o pai dele, mas ele perguntou: ‘Está me encarando por quê?’ E meteu tiro na cabeça da minha filha, do nada”, contou Francineide. ...
Renato, que estaria sob efeito de drogas, disparou outras três vezes no tórax do próprio pai, também internado no HBDF com quadro estável. “A menina está com risco de morte e falaram que conseguiram UTI para ela, só que, quando eu cheguei lá, não era verdade. Estou fazendo um apelo para quem puder me ajudar. Estou sofrendo muito”, disse a mulher, emocionada, antes da transferência de Vanessa para a unidade de tratamento intensivo. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde informou que a menina estava sendo observada em uma sala de recuperação pós-cirúrgica enquanto aguardava uma vaga na UTI.
O artigo 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que é “assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde”.
A avó da adolescente, Francisca Alves de Freitas, 75 anos, disse que está dormindo com a ajuda de remédios. “Minha neta foi baleada e não teve direito imediato a UTI. Foi a gente que a socorreu para o hospital porque, quando liga para o socorro, demora muito. O cara que atirou vive rondando a região como se nada tivesse acontecido. Será que não tem Justiça nessa terra?”, disse.
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