sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Candidata do DF é acusada de comprar votos



Informações Jornal O Globo
O título de eleitor se transformou em moeda de troca na reta final de campanha e pode valer R$ 50 na periferia do Distrito Federal. O GLOBO flagrou na última quinta-feira um caso clássico de compra de votos nas barbas do poder. Em Santa Maria, região administrativa do Distrito Federal, a negociação aconteceu dentro do comitê da candidata a deputada distrital Natalia Cotrim (PMDB) e foi liderada pelo coordenador do comitê, que se apresentou apenas como Ubiratan.
Sem se identificar como jornalista, o repórter tentou descobrir quanto custava para trabalhar como cabo eleitoral da candidata da coligação Quero Mudar, liderada pelo PSL. A diária para fazer propaganda de boca de urna no dia da eleição é de R$ 50. Mas não basta disposição para trabalhar das 6h às 17h, num ritmo que, segundo o próprio Ubiratan, será frenético e sem hora de almoço. É preciso ter o título eleitoral em Santa Maria e votar na candidata. 
- Se não votar aqui, não tem jeito. A gente paga R$ 50 pela boca de urna, mas tem que votar aqui. Se votar no Gama (cidade mais próxima) não serve. Tem que comprovar que vota aqui. Eu tô (sic) acertando com você para captar voto, mas eu preciso do seu também, entendeu? - afirmou Ubiratan.
Segundo Ubiratan, para trabalhar para a candidata em outras cidades também é necessário ter o domicílio eleitoral fixado. Um cabo eleitoral de Santa Maria, por exemplo, não pode fazer campanha em outras regiões.
- É um critério que nós fizemos. É necessário que seja dessa forma. É necessário trazer o título para eu olhar. Traz o título, comprova a zona, vê se é daqui mesmo (...) não adianta justificar, eu preciso que ela (suposta cabo eleitoral) também vote na Natália - afirmou.
Segundo a própria campanha, Natalia é a terceira candidata com mais votos em Santa Maria e está entre os 24 concorrentes com mais chances de se eleger no Distrito Federal.
Para o cientista político Lucio Rennó, o caso indica uma clara tentativa de compra de votos. Ele explica que mais grave do que o próprio ato ilícito é o prejuízo que o eleitor se dispõe a assumir para levar um pequena quantia de dinheiro:
- O custo para o eleitor a longo prazo é muito maior do que esse pequeno ganho na eleição.
A prática não é isolada. No final de julho, quando a campanha ainda engatinhava, o GLOBO já havia constatado casos semelhantes em Riacho Fundo, outro bolsão de pobreza na periferia de Brasília. Para trabalhar no comitê do então candidato ao governo Joaquim Roriz(PSC) era preciso apresentar o título de eleitor.
A candidata Natalia Cotrim - presidente licenciada da Associação Comercial de Santa Maria - confirmou que Ubiratan trabalha para a campanha, mas negou a irregularidade.
- Eu acredito que o Ubiratan não tenha feito esse comentário. Isso não procede, não. Eu desconheço. Nossos colaboradores são amigos, parentes. Quem trabalha para o candidato é porque simpatiza, mas o sujeito não é obrigado a votar no candidato - disse Natalia.
Para o promotor eleitoral do DF, Ricardo Contardo, houve tentativa de compra de votos. Ele informa que nas eleições deste ano outros casos de troca de votos por empregos e até por agrados, como a construção de muros em casas localizadas em áreas violentas, já estão sendo investigados.
- Se o voto custa R$ 50, com R$ 50 mil, ele ganha uma eleição. E ainda paga um preço barato - afirmou Contardo.

FONTE: http://blogradiocorredor.com.br/5066/Candidata-do-DF-e-acusada-de-comprar-votos-/

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