A presidente Dilma Roussef durante
encontro com o mandatário da China,
Xi Jinping, no Palácio do Planalto -
encontro com o mandatário da China,
Xi Jinping, no Palácio do Planalto -
André Coelho / O Globo
SÃO PAULO e BRASÍLIA — Apesar de ainda liderar a disputa pelo
Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff perdeu parte
do capital político que tinha nos grandes centros urbanos
— cidades que têm mais de 500 mil habitantes e que costumam
funcionar como polos propagadores de votos para o resto do país.
Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na
quinta-feira, nos últimos 15 dias, houve queda na intenção de
votos na petista e aumento de seus índices de rejeição. Além
disso, piorou a avaliação de desempenho do atual governo. Os
dados foram recebidos com preocupação pelo comitê que trabalha
na reeleição da presidente.
De acordo com a sondagem, o percentual de eleitores que consideram
a gestão de Dilma “ótima ou boa” recuou de 30%, no início de
julho, para 25% nos municípios com mais de 500 mil habitantes.
No mesmo período, a classificação de “ruim ou péssimo” foi
de 31% para 37%, e a “regular”, de 38% para 37%, na mesma região.
Essa piora na avaliação se refletiu nos demais indicadores da
pesquisa. Dilma viu as intenções de voto nessas cidades caírem
de 32% para 29%. O percentual de eleitores que dizem votar no
tucano Aécio Neves — que até aqui aparece como principal
adversário à reeleição de Dilma — diminuiu de 24% para 22%,
enquanto o de Eduardo Campos (PSB) foi de 8% para 9%. Cresceu,
neste item, o número de votos em branco e nulos (de 17% para 19%)
e dos eleitores que afirmaram que não sabem quem escolher
(de 9% para 12%).
Já a rejeição de Dilma nos maiores municípios do país, que era
de 37% no início de julho, chega agora a 42%. A de Aécio avançou
um ponto percentual (para 21%), e a de Campos foi de 16% para
19%.
A IMPORTÂNCIA DA PROPAGANDA DE TV
Para analistas ouvidos pelo GLOBO, as atenções do eleitor sobre
o processo político foram ofuscadas durante a Copa do Mundo, o
que gerou uma sensação de melhora do governo e se refletiu nos
números divulgados pelo Datafolha no início de julho. Contudo,
terminada a competição, a falta de um legado concreto que melhore
a rotina da população das grandes cidades reativou as tensões
sociais expostas desde junho do ano passado.
Num cenário como este, ressaltam analistas, a propaganda no rádio
e na TV será ainda mais importante na definição da eleição. A
presidente Dilma terá o dobro do tempo de exposição de seus
adversários e precisaria aproveitar isso em seu favor.
Divulgada na noite de quinta-feira, a pesquisa mostrou que Dilma
tem 36% das intenções de voto no país — dois pontos a menos do
que na pesquisa realizada nos dias 1 e 2 de julho. Ela ainda
está à frente de Aécio, que manteve os 20% registrados na sondagem
anterior, e de Campos, que foi de 8% para 9%. Mas, pela primeira
vez, a presidente aparece em empate técnico com o tucano numa
simulação de segundo turno. Nesse cenário, Dilma teria 44% dos
votos, e Aécio, 40%. O empate viria da margem de erro da
sondagem, que é de dois pontos para mais ou para menos.
— O que vemos é a classe média dos grandes centros urbanos
voltando à realidade, enfrentando caos no trânsito, assalto na
porta de casa e aumento nos preços nas prateleiras. Apesar de
essa culpa não ser exclusiva do governo federal, o crescimento
dessa insatisfação hoje nada mais é do que o preço das inúmeras
promessas que foram feitas e, até agora, não foram cumpridas
— afirma o analista político e professor do Insper-SP Carlos Melo.
EMPATE EM SÃO PAULO
E não é de hoje que o aumento nas tensões urbanas preocupam
o governo. Antes do início da Copa do Mundo, Dilma escalou
ministros e aliados para defender publicamente o legado da
competição.
— É como se fosse uma ressaca pós-Copa. O cidadão comum acordou
de uma festa e teve que encarar a realidade. E a realidade não
mudou muito se comparado a junho do ano passado, quando ele
foi às ruas cobrar mais mobilidade, saúde e educação — explica
o cientista político e pesquisados da UFRJ Sandro Corrêa.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país (com cerca de 32
milhões de eleitores), Dilma e Aécio aparecem empatados na
pesquisa de intenção de voto, com 25% das intenções de voto.
O tucano ganha da presidente na capital (com 28% contra 23%) e
na região metropolitana, que compreende parte do reduto petista,
com 26% contra os 24% de Dilma. A disputa no interior do estado
continua apertada, com 25% das intenções de voto para Dilma,
um ponto a mais do que para Aécio (24%).
Ainda pelo Datafolha, nas simulações de segundo turno, Dilma
perderia para seus dois adversários em São Paulo. Aécio venceria
no estado por 50% a 31%. Campos, por 48% a 32%. Já no Rio, a
presidente ainda mantém larga distância em relação ao tucano.
Ela ganha tanto na capital (com 31% contra 19% de Aécio) quanto
na região metropolitana (com 36% contra 17%) e no interior do
estado (com 31% contra 17%).
O Datafolha mediu também o impacto da Copa do Mundo nas eleições.
Dilma é, na opinião do eleitor, quem mais se beneficiou e também
quem mais foi prejudicada pelo evento. De forma geral, 42% dos
eleitores apontam que a petista foi quem mais se beneficiou com
o Mundial, seguida por Aécio (7%) e Campos (2%). Um em cada
quatro eleitores vê Dilma Rousseff como a mais prejudicada pela
Copa. Outros 5% apontam Aécio, e 3%, Campos.
Para o professor do Iuperj Marcelo Simas, a saída da presidente
Dilma é a TV. A petista deve ter 11 minutos e 48 segundos, contra
4m31s de Aécio e 1m49s de Campos. A propaganda de rádio e TV
acontecerá entre os dias 19 de agosto e 2 de outubro. Na hipótese
de um segundo turno, o tempo será distribuído igualmente entre
os dois candidatos.
— É cedo ainda para afirmar que a campanha de Dilma está ladeira
abaixo. Há uma tendência negativa, mas é só o início da campanha.
Dilma terá muito tempo de TV para expor sucessos de seu governo
e explicar o legado de sua gestão — analisa Simas.“BOM, NÃO É”
Em Brasília, o empate técnico com Aécio no segundo turno e os
demais dados da pesquisa Datafolha foram recebidos com preocupação
pelo comitê de reeleição. Mesmo assim, coordenadores da campanha
afirmaram nesta sexta que não haverá mudança na estratégia
eleitoral.
Dilma vai continuar priorizando a agenda de presidente, e não as
puramente eleitorais. A partir da semana que vem, ela deve
visitar obras e participar de atividades relacionadas a projetos
do governo federal, o que tem forte apelo eleitoral. Devido a
restrições legais, ela não pode mais inaugurar obras nem lançar
programas.
— Bom (o Datafolha), não é, mas não tem sangria desatada,
desespero nem urgência. Ela vai manter a agenda institucional
de presidente — explicou um dos coordenadores da campanha petista.
fonte: http://oglobo.globo.com/brasil/rejeicao-dilma-cresce-petista-perde-votos-nos-grandes-centros-urbanos-13311789#ixzz37w58BnEs
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