As grandes fortunas movem o mundo desde a Antiguidade, antes mesmo da invenção da moeda. No topo do ranking dos mais ricos está o mansa Musa, imperador do Mali do século XIV
The Bridgeman Art Library/Keystone |
Atlas Catalão de 1375 traz representação de mansa Musa com a riqueza maior de seu reino, os diamantes. |
Por Vinicius Palermo
Considerado o homem mais rico da história, com uma fortuna avaliada em 310 bilhões de euros na época de sua morte, por volta de 1337, Kanku Musa governou o poderoso Império Mali de 1307 até meados de 1332, usando o nome de mansa Musa. Sob o seu governo, o reino africano viveu o seu apogeu, abrangendo grande parte da África ocidental, entre o deserto do Saara e a floresta tropical, estendendo-se da margem do Atlântico à região onde se encontra o Mali atual.
Sobrinho-neto do fundador do Império Mali, Sundiata Keita – que havia conquistado o Império Gana em meados de 1235, na Batalha de Kirina –,mansa Musa chegou ao poder após uma sucessão de imperadores fracos, ocupando o trono daquele grande império que acumulara riqueza pela conquista de terras com riquezas como o ouro, o marfim e o sal. O comércio dessas mercadorias foi a principal das razões para o crescimento rápido do Império Mali.
Usando a religião muçulmana como um traço de união entre as diferentes populações sob
seu domínio, Musa demonstrava sua riqueza através de doações e construções de diversas
mesquitas e centros de estudos islâmicos, o que tornou Timbuktu um dos principais centros
dessa religião.
O imperador chamou a atenção do mundo ao fazer uma peregrinação à cidade de Meca,
na Arábia Saudita, considerada a cidade sagrada do islamismo, em 1324. A viagem
comprovou a riqueza incomparável daquele imperador africano. Segundo relatos,
mansa Musa teria viajado escoltado por um grupo de 60 mil seguidores e 500 servidores
com vestimentas de ouro, metal também presente nas bengalas que todos levavam.
Há relatos, ainda, de 80 camelos que transportavam, cada um, 135 quilos de ouro.
O rei, para desencorajar qualquer veleidade de insurreição no reino, trouxera consigo
todos os governantes provinciais e outros poderosos. Durante a viagem, além das
doações e construções de mesquitas em várias regiões por onde passou, mansa Musa
fez a cotação do ouro cair ao distribuir, em sua passagem pelo Egito, grande
quantidade do precioso metal.
Musa compraria depois uma parte do metal no mercado a fim de promover alguma
recuperação nas cotações, mas, segundo relatos de contemporâneos, o valor
do ouro só se recuperaria na bacia mediterrânea 20 anos depois. Após a peregrinação,
Musa estreitou contatos com todo o mundo islâmico, estabelecendo rotas comerciais
que se estenderam pelo Egito e até o Marrocos. Letrado, Musa I levou estudiosos e
arquitetos árabes para seu reino, além de apoiar artistas e eruditos e criar uma universidade
na cidade de Timbuktu.
Após a sua morte, mansa Musa I foi sucedido pelo filho Maghan I, que acabou
deposto em meados de 1336 pelo mansaSolimão, irmão de Musa I. O apogeu observado
no século XIV não se repetira nos séculos seguintes e o Império Mali entrou em declínio gradual.
FONTE: http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/o_mundo_e_dos_ricos.html
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