Pelo menos oito deputados serão novidade na Câmara Legislativa do DF a partir de 2015. Isso se se considerar que os 16 distritais candidatos sejam reeleitos este ano. Dois ainda precisam brigar na Justiça pelo direito de participar do pleito, uma vez que o Ministério Público Eleitoral já tenha pedido a impugnação da candidatura de Aylton Gomes (PR) e Cristiano Araújo (PTB). Outros cinco tentam a Câmara dos Deputados e três operarão apenas como "cabos eleitorais". A expectativa, no entanto, é de que o índice acompanhe o esperado para a Câmara dos Deputados, onde a renovação tem sido de 50%, em média.
Mas tudo isso depende do quociente eleitoral, que é determinado pela divisão do número de votos válidos apurados pelo de lugares a preencher. A coligação PT-PP, por exemplo, vai ter que trabalhar muito para conseguir reeleger seis distritais (Wasny de Roure, Cláudio Abrantes, Chico Vigilante, Chico Leite, Dr. Michel e Paulo Roriz).
Os partidos e coligações trabalham com números hipotéticos - já que não é possível determinar o quociente eleitoral antes da apuração - e tentam superar o número de votos do pleito passado. Os grupos políticos esperam que o quociente eleitoral fique entre 62 mil e 63 mil votos neste ano. Em 2010, para a Câmara Legislativa, foram 1.429.093 votos válidos para 24 cadeiras - a cada 59.545 votos, a coligação teve direito a um mandato.
Considerando a conta estimada, a coligação PT-PP precisaria de quase 380 mil votos para a reeleição de todos. Nas últimas eleições, o PT contabilizou 216.382 votos. E o PP, em coligação com o PMN, 88.205.
críticas à coligação
"Essa aliança é uma violência à história do PT", dispara o presidente da Câmara Legislativa, Wasny de Roure (PT). "Na minha opinião, o partido deveria ter escolhido uma sigla que tivesse história semelhante à do PT, como PDT e PSB", afirma o petista, que alega não ter sido consultado antes da negociação "Esse acordo nos prejudica", desabafa.
Distrital desde a primeira legislatura, Wasny tenta o quinto mandato. Ele argumenta que, embora seja "daqueles que defendem a renovação", quer continuar, porque tem “contribuído muito com Brasília”.
Coligação para reeleger seis deputados
Para o presidente do PT-DF, deputado federal Policarpo, a coligação não terá dificuldade em eleger os distritais. "A expectativa do PT, sozinho, era de eleger, pelo menos, cinco deputados. Com o PP, serão seis, no mínimo", estima. "Mas vamos trabalhar para eleger mais", finaliza, confiante.
Segundo ele, o motivo de o PT ter se juntado ao PP foi para ajudar o partido, que enfrentou dificuldades para fazer alianças. "A gente se colocou à disposição de qualquer partido. Mas, muitos têm dificuldade de fazer aliança conosco, justamente por causa do número de candidatos", conta.
coligações
A aliança PR-PTB trabalha para reeleger três mandatários (Aylton Gomes, Washington Mesquita e Cristiano Araújo). Na eleição passada, o PR angariou 70.175 votos, enquanto o PTB, em coligação com o PRB, 96.548.
O grupo PSB-PDT-SD quer espaço para dois (Celina Leão e Joe Valle). No passado, o PSB, em coligação com o PCdoB, reuniu 84.181 votos. O PDT, sozinho, 76.814.
O PMDB também deseja cadeiras para dois (Wellington Luiz e Robério Negreiros). Em 2010, conseguiu apenas 86.577 votos.
Os grupos PRB-PTC, PRTB-PMN e PRP-PV pretendem reeleger um deputado, cada (Agaciel Maia, Liliane Roriz e Israel Batista, respectivamente). O que não deve ser tarefa difícil, já que em 2010 todas as coligações conseguiram superar o quociente eleitoral, o que seria suficiente para reeleger um.
experiência é positiva
A experiência acumulada de políticos reeleitos é imprescindível para o bom andamento da Casa, argumenta o cientista David Fleischer, que também é professor da Universidade de Brasília (UnB). "O retorno de ex-deputados é muito importante para dar continuidade ao trabalho. Da mesma forma, é importante quando ex-distritais levam suas experiências legislativas para outros cargos", afirma o especialista.
Sem “milagre político”
Historicamente, o índice de renovação na Câmara Legislativa oscila entre 62,5% e 50%, desde a primeira legislatura (1991-1994). "Não deve haver nenhuma reviravolta", arrisca o cientista político da UnB, João Paulo Peixoto.
Para ele, não há que se esperar um "milagre político", no entanto, já que as condições estruturais continuam as mesmas: nível baixo dos partidos políticos e apatia da população: "Não vejo um panorama positivo, no sentido de mudança".
O especialista explica que as pessoas não se sentem efetivamente representadas pelo Legislativo local e nem sequer dão importância ao voto para distrital. O escândalo político de 2009, com a deflagração da Operação Caixa de Pandora, segundo ele, ainda respinga na atual legislatura. "Tem alguns que tentam driblar a Justiça, empurrando os processos com a barriga", explica.
Cabos eleitorais
Evandro Garla (PRB), Arlete Sampaio (PT) e Benedito Domingos (PP) se despedem de mandatos eletivos no fim deste ano. Garla diz que tem uma "missão partidária" importante, na condição de secretário nacional do PRB: ajudar o partido a eleger o maior número de deputados neste ano. "Não daria para fazer dois trabalhos bem feitos", afirma.
Em coligação com o PTC, o grupo tem 36 candidatos e trabalha para ocupar "de uma a duas" cadeiras. "O fato de eu não estar candidato ajudou na formação da chapa", diz.
Aos 80 anos, Benedito Domingos se diz cansado. Depois de mais de 40 anos de vida pública, "vai cuidar da esposa e da saúde". Agora, ele quer eleger a filha Benair Domingos, candidata a federal pelo PP.
Ex-secretária de Desenvolvimento Social, Arlete Sampaio decidiu não se candidatar para se tornar "cabo eleitoral" do PT. "Quis ser coerente: está na hora de promover a renovação", escreveu em seu site.
Millena Lopes
millena.lopes@jornaldebrasilia.com.br
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Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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