quarta-feira, 30 de abril de 2014

No caso de Pasadena, faltou ensaiar os detalhes


Graça Foster fala em audiência na Câmara - 4 vídeos

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Noutros tempos, as crises eram provocadas por opositores. Hoje, Dilma Rousseff é quem faz a crise que mata sua fama de boa gerente. Há um quê de burlesco no enredo da refinaria de Pasadena. Nele, a presidente da República faz o papel de suicida didática. Sem traquejo nas artes do ocultamento, Dilma ensaiou mal os detalhes. Ao improvisar, o elenco de apoio foge do script, desnudando a versão oficial a cada reencenação.
De volta à Câmara, Graça Foster manteve praticamente inalterado o miolo da peça. Disse que o negócio era promissor em 2006. Mas a crise de 2008 fez desandar a receita do pudim. Afirmou que, desde 1999, a Petrobras voltara os olhos para o estrangeiro. Mas a descoberta do pré-sal reativou os investimentos domésticos. Declarou que ilma tem motivos para chiar. O relatório do ex-diretor Nestor Cerveró realmente omitia um par de cláusulas. Blá, blá, blá…
É nítido o esforço da presidente da Petrobras para dar lógica à versão de Dilma. Mas as pistas são tão primárias que é impossível percorrer o labirinto de erros sem tropeções. Por exemplo: em 2008, quando o diretor Internacional Nestor virou um Cerveró qualquer, decidiu-se que ele deveria ser transferido para a diretoria Financeira da subsidiária BR Distribuidora. Por que tanta complacência?, perguntaram alguns deputados. Por que só agora, depois de seis anos, Cerveró foi mandado ao olho da rua?, indagaram outros.
“Eu não era do Conselho de Administração, não posso responder”, tentou esquivar-se Graça Foster. Lero vai, lero vem, a questão ressurge: E o Cerveró? A depoente permitiu-se soar um pouco mais específica: “Quem demite e quem aprova diretores da Petrobras e da BR Distribuidora é o Conselho de Administração. Tem o presidente do Conselho. Cabe a esse presidente do conselho justificar a aprovação ou não desse diretor.” Bingo! Quem presidia o conselho? Dilma Rousseff.
Hoje, Dilma diz ter ficado uma arara ao descobrir, naqueles idos de 2008, que o relatório de Cerveró, documento “técnica e juridicamente falho”, a induzira a referendar um mau negócio. O líder do PSDB, Antonio Imbassahy, sacudiu diante das câmeras da TV Câmara o “relatório executivo” de Cerveró. Duas míseras folhas. Que levaram a estatal a enterrar no Texas, por ora, US$ 1,9 bilhão. É assim que trabalha o Conselho da Petrobras?, bicou o deputado tucano.
Vice-líder do DEM, o deputado Rodrigo Maia leu em voz alta a ata da reunião em que, sob a presidência de Dilma, o Conselho Administrativo da Petrobras transferiu Cerveró de uma poltrona para outra. O texto anota os agradecimentos do colegiado “pelos relevantes serviços prestados à companhia”. Registra a “competência e o alto grau de profissionalismo” do personagem que Dilma agora desqualifica. Graça silenciou. Natural. Ainda não se descobriu uma maneira de desfritar um ovo.
Ficou boiando na atmosfera uma frase do antecessor de Graça Foster, o petista José Sérgio Gabrielli, outro coadjuvante mal ensaiado. “Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho. Nós somos responsáveis pelas nossas decisões”. É.., faz sentido.
Foi em 2008, ainda sob o comando de Gabrielli, que a Petrobras teve de comprar os 50% de Pasadena que ainda estavam nas mãos da belga Astra Oil. Coisa prevista na agora célebre cláusula 'put option', uma das mumunhas que Cerveró omitira em seu relatório. Ainda presidido por Dilma, o Conselho de Administração da estatal recusou-se a referendar a transação, comprando uma briga judicial que serviria apenas para encarecer o mico.
Nessa época, Graça Foster já integrava o Conselho da Petrobras. Como votou?, indagou Rodrigo Maia. “Votei a favor da aprovação dos outros 50%, porque isso era um fato consumado…”, contou Graça. Quer dizer: a doutora Graça, servidora exemplar, guindada por Dilma à presidência da estatal mercê da sua competência técnica, foi voto vencido em 2008. Se ela tivesse prevalecido sobre a maioria que Dilma liderou, a estatal não teria salgado o prejuízo numa refrega judicial inócua.
De resto, ao dizer que Pasadena era um bom negócio em 2006, dona Graça deixa madame Dilma sem chão. A Petrobras começou a virar uma crise política porque a presidente da República informou, em nota oficial, que jamais aprovaria a compra da refinaria se Cerveró tivesse esmiuçado todas as cláusulas para os membros do Conselho Administrativo. A pantomima não fecha: ou a refinaria era um mico desde 2006 ou Graça Foster faz de Dilma uma gestora dissimulada, incapaz de assumir as responsabilidades que Gabrielli pede que ela assuma.
Há uma beleza revolucionária no papel que Dilma escolheu desempenhar no enredo de Pasadena. Meticulosa, a presidente demarca com tanto cuidado seus erros que acaba permitindo que sejam descobertos por qualquer imbecil.
Antes de redigir a nota que arrastou Pasadena para dentro do Planalto, Dilma pedira subsídios à Petrobras. A estatal enviou-lhe uma sugestão de nota. É verdade que a presidente rasgou o documento?, perguntou o tucano Imbassahy. E Graça: “Nós passamos diversas notas para muita gente. Nosso dever é colaborar. O destino dessas notas, o usuário é que sabe.”
Ficou subentendido que Dilma fez picadinho da sugestão de nota da Petrobras. Tamanho era o desejo da presidente de ser flagrada, que ela deixou as mais espantosas pistas. É como se Dilma a estivesse mesmo decidida a desvendar todos os erros, cometendo-os.

fonte: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2014/04/30/no-caso-de-pasadena-faltou-ensaiar-os-detalhes/

Renan Calheiros autoriza duas CPIs para investigar a Petrobras

Uma CPI é exclusiva do Senado; a outra, envolve também a Câmara. 

Caberá aos líderes de partidos decidir quais serão instaladas.


O presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou nesta quarta-feira (30) que pedirá aos líderes partidários indicações de nomes de senadores e deputados para compor a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. Nesta terça (29), Renan já havia pedido que fossem indicados os nomes para a CPI exclusiva do Senado.
Na última semana a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, havia concedido liminar(decisão provisória) em que determinava a instalação de CPI exclusiva para investigar a Petrobras.
Apesar de Renan Calheiros ter pedido a indicação de nomes para as duas CPIs, a comissão só será de fato instalada quando ocorrer a primeira sessão do colegiado. De acordo com Calheiros, caberá aos líderes partidários decidir se as duas comissões serão instaladas ou apenas uma delas.
“Não cabe ao presidente decidir. Os líderes é que precisam decidir isso. Meu compromisso foi o de acatar a liminar [da ministra Rosa Weber], cumpri-la e pedir aos líderes a indicação para que haja consequente investigação”
Renan já havia marcado para o dia 6 de maio a indicação dos nomes para a CPI exclusiva do Senado. Na noite desta terça, após reunião com deputados e senadores da oposição, ele decidiu que vai pedir as indicações para a CPI mista no mesmo dia.
Disputa
Parlamentares do governo e da oposição divergem sobre qual CPI deve ser instalada. Senadores aliados ao governo entendem que uma CPI apenas no Senado poderá trazer menos desgaste ao Planalto, por isso vão tentar protelar o trabalho do colegiado misto. Já a oposição, quer privilegiar a CPI que envolva Câmara e Senado.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o partido não vai apresentar indicação de integrantes pelo bloco de apoio ao governo (PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL).
“Hoje a posição que temos é essa. Quem quer CPI mista não quer apurar nada, quer palco eleitoral”, disse.
Costa disse que só vai aceitar tratar de CPI mista na próxima sessão do Congresso Nacional, marcada para 20 de maio. Nessa ocasião, o PT pretende apresentar requerimento de criação de outra CPMI, destinada a investigar denúncias de corrupção nos governos de São Paulo e de Pernambuco, estados comandados por adversários da presidente Dilma Rousseff.
No entanto, segundo Renan Calheiros, caso o bloco liderado por Costa não indique nomes para a CPI, o presidente do Senado pode tomar a iniciativa.
“Quando os líderes não indicam, o regimento diz que cabe ao presidente fazer as indicações e eu vou fazer isso”, avisou Calheiros.
“Ainda temos uma semana de negociação até lá”, respondeu Costa quando questionado por jornalistas sobre a declaração de Renan.
Já o líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP), disse que a CPI mista é “inexorável”. “Já até retirei as indicações para a CPI do Senado e agora vamos pensar nos nomes para a CPI mista”, afirmou.
Calheiros disse que na reunião da próxima terça-feira, os líderes precisam chegar a um entendimento. “Os líderes precisam se entender no sentido de que tenhamos uma concertação para saber em qual fórum, ou se em mais de um fórum, vai haver investigação”, declarou.

fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/04/renan-calheiros-autoriza-duas-cpis-para-investigar-petrobras.htm
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Madrasta confessa participação na morte do menino Bernardo

Em depoimento à Polícia Civil, Graciele Ugulini Boldrini admite ter dado medicamento ao enteado. Ela alega que a morte do garoto foi um acidente

Felipe Frazão
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Menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, encontrado morto no interior do RS
Corpo do menino Bernardo foi encontrado num saco plástico enterrado próximo a um riacho na cidade de Frederico Westphalen (RS) - Reprodução Facebook


















A enfermeira Graciele Ugulini Boldrini, madrasta do menino Bernardo Boldrini, admitiu nesta quarta-feira em depoimento à Polícia Civil participação na morte do enteado, no interior do Rio Grande do Sul. Graciele confessou aos investigadores que deu medicamentos ao garoto de 11 anos, mas alegou que ele que morreu “acidentalmente”.
As informações foram confirmadas ao site de VEJA pela polícia. A íntegra do depoimento não foi divulgada. Graciele depôs pela manhã na Penitenciária Modulada de Ijuí (RS), para onde foi transferida do presídio de Três Passos (RS). Ela está presa temporariamente.
O advogado de Graciele, Vanderlei Pompeo de Mattos, disse ao sair do presídio que ela negou o envolvimento do pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, na morte do filho. A defesa de Leandro Boldrini diz que ele é inocente. O médico cumpre prisão temporária na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC), na Região Metropolitana de Porto Alegre.
"Ela isentou o esposo. Explicou para mim, depois, que ele não tem nada a ver com a situação", afirmou o defensor, segundo o jornal Zero Hora. "Ela foi fazer negócios em Frederico [Westphalen, cidade onde o cadáver foi localizado], não tinha o propósito macabro, vamos dizer assim."
Um laudo preliminar entregue pelo Instituto Geral de Perícias do Estado à polícia atestou a presença do medicamento Midazolam no organismo do menino. O teste com reagentes químicos foi realizado em tecidos colhidos do cadáver de Bernardo. O resultado foi positivo para o sedativo. O Midazolam é um indutor do sono usado por anestesistas – mas pode levar a quadros de depressão cardiorrespiratória, apneia e coma, em caso de superdosagem. Nenhum dos laudos periciais indicou, até o momento, a causa da morte.
Sumiço – O menino Bernardo morreu de forma "violenta" no dia 4 de abril, de acordo com a certidão de óbito. O cadáver foi encontrado no dia 14 de abril enterrado em uma cova improvisada em um terreno de Frederico Westphalen, cidade vizinha a Três Passos (RS) – onde a família morava. A Polícia Civil começou a procurar por Bernardo após o pai dar queixa sobre o desaparecimento do filho, dois dias depois de ele supostamente ter ido dormir na casa de um amigo. Os investigadores só encontraram o corpo do menino após o interrogarem a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta.
Edelvânia indicou a localização do corpo e confessou ter participado do crime. A assistente social relatou à Polícia Civil que a madrasta queria fazer o menino dormir e, por isso, tentou dopar Bernardo em Três Passos, antes de levá-lo de carro a Frederico Westphalen. Na estrada entre as cidades, a madrasta foi multada – momento em que um policial avistou o garoto acordado. Edelvânia também disse que Graciele repetiu a dose ao chegar ao município vizinho e depois aplicou uma injeção letal em Bernardo. O advogado de Edelvânia afirma que ela não presenciou a execução e apenas auxiliou Graciele a ocultar o corpo. Edelvânia também está presa temporariamente e foi transferida nesta quarta para a Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.
A delegada responsável pelo inquérito policial, Caroline Bamberg Machado, afirma que o pai, a madrasta e a amiga dela participaram do crime. Os três devem ser indiciados até a semana que vem por homicídio triplamente qualificado.

fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/madrasta-confessa-participacao-na-morte-do-menino-bernardo

Joaquim Barbosa determina volta do ex-deputado José Genoino para a Papuda

Genoino deverá ser levado no prazo de 24 horas para a Papuda, onde chegou a ficar detido por menos de uma semana

Ex-deputado José Genoíno, condenado e preso no processo do mensalão, é visto na casa alugada onde cumpre prisão domiciliar provisória para tratamento médico, em janeiro deste ano (Pedro Ladeira/Folhapress)
Ex-deputado José Genoíno, condenado e preso no processo do mensalão, é visto na casa alugada onde cumpre prisão domiciliar provisória para tratamento médico, em janeiro deste ano

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, determinou nesta quarta-feira (30/4) que o ex-deputado José Genoino (PT-SP) seja transferido imediatamente de casa para o Complexo Penitenciário da Papuda. Condenado no julgamento do mensalão, ele cumpre prisão domiciliar desde novembro, por autorização do próprio ministro do STF. Agora, deverá ser levado no prazo de 24 horas para a Papuda, onde chegou a ficar detido por menos de uma semana.


“Determino o imediato retorno do apenado ao sistema prisional do Distrito Federal, onde deverá cumpria sua pena”, destaca a decisão de Barbosa.

Em novembro, Genoino foi beneficiado com a possibilidade de ficar preso em casa, depois de ter passado mal na Papuda. Cardiopata, ele passou por uma cirurgia cardíaca em julho do ano passado. No entanto, Barbosa determinou no mês passado a realização de uma nova perícia médica para avaliar o estado de saúde do petista.

Na última segunda-feira, o laudo da perícia realizada por quatro médicos da Universidade de Brasília (UnB) apontou que o quadro clínico de Genoino está "plenamente estabilizado" e não é grave. Com base nisso, Joaquim Barbosa determinou que ele seja transferido para a cadeia. Ele cumprirá pena de 4 anos e 8 meses em regime semiaberto. Depois poderá pedir o direito de trabalhar fora do presídio.


fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2014/04/30/interna_politica,425520/joaquim-barbosa-determina-volta-do-ex-deputado-jose-genoino-para-a-papuda.shtml

Jovem brasileiro desaparecido havia quatro meses na Espanha é encontrado morto


Corpo foi encontrado debaixo de ponte e a polícia confirmou a identidade à família. Resultado da autópsia sairá em 2 semanas


Após quase quatro meses, chegou ao fim a procura pelo brasileiro Victor da Silva Lago, de 19 anos, que mobilizou a cidade de Zaragoza, na Espanha.

Reprodução/Facebook
O brasileiro Víctor da Silva Lago, de 19 anos, desaparecido desde a noite de réveillon em Zaragoza, na Espanha














Na noite de terça-feira (29), a Polícia Nacional encontrou o corpo do rapaz na região de Cogullada, debaixo de uma ponte, segundo registrou a jornal Heraldo. Ele havia desaparecido na virada do ano.
A polícia confirmou a identidade de Victor à família, embora ainda não tenha os resultados do exame de DNA, segundo Taís Silva Lago, prima de Victor, que falou à BBC Brasil por telefone.
A polícia também informou que o corpo estava em avançado estado de decomposição, mas que não apresentava sinais de violência. O resultado da autópsia com as causas da morte está previsto para sair em duas semanas.
Desaparecimento
Victor havia participado de uma festa em Zaragoza. A família não tinha notícias dele desde 1º de janeiro. O desaparecimento do jovem mobilizou a polícia, os bombeiros e até a Interpol. Um drone, um tipo de aeronave não tripulada, chegou a ser utilizado para procurar pistas do rapaz.
Veja fotos de brasileiros que desapareceram pelo mundo
Nascido em Salvador, Victor da Silva Lago, de 19 anos, vivia na Espanha há 11 anos. Foto: Arquivo pessoal
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A família também pediu ajuda pelas redes sociais para encontrar Victor. Poucos dias após o desaparecimento, cerca de 300 pessoas se reuniram às margens do Rio Ebro para procurá-lo. Nos últimos meses, amigos e familiares realizaram manifestações para que o caso não fosse esquecido.
"É impressionante que tenham achado o corpo dele justo no lugar onde procuramos", diz Taís Lago. "Tenho que agradecer a todas as pessoas que nos apoiaram."
Victor nasceu em Salvador e vivia na Espanha desde os 8 anos. Cursava Administração de Empresas na Universidade de Zaragoza.

fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-04-30/jovem-brasileiro-desaparecido-ha-quatro-meses-na-espanha-e-encontrado-morto.html

Hostilizado em debate, Gilberto Carvalho diz que 'é a panela de pressão que explode'

Para ministro, evento sobre a Copa no Rio foi mais difícil que o da semana passada, em São Paulo: 'Aqui as pessoas têm dificuldade de ouvir'

Rio - Ao deixar a sede do Sindicato dos Bancários, na noite dessa segunda-feira, 29, depois de quase quatro horas de debate sobre a Copa do Mundo em que foi xingado, vaiado e ridicularizado por manifestantes contrários à realização do campeonato, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que teve oportunidade de sentir "o pulso de como está uma parte da sociedade", mas ressalvou que se trata de uma minoria da população. "Isso é um pouco a panela de pressão que explode", afirmou.
O ministro disse que o debate no Rio foi mais difícil do que o encontro realizado em São Paulo, quando também foi muito cobrado. "Aqui foi mais difícil porque as pessoas têm dificuldade de ouvir. Lá em São Paulo a gente conseguiu dialogar um pouco mais. Mas faz parte, nós temos que pagar o preço da democracia que é bem isso", afirmou Carvalho na porta do sindicato, de onde saiu escoltado por integrantes do Sindicato dos Estivadores que atuaram como seguranças improvisados durante o debate.
"Estou disposto a voltar, a fazer mais vezes (encontros com os movimentos sociais). Viver democracia é isso. Também tem que levar em conta que essa meninada tem muita dificuldade de ouvir, é natural dessa idade, a gente já viveu esses tempos", disse o ministro, tentando minimizar o incidente e, ao mesmo tempo, apontar o grupo hostil como uma pequena parte entre os manifestantes de várias partes do País. "É assim que se tem o pulso de como está uma parte da sociedade. Mas não vamos nos iludir, achar que isso representa maioria do povo não é real. É uma pequena vanguarda bem pequena hoje no País que tem esse tipo de posição. Não representa nem de longe a posição da maioria das pessoas. Marquei com eles encontro depois da Copa, vocês vão ver como vai ser a festa da Copa, não vai ter espaço para esse tipo de manifestação", disse o ministro.
Gilberto Carvalho reconheceu que há problemas levados a ele, como a resistência a remoções, que terão de ser discutidos pelo governo federal. Durante o debate, o ministro foi interrompido várias vezes, muito vaiado, especialmente em três momentos, quando foi também acusado de insensibilidade diante dos problemas citados pelos representes de movimentos sociais. Em um deles, Carvalho argumentou que os pontos levantados "a rigor não tinham a ver com a Copa". Parte do público também se revoltou quando Carvalho prometeu voltar em agosto "para a gente olhar a Copa que passou".
Já no fim do debate, o ministro foi novamente vaiado quando disse a uma moradora ameaçada de remoção: "Saia um pouco do seu pedaço, pense no País". O debate transcorreu sem incidentes na primeira hora. Depois, quando estivadores e militantes anti-Copa se desentenderam na entrada do salão, o clima ficou tenso. Gilberto Carvalho, foi agredido verbalmente, vaiado e ridicularizado. Um dos participantes chegou a colocar um rolo de papel higiênico diante do ministro, depois de protestar contra a violência da polícia do Rio e das ameaças de remoções. Carvalho ficou calado, mas, contrariado, balançou a cabeça negativamente.
A ativista Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, referiu-se a Carvalho como "palhaço" e "ministro da Suíça". Outro manifestante da Frente Independente Popular (FIP) disse que o lugar de Carvalho era a "sete palmos abaixo do chão". Quando uma faixa foi estendida com os dizeres "não vai ter Copa" durante o debate, o ministro tomou a palavra. "Nada vai ser resolvido no grito. Vamos ouvir os companheiros e quem sabe desconfiar que não somos os donos da verdade", disse Carvalho.
Em outro momento, o ministro reagiu: "Fico com medo desse tipo de democracia em que algumas pessoas dessa sala parecem acreditar". "Não tenho medo de nada. Abram-se para a verdade do outro, não permitam que o sectarismo atrapalhe vocês", reagiu Carvalho, sem, no entanto, conseguir ser ouvido pelo grupo mais exaltado. "Vamos cercar o Maracanã", gritou um manifestante, referindo-se à mobilização de protestos nos dias da Copa. Em alguns momentos, Carvalho elevou a voz para ser ouvido, como quando fez a defesa do programa de habitação popular do governo petista e dos investimentos em saúde. "O Minha Casa, Minha Visa é o maior programa habitacional do mundo. Sectarismo é terrível. A Copa do Mundo não compete com a saúde", sustentou o ministro.

FONTE: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,hostilizado-em-debate-gilberto-carvalho-diz-que-e-a-panela-de-pressao-que-explode,1160146,0.htm

Papuda: nesta terça, na cela do detento 95.413, teve futebol na TV de plasma


Nesta terça-feira, uma comissão de deputados federais de diferentes partidos fez uma visita ao mais destacado detento da Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, o ex-ministro José Dirceu. O objetivo do grupo, formado majoritariamente por aliados do petista, era tentar atestar que o petista não detém regalias na cadeia e pressionar a Justiça a liberá-lo para trabalhar fora da Papuda durante o dia. Mas não foi o que ocorreu. Ao chegar ao presídio, os parlamentares encontraram o detento 95.413 em uma cela privilegiada, eufórico diante de uma televisão de plasma que exibia a vitória do Real Madrid sobre o Bayern de Munique pela Liga dos Campeões da Europa. “Estou assistindo ao Real dar uma surra no Bayern”, disse o mensaleiro, sorridente, ao receber a comitiva em sua cela. O time espanhol goleou o rival alemão por 4 a 0.
Segundo relato do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), a cela do petista é a maior do complexo, equipada com micro-ondas, chuveiro quente, televisão e uma cama diferente das demais. Dirceu foi colocado em um espaço de 23 m² no Centro de Internamento e Reeducação (CIR), cujas celas têm padrão de 15 m² e reúnem até quatro detentos. O local servia de cantina, mas passou por uma reforma para receber o ex-ministro.
“A cela do Dirceu é completamente diferente das outras que a gente viu, não há dúvidas. Vimos pessoas com deficiência física que deveriam ficar separadas porque os presos pegam parte da cadeira de rodas para fazer armas. Mas elas seguem misturadas, dormem em colchões piores e tomam banho em chuveiro frio”, afirmou a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que é cadeirante.
Os deputados de oposição reclamaram que o coordenador-geral da Sesipe (Subsecretaria do Sistema Penitenciário), João Feitosa, impôs uma série de restrições durante a visita: “Ele queria nos mostrar a cantina, as melhores celas e que seguíssemos o roteiro definido por ele. Disse ainda que não poderíamos ir a outros setores por falta de acessibilidade para a deputada Mara”, disse Jordy. Após a insistência, foram liberados três dos cinco parlamentares para visitar outras alas da penitenciária — inclusive a própria Mara Gabrilli, que negou ter enfrentado dificuldades durante o trajeto. Além de Jordy e Mara Gabrilli, integraram a comitiva os deputados Nilmário Miranda (PT-MG), Luiza Erundina (PSB-SP) e Jean Wyllys (PSOL-RJ).
Podólogo
No mês passado, VEJA revelou uma série de mordomias de Dirceu na Papuda. O petista passa a maior parte do dia no interior de uma biblioteca onde poucos detentos têm autorização para entrar. Lá, ele gasta o tempo em animadas conversas, especialmente com seus companheiros do mensalão, e lê em ritmo frenético para transformar os livros em redações, o que lhe pode garantir dias a menos na cadeia. O ex-ministro só interrompe as sessões de leitura para receber visitas – incluindo um podólogo –, muitas delas fora do horário regulamentar e sem registro oficial algum, e para fazer suas refeições, especialmente preparadas para ele e os comparsas.
Comandada pelo PT, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou a diligência até a Papuda com o objetivo de negar a existência de benefícios aos condenados no julgamento do mensalão e, dessa forma, evitar sanções aos mensaleiros. Além de pressionar pela liberação do trabalho externo para Dirceu, petistas temem que seus companheiros sejam transferidos para uma penitenciária com regime mais duro.
Dirceu está sendo investigado pela Justiça por ter usado um celular dentro da cadeia do secretário da Indústria, Comércio e Mineração do governo da Bahia, James Correia, no dia 6 de janeiro. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, cobrou investigações sobre essa e outras regalias de Dirceu e aguarda um parecer para decidir sobre a autorização para ele trabalhar em um escritório de advocacia.
Por Reinaldo Azevedo


FONTE: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/papuda-nesta-terca-na-cela-do-detento-95-413-teve-futebol-na-tv-de-plasma/