sábado, 17 de julho de 2021

CASO DREYFUS - A FRAUDE QUE REVOLTOU A FRANÇA

 

Para proteger um segredo de guerra, o Exército Francês condenou um de seus homens — seguindo a onda de antissemitismo que assolava a Europa



Alfred Dreyfus, oficial francês condenado injustamente
Alfred Dreyfus, oficial francês condenado injustamente - Getty Images

No dia 13 de janeiro de 1898, o escritor Émile Zola revelava ao público francês uma grande farsa. Denunciando o Tribunal e o Alto Comando Militar da França, Zola publicou no jornal L’Aurore uma longa carta revelando a fraude contra Alfred Dreyfus.

Denominada J’accuse! (Eu Acuso!), a carta revelava que o exército condenou Dreyfus à prisão perpétua baseado em documentos falsos, e acobertado por ondas de nacionalismo e xenofobia.

O caso Dreyfus

Interrogatório de Alfred Dreyfus (1859-1935) em seu julgamento, em Rennes / Crédito: Getty Images

 

Era 1894 quando o capitão de artilharia Alfred Dreyfus foi acusado de vender informações secretas aos alemães. Condenado pelo seu próprio exército e sofrendo com as ondas de antissemitismo que assolavam a Europa, Dreyfus foi sentenciado à prisão perpétua na Guiana Francesa e acabou ficando isolado por quatro longos anos, até que muitas vozes se levantassem para defendê-lo.

A acusação foi feita 24 anos após a Guerra Franco-Prussiana, quando a França já tinha conseguido se reconstruir e experimentava um período de florescimento cultural e econômico, no contexto da Belle Époque. Os franceses temiam que uma nova guerra contra a Alemanha abalasse a prosperidade do país, e colocavam toda sua confiança nas Forças Armadas.



Carta "J’accuse!", publicada pelo escritor Émile Zola / Crédito: Getty Images

 

A acusação de Dreyfus veio da necessidade em proteger segredos estratégicos. Um novo e poderoso canhão de guerra estava sendo construído, mais eficiente que qualquer arma do Exército Alemão. Para resguardar essa informação, os franceses criaram uma série de documentos falsos sobre outra arma, que deveriam ser entregues aos alemães por um “espião”.

Para que a mentira funcionasse, tanto os documentos quanto o espião deveriam ser “apanhados”. E a vítima escolhida foi o introvertido Dreyfus, membro de uma família de industriais judeus-alemães e que já era visto com desconfiança entre seus pares.

Inocente

Quatro anos depois, personalidades resolveram levantar a voz contra essa fraude. Mudando a opinião do povo ao provar que o exército falsificara documentos, a carta de Émile Zola — junto a denúncias do poeta Charles Péguy e de compositores como Alfred Bruneau — levou Dreyfus a deixar a prisão, e em julho de 1906 sua inocência foi oficialmente reconhecida.

Em 15 de outubro do mesmo ano, Dreyfus assumiu o comando da artilharia de Saint-Denis, se aposentando anos depois para viver de maneira discreta em Paris e falecendo em julho de 1935, aos 76 anos. Apesar de todas as provas que o inocentavam, o Exército Francês continuou por muito tempo a acusá-lo como traidor.


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2. O Processo do Capitão Dreyfus, de Ruy Barbosa - https://amzn.to/30lmRL9

3. O caso Dreyfus, de Louis Begley - https://amzn.to/2tQspkJ


Leia mais em: https://super.abril.com.br/historia/caso-dreyfus-a-fraude-que-revoltou-a-franca/

quinta-feira, 10 de junho de 2021

CORONEL RAJÃO É AGREDIDO EM QUARTEL DA POLÍCIA MILITAR

O Coronel José Rajão Filho, de 74 anos, ex-Comandante Geral do CBMDF, ex-Parlamentar foi agredido por Subtenente da Polícia Militar no interior do Batalhão de Polícia 



AGRESSÃO

No dia 29 de maio a Esposa do Coronel Rajão foi visitá-lo no 19º Batalhão. A sua esposa, que é deficiente visual, ao final da visita chegou próximo ao Coronel, fez uma oração e ao final, de forma instintiva, abaixou para dar um beijo em sua cabeça, pois o Coronel estava sentado em uma cadeira, pois está semiparalítico. Logo em seguida, um Subtenente de serviço separou a esposa do Coronel Rajão aos berros e de forma violenta. O Coronel pediu respeito e o Subtenente ficou ainda mais ensandecido. O Coronel Rajão saiu do local pegando a sua cadeira e foi escorraçado para a sala em que está alojado. O Tenente Rajão estava no corpo da guarda da unidade esperando a entrega de materiais, quando viu aquela cena e se dirigiu ao encontro do Militar. O Subtenente armado veio em direção ao Tenente Rajão. O Tenente Rajão se identificou como Oficial do Corpo de Bombeiros e o Subtenente disse: 'soca no teu rabo o seu oficial. O que Você vai fazer com o seu oficial aqui dentro?' .  O Tenente Rajão disse que iria participá-lo (denunciá-lo). Após a confusão, os Sargentos de serviço retiraram o Subtenente do local do crime.


COVARDIA E OPERAÇÃO ABAFA

O Comando do 19º Batalhão de Polícia abriu uma sindicância a título de apuração de infração disciplinar de interno. Segundo o Doutor André "o comando do 19º Batalhão não agiu corretamente. Primeiro que não deveria ser uma apuração de infração disciplinar de interno, e sim, ter instaurado o Inquérito Policial Militar para a apurar a agressão do militar.  Em segundo lugar, o Comando do Batalhão proibiu a família de ter acesso ao Coronel Rajão. A intenção era de que a família não tivesse acesso aos detalhes da agressão que o Coronel sofreu? Apenas ontem, 9 de junho - 10 dias após o ocorrido, o Advogado teve acesso ao Coronel Rajão. E ficamos sabendo que após o retorno do Coronel Rajão ao alojamento no dia 29 de maio, o Subtenente esteve em sua sala chutando e berrando com o Coronel. Não sabemos se o Coronel foi agredido fisicamente. Não temos notícias se houve um exame de corpo delito. O Coronel Rajão foi vítima de uma grande covardia perpetrada pelo Subtenente, pois o Coronel é um senhor de 74 anos semiparalítico. Ele é vulnerável naquele ambiente. E o pior: o Militar ainda está na unidade tentando intimida-lo. Ele deveria ser afastado imediatamente das atividades. O Comando do 19º Batalhão de Polícia é o total responsável pela integridade física do Senhor Rajão, ou melhor, o Comando da PMDF, o Comando do CBMDF e o Juízo da Vara de Execuções Penais, que já estão cientes do ocorrido, são corresponsáveis pela vida deste Senhor. Por tudo, o Coronel Rajão deve sair imediatamente daquele local, para a preservação de sua integridade física e vida. Não aceitaremos nenhuma operação abafa".


PROVIDÊNCIAS

Segundo informações do Corpo Jurídico solicitarão inúmeras providências:

1. O imediato afastamento do Subtenente do 19º Batalhão de Polícia Militar.

2. A realização de exame de corpo delito, de exame toxicológico e de uma inspeção de saúde no Coronel Rajão.

3. A prisão domiciliar humanitária para a preservação da integridade física do Coronel.

4. A instauração de uma sindicância e ou inquérito policial militar para a apuração da violência sofrida pelo Coronel.

5. Reiterar pedidos de providências na Vara de Execuções Penais, na Corregedoria do TJDFT, no Tribunal de Justiça, no Ministério da Justiça, na OAB, no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, no Governo de Distrito Federal, na Câmara Legislativa do DF, na Secretaria de Segurança Pública, no Comando da PMDF e do CBMDF.


RESPONSABILIDADE

"Estamos formulando uma representação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em que apresentaremos este Erro Judiciário, as condições da prisão do Coronel Rajão nestes 5 meses  - pois além de idoso, encontra-se com fortes dores em seus joelhos em função da cirurgia em que colocou próteses em ambas as pernas, e em razão disso, é mantido preso sob efeitos de drogas, proibido de ir ao hospital. É algo surreal, é uma prisão desumana e cruel, esta prisão é inconstitucional. E agora, com este covarde episódio da violência sofrida, certamente que o 'Caso Rajão' deverá ser apurado devidamente" concluiu Doutor André.


ENTENDA O CASO


CONDENAÇÃO

O Coronel Rajão por ter construído o Colégio Militar Dom Pedro II e ter realizado a Festa do Natal dos Bombeiros foi condenado por Peculato em Benéfico de outrem (art. 303, § 2º do CPM). 

Segundo o Doutor André a condenação do Coronel Rajão é uma grande mácula para o TJDFT - "o Caso Rajão entrará para os anais dos 'erros judiciários' da Justiça Brasileira. É vergonhosa a sentença de piso. Basta analisar o processo com as apurações inquisitoriais em que observamos que o Coronel Rajão não cometeu peculato. A tipificação é equivocada. Peculato alheio pois não tinha nada que incriminasse o Rajão. Os juízes militares erraram. A sentença vai de encontro as provas dos autos. A Juíza-auditora não buscou a verdade real. A Juíza exprime dúvida na sentença e não utilizou do princípio 'in dubio pro reo'. Há gritantes falhas processuais. A sentença diz que a prova chave do desvio é um cheque, que por sua vez, é uma inequívoca prova falsa e que não havia ligação nenhuma com o Coronel. O cheque surge em fase de sindicância, quando havia quase um ano da saída do Coronel Rajão do Comando dos Bombeiros - colocaram o Coronel na cena do pseudo-crime que nunca existiu. O titular do cheque, em fase de inquérito, disse que não conheceu o Coronel Rajão e nunca esteve com ele. O dono do cheque nem sequer foi ouvido no processo. E e ainda houve bis in idem - um grosseiro erro na dosimetria da pena. Esta condenação é atípica e estamos investigando paralelamente todos esses fatos. Acho que será uma grande mácula ao Tribunal de Justiça não rever esta escandalosa sentença".

Doutor André afirma: "digo com plena convicção que o Coronel Rajão não deveria estar preso. É uma prisão atípica e deve ser corrigida pelo Tribunal".


PRISÃO

"O Coronel Rajão foi preso no dia 25 de janeiro por uma operação cinematográfica da Polícia Militar. O Coronel Rajão estava vindo de um culto da Igreja Universal, quando na entrada da cidade do Paranoá, um helicóptero da PMDF, com policiais armados com metralhadoras, sobrevoaram à frente do veículo em movimento. Determinaram que o veículo fosse conduzido ao acostamento. Disseram que o carro era clonado. Depois saíram identificando cada integrante do veículo. Foi uma operação para prender traficante. Vamos pedir uma apuração oficial desta desproporcional ação" disse o Doutor André. 



INVESTIGAÇÃO PARALELA

"Estamos fazendo uma investigação paralela. Alguns Militares que efetuaram a prisão cinematográfica do Coronel estiveram com um deputado dias antes. Em breve daremos maiores informações a esse respeito. E outra, este caso da prisão do Coronel Rajão é uma represália. É uma prisão política. O Coronel é o criador do Colégio Militar Dom Pedro. Este 'Caso Rajão' poderá resultar numa nova operação faroeste, pois tem relação com o Colégio Militar Dom Pedro II que é uma fonte de grande arrecadação. O Rajão quando criou o colégio a mensalidade era num valor de ajuda de custo, aproximadamente R$ 30,00 por mês. Hoje a mensalidade está acima de mil reais. Um colégio público com uma mensalidade de um hiper colégio particular? Hoje o colégio conta com mais de 3000 alunos, logo, arrecada mais de 3 milhões de reais por mês. Este caso terá uma grande reviravolta" garante o Doutor André.




sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

A PRISÃO DO CORONEL RAJÃO - UMA TRAMA DE QUASE 40 ANOS - PARTE 009

 (CONTINUAÇÃO) 

"Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz" LUCAS 8:17.

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O PERÍODO PÓS-CORRUPÇÃO DE 1985

Já no posto de Tenente Coronel, o Rajão era designado para funções não muito importantes ou para aquelas funções que não teria que ser gestor de recursos, pois sabiam que Ele iria dar uma dinâmica contrária ao interesse do grupo.

Esta foi a forma encontrada de preterir Àquele que denunciou a Corrupção de 1985.

O Tenente Coronel Rajão por sua vez não ligava. Para aonde ele fosse designado - para uma Sessão (apenas uma pequena sala) ou para o Comando de Quartéis (que era para ser gestor de problemas)- o Rajão sempre agregava algo deixando a sua 'marca' aonde passava.

Na verdade, após este período, o Rajão ou ficava 'escondido' em alguma Sessão (uma pequena repartição do CBMDF) ou assumia comando de quartéis problemáticos.

Nesta dinâmica - de ficar 'rodando' entre os quartéis tidos como 'problemas'- que o Rajão ficou conhecido pela maior parte dos integrantes da Corporação que são os Praças (Soldados, Cabos, Sargentos e Subtenentes). 

E foi aí que o 'tiro saiu pela culatra' anos depois....

(continua no próximo post - TODA SEXTA-FEIRA SERÃO PUBLICADOS NOVOS POSTS)

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CASO NÃO TENHA LIDO O INÍCIO, CLIQUE ABAIXO

PARTE 001 - https://jornalgalodebriga.blogspot.com/2021/01/a-prisao-do-coronel-rajao-uma-trama-de.html

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"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". JOÃO 8:32


 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A PRISÃO DO CORONEL RAJÃO - UMA TRAMA DE QUASE 40 ANOS - PARTE 008

 (CONTINUAÇÃO) 

"Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz" LUCAS 8:17.

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O PROCESSO DA CORRUPÇÃO DE 1985


Na época não existia a Auditoria Militar do Distrito Federal e o processo foi desenvolvido pelo Superior Tribunal Militar.

Os indiciados contrataram um dos advogados mais 'badalados' da época - o escritório do Doutor Safe Carneiro.

Pesquisa feita com alguns Militares que participaram direta ou indiretamente das denuncias relataram que um grupo de indiciados se valeu de recursos de uma caixa beneficente para custear os honorários e 'demais despesas do processo'. Alguns relataram que o valor foi bem alto.(Entretanto, como são informações oficiosas, me limitarei a transmitir a informação apenas com fins jornalístico).

Como já citado anteriormente, muitos militares foram perseguidos. Alguns foram coagidos a pedirem transferência para a reserva. Outros pediram baixa (saída voluntária) da corporação. E ainda houveram processos de expulsão (saída forçada)de Bombeiros Militares. 

Um militar que denunciou, além de ter sido preso disciplinarmente, sofreu diversas ameaças de morte, uma tentativa frustrada de emboscada e teve o infortúnio de ter perdido o seu filho no calor de todo este 'furacão'.

Era um clima de grande tensão institucional. Houve mudanças nos comandos da corporação. Uma grande dança de cadeiras.

Havia medo na Instituição.

De fato, muitas famílias foram penalizadas - foram os efeitos colaterais da corrupção.

Abro um parêntese: como a Administração Pública pode rever os seus atos a qualquer tempo, acho que a Corporação CBMDF poderia rever estas injustiças contra estes militares ou ex-militares. Certamente consertariam um grande erro ocorrido na história da nossa corporação.

 

NEM SEMPRE O BEM VENCE O MAL

No processo no STM, nem todos os denunciantes foram ouvidos. Os que foram ouvidos, 'de forma seletiva', estavam sob um clima de tensão muito grande.

O Major Rajão conta que havia um oficial de sua turma que pegava propina e utilizava o nome do meu Pai - pois o Rajão foi o primeiro comandante da Academia de Bombeiros e as despesas com o rancho eram elevadas, pois havia o aquartelamento dos cadetes que ficavam alojados num sistema de semi-internato. Quando ele foi testemunhar contra a Corrupção no STM um empresário o procurou na Academia para intimidá-lo e disse: 'que história é essa, Você está na minha folha de pagamentos'. O meu Pai inicialmente pediu que ele mostrasse o documento. Após ter pego o documento, meu Pai deu alguns minutos para o empresário sair correndo do quartel, pois do contrário, ele daria voz de prisão ao empresário 'corruptor'.

Lá no STM o Rajão apontou a todos que estavam envolvidos com a corrupção. O advogado de defesa dos acusados, diversas vezes bradava: 'prende esse major'.

Resumindo: mesmo diante de todos os fatos e de provas os denunciados foram absolvidos.

Certamente, os maiores penalizados foram aqueles que se posicionaram contra a corrupção de 1985. Uma HISTÓRIA que nunca será esquecida.



(continua no próximo post - TODA SEXTA-FEIRA SERÃO PUBLICADOS NOVOS POSTS)

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"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". JOÃO 8:32



 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A PRISÃO DO CORONEL RAJÃO - UMA TRAMA DE QUASE 40 ANOS - PARTE 007

(CONTINUAÇÃO) 

"Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz" LUCAS 8:17.

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PROMOÇÃO DO RAJÃO PARA TENENTE CORONEL 

Como falamos no Post 006 houve a intenção de punir o então Major Rajão por ter denunciado a Corrupção de 1985.

Rajão que figurava no quadro de acesso para ser promovido a Tenente Coronel foi surpreendido com a manobra de ver um oficial mais moderno ser colocado a sua frente. Esta manobra deixaria o meu Pai fora das promoções naquela ocasião. Sabíamos que era uma retaliação por ele ter se posicionado contra aquele estado de coisas que reinavam à época.

O Rajão entrou com um Mandado de Segurança contra o Governador José Aparecido, e em função disso, com o pretexto de 'preservar a autoridade' prendeu administrativamente meu Pai por cinco dias.

O então Major Rajão ficou preso no Quartel Central na sessão em que chefiava por cinco dias. E estava já se conformado em ser 'furado' (jargão militar em que é utilizado quando um militar mais moderno é promovido à frente de um mais antigo).

Para aquelas pessoas que nunca foram militares a promoção para um militar significa não apenas uma ascensão funcional, representa um reconhecimento por seus serviços - é um dia solene, um dia de grande festa.

(foto ilustrativa)

O Major mais moderno posto à frente do então Major Rajão era um oficial da mesma turma de meu Pai - a primeira turma de oficiais do CBDF. Este Major era àquele que dizia que 'daria um tiro no olho' do meu Pai e que  colocaria o seu nome na 'boca do sapo'. Por diversas vezes este Major zombava do meu Pai por ser evangélico, dizendo em tom de deboche: 'a paz do senhor irmão' ou 'pastorzinho' ou 'crentizinho'.

Bem, este Major, com aproximadamente 39 anos de idade, decidiu ir ao Rio de Janeiro pular carnaval. Na folia, o Major teve um mal súbito e morreu em decorrência de um ataque do coração fulminante.

Com a morte do Major a vaga da promoção ficou em aberta e deveria ser destinada ao próximo da fila. E o próximo da fila era o então Major Rajão.

O plano de punir o Rajão no quesito da preterição da promoção foi frustrado e o Rajão foi forçosamente promovido.


(continua no próximo post - TODA SEXTA-FEIRA SERÃO PUBLICADOS NOVOS POSTS)

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"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". JOÃO 8:32

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

A PRISÃO DO CORONEL RAJÃO - UMA TRAMA DE QUASE 40 ANOS - PARTE 006

 (CONTINUAÇÃO) 

"Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz" LUCAS 8:17.

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A PRIMEIRA PRISÃO DO RAJÃO


A primeira prisão do então Major Rajão foi administrativa, sob o pretexto do Governador preservar sua autoridade.

Era o ano de 1985, transição do regime militar para o governo civil.

Havia uma penumbra de autoritarismo até nos governos civis. 

O Rajão por ter sido testemunha contra a Corrupção de 1985 no então CBDF começou a ser preterido no exercício de determinadas funções dentro da corporação, bem como, até mesmo em sua ascensão funcional.

Quando chegou a época em que ocorreriam as promoções para os Oficiais, o então Major Rajão que estava no quadro de acesso, teve a surpresa de que fora colocado um oficial mais moderno a sua frente, e este seria promovido a Tenente Coronel em seu lugar.

Rajão sabia que esta ação era uma resposta em função de ter sido denunciante da Corrupção de 1985. E por ter sido preterido ao direito de ser promovido em vaga específica à sua promoção, interpôs um Mandado de Segurança contra o Governador do Distrito Federal.

Hoje é algo comum impetrar um Mandado de Segurança, entretanto, o Governador à época interpretou que o Major Rajão estaria afrontando a sua autoridade de governador. E em razão deste fato, o meu Pai foi punido disciplinarmente com uma prisão administrativa de 5 dias.

Entretanto, sabíamos que o argumento da prisão era apenas um pretexto para intimidar ainda mais o Oficial que delatou a Corrupção de 1985.

O Mandado de Segurança não surtiu efeito, o oficial mais moderno continuou à frente do meu Pai, e tudo indicava que ele não seria promovido em função desta preterição.

Mas algo inesperado ocorreu, em que o plano de punir meu Pai por sua 'não promoção' foi frustrado. 

(continua no próximo post - TODA SEGUNDA-FEIRA E SEXTA-FEIRA SERÃO PUBLICADOS NOVOS POSTS)




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"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". JOÃO 8:32

 



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

A PRISÃO DO CORONEL RAJÃO - UMA TRAMA DE QUASE 40 ANOS - PARTE 005

(CONTINUAÇÃO) 

"Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz" LUCAS 8:17.

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O ASSASSINATO DO GOGÓ DAS SETE

“Aqui só se fala a verdade. Somente a verdade. Doa a quem doer.” Esse era o bordão do repórter policial Mário Eugênio Rafael de Oliveira. O Gogó das Sete - era assim que era conhecido o Mário Eugênio, pois ele tinha um programa de rádio todas as manhãs na antiga Rádio Planalto.

Eu, mesmo sendo criança, era fã do Gogó das Sete. Não tinha nem como não ser. De 1982 à 1983 eu estudava numa escola distante de minha casa. E meu Pai pagava a Kombi do Tio João para me levar à escola e trazer para casa todos os dias de aula. E toda manhã o Tio João e Eu, ouvíamos o programa Gogó das Sete - era uma audiência quase religiosa. O Gogó das Sete era um programa policial e tinha 'só bagaceira' - notícias policiais pesadas. Talvez não fosse um programa recomendado para a minha faixa etária, mas o Tio João não estava nem aí para isso e eu muito menos - na verdade eu gostava mais de ouvir o programa do que estar indo para a escola.

Mario Eugênio era ousado e destemido, ele teve sua carreira interrompida às 23h55 do dia 11 de novembro de 1984, quando encerrava mais um dia de trabalho. Conhecido como Marão, o jovem mineiro de 31 anos, nascido em Matozinhos, foi assassinado depois de ter gravado o programa Gogó das Sete, que ia ao ar diariamente, às 7h, na Rádio Planalto. Ao sair do prédio da emissora, no Setor de Rádio e TV Sul, seguiu para o estacionamento, onde foi executado com tiros na cabeça. A foto do corpo estendido, ao lado do carro, foi publicada pelos jornais da cidade.


TRECHO DA REPORTAGEM DO CORREIO BRAZILIENSE

Mataram Mário Eugênio

Uma facada e três tiros de escopeta, pelas costas, calaram o repórter do CORREIO e da RÁDIO PLANALTO

(Esta matéria foi publicada originalmente na edição de 12 de novembro de 1984 do Correio.)


O repórter Mario Eugênio Rafael de Oliveira foi assassinado pouco antes da meia-noite de ontem com uma facada e três tiros de escopeta calibre 1, na cabeça, em frente ao prédio da Rádio Planalto, por matadores profissionais que teriam fugido num Fusca branco. De 31 anos de idade, Mario Eugênio vinha denunciando, ultimamente, arbitrariedades policiais e crimes do ;Esquadrão da Morte;, tendo recebido várias ameaças de morte.

Mário Eugênio, o famoso Gogó das Sete da Rádio Planalto, era Editor de Polícia do CORREIO BRAZILIENSE e notabilizou-se por apurar casos difíceis. Ele trabalhou ontem à tarde na reportagem do CORREIO e à noite participou da edição da página policial do jornal, de onde saiu às 11 horas. Mário Eugênio seguiu então para a Rádio, onde gravou o seu programa, que foi ao ar na manhã de hoje. Pouco antes da meia-noite. Mário desceu do quinto andar da rádio ao térreo onde se encontrava o seu monza branco BB-7777 e foi fulminado por trás pelo desconhecido, recebendo inicialmente uma facada profunda na nuca e em seguida, três tiros de grosso calibre na cabeça.


A única testemunha do acontecimento é o operador de rádio, Francisco Resente, que gravou o programa com o próprio Mário Eugênio. Chiquinho, como é conhecido, saiu do prédio momentos antes do acontecimento e ainda escutou os tiros (segundo conta, foram três). De longa distância, já próximo ao prédio da TV Brasília, o operador pôde ver um homem com chapéu escuro, vestindo um casaco também escuro, correndo com ;uma arma comprida; na mão. Chiquinho contou que perdeu o assassino de vista por alguns segundos e, pouco depois, avistou um Fusca branco afastando-se rapidamente do Setor de Rádio e Televisão em direção ao Venâncio 2.000.

O corpo de Mário Eugênio ficou estendido no chão, ao lado de seu carro, e pouco depois cerca de dez carros de polícia já estavam no local, alertados pela Rádio Planalto. Os primeiros trabalhos da polícia, feitos na madrugada de hoje, indicavam que que o crime foi praticado ;por profissional; ou ;profissionais;.

Dezenas de policiais amigos de Mário Eugênio compareceram ao local e comentaram que o assassino deve ter estudado detalhadamente os hábitos do repórter. O presidente da Associação dos Agentes de Polícia, o conhecido policial Kojak, era um dos maiores amigos do repórter e contou, em frente à Rádio, que constantemente vinha prevenindo-o para se proteger. A preocupação maior dos amigos de Mário era que ele andava desarmado desde junho passado, quando o secretário de Segurança Pública, coronel Lauro Rieth, mandou apreender a sua arma de calibre 38, alegando que o revólver era de calibre privativo das Forças Armadas. Apesar de Mário Eugênio estar protegido por porte de arma concedido pela própria Polícia Federal, seu revólver nunca foi devolvido. Constantes protelações burocráticas acabaram encaminhando a arma para o âmbito da 11; Região Militar. Nas últimas semanas, Mário Eugênio vinha adotando providências judiciais para reaver seu revólver, inutilmente.

(segue a matéria - fonte Correio Braziliense)


O sepultamento de Mário Eugênio gerou uma comoção na Capital Federal.


AMEAÇAS DE MORTE AO ENTÃO MAJOR RAJÃO

Digo com todas as letras que o meu Pai não foi assassinado em função da nossa Fé em Deus e em decorrência dos desdobramentos do assassinato de Mário Eugênio.

A morte de Mário Eugênio e a sua apuração eram noticiadas quase que diariamente, uma espécie de novela.

Depois foi descoberto que houve a participação de militares de diversas forças, policiais e até o possível envolvimento do então Secretário de Segurança Pública.

Por mais que quisessem calar o meu Pai, eles sabiam que a repercussão seria muito pior - e por isso, partiram para a intimidação.

Meu Pai por diversas vezes recebia ameaças. Colegas e amigos o orientavam a estar vigilante em sua rotina diária.

A pressão sob o meu Pai era grande. Os recados vieram de várias formas. Desde o arrombamento de nossa casa até o monitoramento e a intimidação quando íamos e voltávamos da escola.

Mas a estratégia não era apenas ameaças veladas. O jogo foi pesado e foi explícito - sob a penumbra da legalidade e do 'Regulamento'. Foi quando prenderam o então Major Rajão à primeira vez. 


(continua no próximo post - TODA SEGUNDA-FEIRA E SEXTA-FEIRA SERÃO PUBLICADOS NOVOS POSTS)

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"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". JOÃO 8:32

 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A PRISÃO DO CORONEL RAJÃO - UMA TRAMA DE QUASE 40 ANOS - PARTE 004

(CONTINUAÇÃO) 


"Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz" LUCAS 8:17.
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OS PROBLEMAS DA CORRUPÇÃO DE 1985 BATERAM EM NOSSA PORTA

Em 1985 eu tinha apenas 9 anos de idade. Era uma criança que sabia que algo anormal estava acontecendo com o seu Pai, mas não tinha a total dimensão dos fatos.

Meu Pai nunca trazia os problemas do trabalho para o seio da família. Ele sabia processar a pressão que sofria no trabalho, sem deixar transparecer em casa.

Entretanto, por mais que ele se esforçasse, os problemas da Corrupção de 1985 bateram em nossa porta, arrombando-a literalmente.

Era comum ver jornalistas ligando ou indo para a nossa casa para poder entrevistar o meu Pai. Me lembro do jovem Jornalista Eraldo Pereira da Rede Globo na sala de nossa casa para entrevistar o Rajão. Dias depois a matéria teve repercussão em todo o Brasil no Jornal Nacional.

Nós vivíamos num clima de tensão.

Em função das denúncias de corrupção, meu Pai foi ameaçado de morte várias vezes.

Havia um Major da turma de meu Pai que toda hora dizia em tom de sarcasmo: "Rajão, vou colocar o seu nome na boca do sapo" ou "Rajão vou lhe dar um tiro no seu olho". Meu Pai respondia: "o sapo vai ter caganeira" ou "eu tenho dois olhos, se atirar em um, usarei o outro".

Nós somos evangélicos e a Igreja que fazíamos parte, estava em constante vigília de oração pela vida de meu Pai. Numa certa vez, numa dessas reuniões de oração, uma pessoa teve uma visão de um Anjo com uma espada de fogo desembainhada demonstrando proteção e segurança a nossa família.

Digo com todas as letras que o meu Pai não foi assassinado em função da nossa Fé em Deus e em função de uma outra circunstancia que relatarei no próximo post.

Num certo dia, meu Pai nos pegou para irmos à Igreja entre o horário das 19 às 21 horas. Era um dia de semana. Ao voltarmos, encontramos a porta de nossa casa arrombada. Assaltantes entraram e levaram quase tudo que tínhamos. A casa estava toda revirada, com vários objetos quebrados no chão, mancha de sangue por todos os lados. Uma testemunha disse que viu uma Kombi 'VERMELHA' na porta de casa, e por isso, achava que era algum carro funcional do Bombeiro.

Ocorreu uma outra situação intimidadora. Em função do clima de tensão, minha Mãe ia sempre nos levar e buscar na escola. Um certo dia vi uma viatura vermelha e disse para minha Mãe: 'Mãe será que é o Papai?'. Minha Mãe me pegou firme pelo braço e saiu correndo comigo pelas ruas até chegar em casa. E o carro vermelho continuou nos seguindo até próximo de nossa casa.

Hoje entendo que todos esses fatos ocorreram para servir de 'recados' com fins de intimidar o meu Pai.


(continua no próximo post - TODA SEGUNDA-FEIRA E SEXTA-FEIRA SERÃO PUBLICADOS NOVOS POSTS)

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