segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Cenário eleitoral indefinido


Cientista político afirma que o cenário das eleições deste ano ainda segue indefinido, mas poderá ser melhor analisado quando começarem as campanhas em rádio e televisão. Eleitores pedem por renovação
cientistapolíticoAlexandre
Em entrevista ao Jornal da Comunidade, o cientista político, Alexandre Gouveia, fala sobre o cenário eleitoral de 2014 e a situação das candidaturas de presidenciáveis e para o Palácio do Buriti. Ele fala que em ambos os cenários a disputa está mais acirrada que nos pleitos anteriores, o que mostra o desejo de renovação dos eleitores. Segundo Gouveia, a situação no Distrito Federal é bastante peculiar, onde a política é discutida mais densamente que em outras regiões, mas que a tendência também segue para o rumo da renovação. E a mudança dos parlamentares também deve ocorrer no Congresso Nacional. Alexandre ressalta que a intenção de voto da população deve ficar ainda mais concreta com o início das campanhas no rádio e na televisão, pois o voto do brasileiro é dado com emoção.
Como avalia as eleições de 2014 no cenário nacional?
Temos uma disputa mais acirrada do que nos pleitos anteriores. Antes, os eleitores mantinham a intenção de deixar o mesmo grupo no poder. Percebemos o desejo de mudança devido a diminuição da intenção de voto para a presidente Dilma e oposição polarizada, o que leva a eleição para o segundo turno. A busca pela renovação é aflorada quando as pessoas percebem que o mesmo grupo pode ir para o quarto mandato e o desejo de mudança é perceptível.
Como a presidente Dilma Rousseff pode combater essa baixa na popularidade?
Dilma recuperou a popularidade com relação a 2013, quando tiveram as manifestações, mas a aprovação ainda é menor que de anos anteriores. Ela entra enfraquecida, mas não considero como um nível baixo. Por outro lado, tem uma oposição que chama bastante atenção, com Aécio Neves e Eduardo Campos. Dilma está na frente, mas os fatores como baixo crescimento econômico e casos de corrupção serão usados pela oposição. E são esses fatores que vão reverberar nas pesquisas futuras.
Quais as chances de cada candidato à presidência?
De acordo com os estudos que fazemos em cima das pesquisas, o que reverbera neste momento é Dilma ganhando, mas o voto é emocional e ainda veremos o reflexo desses dois meses de campanha. Vamos perceber nos primeiros programas de rádio e televisão se a intenção de voto ainda continuará em Dilma. Ela tem de 50% a 55% de chance. Aécio chega mais fortalecido, pois não é mais desconhecido, o percentual dele aparece muito bom, 35%, e Eduardo Campos com 10%, mas isso poderá mudar com o início das campanhas.
Os presidenciáveis podem influenciar a campanha dos candidatos ao GDF?
O Distrito Federal é peculiar. O próprio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é superior ao resto do país. E aqui se discute política mais densamente que em outros lugares. Foi de grande impacto na eleição passada a vitória de Marina Silva aqui e isso mostra a independência do eleitor daqui que não acompanha o resto. E o berço político de cada candidato influencia muito. Na eleição passada, tínhamos dois grupos, família Roriz e Agnelo Queiroz e não era um cenário muito diferente do de hoje. Atualmente, temos polarização muito grande, todos com histórico forte. E o cenário é muito curioso, no caso de José Roberto Arruda, é o primeiro governador com prisão durante o mandato e mesmo assim lidera as pesquisas.
Como avalia o cenário político no DF?
Mesmo com Arruda aparecendo em primeiro lugar nas intenções de voto, Agnelo cresceu nas pesquisas recentes por causa das obras entregadas. Rodrigo Rollemberg é senador, cargo com metodologia igual ao de governador, ele entra com experiência e é uma terceira via muito importante. Ele é da plataforma de Eduardo Campos, que tem Marina Silva como sua vice, e se ela continuar forte aqui, ele é um grande candidato. No caso de Luiz Pitiman, ele é um empresário bem-sucedido, deputado federal que não foi campeão de votos, mas tem grande experiência de governo. Ele é desconhecido da massa, mas tem o palanque de Aécio Neves a seu favor. Esse equilíbrio traz uma composição bem diferente.
É possível um segundo turno no DF?
O segundo turno é certo a meu ver. Agnelo está num cenário hostil, de rejeição, porém ele tem curva de crescimento considerável. Arruda está na frente, mas quando começar a campanha, deve mudar a percepção de alguns devido a sua imagem com envolvimento em escândalos políticos. Rollemberg e Pitiman polarizam a campanha de Arruda. E o resultado do segundo turno será bem influenciado pelo do primeiro, pois a soma dos votos da oposição influenciam os que estão em dúvida.
E o casso Arruda? Ele é considerado um candidato?
Arruda tem legitimidade na candidatura, é a lei que determina, tanto para o bem quanto para o mal. No registro dele, só tinha condenação em primeira instância, o que habilita a candidatura. Assim, ele está válido, porém o Judiciário pode mudar a percepção se a defesa de Arruda não conseguir contornar. Mas isso ainda é uma incógnita.
Acredita em um crescimento de candidato além de Arruda e Agnelo?
Tirando os indecisos, que são maioria, todos os outros demonstram tendência de renovação. Independentemente de quem seja o candidato, se Arruda sair, o que votaria nele, vai escolher outro além do Agnelo, pois quer mudança, o que faz aparecer um terceiro candidato.
Acredita em renovação também na Câmara Legislativa e no Congresso?
Vai haver grande renovação. Primeiro, todo reflexo das eleições para a Câmara Federal e CLDF é das câmaras municipais, que teve recorde de renovação na última eleição, mais de 56%. E isso tende a se repetir no pleito federal e no DF. Os eleitores têm acompanhado o Legislativo como a campanha Vai Trabalhar Deputado e Ficha Limpa, que traduzem a insatisfação da população. Ainda, se somam às informações de corrupção repassadas pela mídia, o que faz com que o eleitor não consiga distinguir quem é do bem ou do mal, coloca todos como iguais e vai em busca de um novo. O problema é que esse cargo não é tão debatido como o de um governador e presidente, o que faz com que a maioria escolha 15 dias antes do pleito ou até mesmo na hora da votação, e esquecendo um ano depois em quem votou.

Fonte: Jornal da Comunidade

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