Inquérito da Polícia Federal aponta que um assessor da ministra Ideli Salvatti era lobista do megaesquema de desvios de recursos de prefeituras e fundos de pensão liderado pelo doleiro Fayed Traboulsi. Presidência da República abre sindicância
A quadrilha acusada de lavagem de dinheiro e pagamento de propina a prefeitos que direcionavam investimentos de fundos de pensão municipais tem, de acordo com a Polícia Federal, um lobista que trabalhava até ontem como comissionado na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), vinculada à Presidência da República. O assessor especial Idaílson José Vilas Boas Macedo foi demitido pela ministra da pasta, Ideli Salvatti, depois da deflagração das operações Miquéias e Elementar. Relatório da Polícia Federal (PF), ao qual o Correio teve acesso, traz trechos de ligações interceptadas em que Idaílson aparece como intermediador entre “integrantes da organização criminosa e políticos, notadamente de Goiás”.
O esquema foi desbaratado, na última quinta-feira, por duas operações em nove estados e no Distrito Federal. Em todo o país, 20 pessoas foram presas e 74 endereços alvos sofreram buscas e apreensões. Durante a ação, foram apreendidos 20 carros importados. Uma lancha luxuosa avaliada pela polícia em R$ 5 milhões também foi lacrada em um píer particular do Lago Paranoá. ...
A embarcação pertence ao doleiro Fayed Antoine Traboulsi, apontado como líder do grupo, ao lado do policial civil aposentado Marcelo Toledo. A operação levou ainda à prisão o casal de delegados da Polícia Civil do DF Paulo César Barongeno e Sandra Maria da Silveira. De acordo com a PF e com o Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (Ncoc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a quadrilha movimentou R$ 300 milhões em 18 meses.
A organização criminosa contava com o apoio de Idaílson José, segundo relatório da PF. Citado como lobista, ele trabalhava na SRI com o salário de R$ 9,6 mil mensais. Na pasta, teria inclusive recebido prefeitos envolvidos no esquema. Ele é filiado ao PT de Goiás, mesma legenda do secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República, Olavo Noleto. Subordinado a Ideli Salvatti, ele é responsável por intermediar convênios firmados pelo governo federal com governadores e prefeitos. Noleto não foi encontrado ontem para comentar o assunto. De acordo com interlocutores palacianos, a rapidez na exoneração de Idaílson é uma tentativa de evitar que a crise se instale no quarto andar do Planalto.
O lobista com assento na SRI era acionado por um dos “pastinhas” — como foram chamados os aliciadores de políticos no esquema — para tratar dos “negócios” com os prefeitos. Pelo menos os chefes do Executivo de Pires do Rio e Itaberaí, ambas em Goiás, teriam tido contato com Idaílson. Em uma das conversas, interceptada em 27 de junho, o “pastinha” Almir Bento fala com um dos prefeitos para se encontrar com Idaílson, na SRI. Em outra, de 2 de julho, a PF relata que Idaílson sugere a Almir que se reúna no mesmo dia com outro político (veja diálogo). “O prefeito de Itaberaí, ele está aqui. Vocês podiam fazer uma reunião. Quem sabe vocês num (sic)... Ele não entende... Não tem um convencimento de que o produto é bom?”, diz Idaílson.
A PF pediu a prisão do assessor de Ideli e o bloqueio das contas bancárias dele. A prisão foi negada. Ele é suspeito de tráfico de influência e formação de quadrilha. A SRI se pronunciou por meio de nota, destacando a exoneração de Idaílson. “A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais também determinou que seja aberta sindicância para apurar os fatos que envolvem Idaílson José Vilas Boas Macedo”, relata a nota. O ex-comissionado da pasta não foi localizado pela reportagem.
Bens indisponíveis
Além dos carros importados e da lancha apreendidos na ação, há um jato particular avaliado em US$ 4 milhões na lista das propriedades dos investigados, segundo relatório da PF, que pertence ao doleiro Fayed Traboulsi. Os policiais acreditam que grande parte dos bens foi adquirido com dinheiro ilícito. A Justiça decretou a indisponibilidade das contas bancárias dos suspeitos e o patrimônio de nove empresas, que seriam de fachada. Os carros apreendidos pela PF ficarão na Superintendência da Polícia Federal pelos próximos 90 dias. Se os donos não comprovarem que foram adquiridos com dinheiro limpo, os veículos poderão ser leiloados ou encaminhados a algum órgão do governo. A decisão ficará a cargo do juiz da causa.
O esquema foi desbaratado, na última quinta-feira, por duas operações em nove estados e no Distrito Federal. Em todo o país, 20 pessoas foram presas e 74 endereços alvos sofreram buscas e apreensões. Durante a ação, foram apreendidos 20 carros importados. Uma lancha luxuosa avaliada pela polícia em R$ 5 milhões também foi lacrada em um píer particular do Lago Paranoá. ...
A embarcação pertence ao doleiro Fayed Antoine Traboulsi, apontado como líder do grupo, ao lado do policial civil aposentado Marcelo Toledo. A operação levou ainda à prisão o casal de delegados da Polícia Civil do DF Paulo César Barongeno e Sandra Maria da Silveira. De acordo com a PF e com o Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (Ncoc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a quadrilha movimentou R$ 300 milhões em 18 meses.
A organização criminosa contava com o apoio de Idaílson José, segundo relatório da PF. Citado como lobista, ele trabalhava na SRI com o salário de R$ 9,6 mil mensais. Na pasta, teria inclusive recebido prefeitos envolvidos no esquema. Ele é filiado ao PT de Goiás, mesma legenda do secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República, Olavo Noleto. Subordinado a Ideli Salvatti, ele é responsável por intermediar convênios firmados pelo governo federal com governadores e prefeitos. Noleto não foi encontrado ontem para comentar o assunto. De acordo com interlocutores palacianos, a rapidez na exoneração de Idaílson é uma tentativa de evitar que a crise se instale no quarto andar do Planalto.
O lobista com assento na SRI era acionado por um dos “pastinhas” — como foram chamados os aliciadores de políticos no esquema — para tratar dos “negócios” com os prefeitos. Pelo menos os chefes do Executivo de Pires do Rio e Itaberaí, ambas em Goiás, teriam tido contato com Idaílson. Em uma das conversas, interceptada em 27 de junho, o “pastinha” Almir Bento fala com um dos prefeitos para se encontrar com Idaílson, na SRI. Em outra, de 2 de julho, a PF relata que Idaílson sugere a Almir que se reúna no mesmo dia com outro político (veja diálogo). “O prefeito de Itaberaí, ele está aqui. Vocês podiam fazer uma reunião. Quem sabe vocês num (sic)... Ele não entende... Não tem um convencimento de que o produto é bom?”, diz Idaílson.
A PF pediu a prisão do assessor de Ideli e o bloqueio das contas bancárias dele. A prisão foi negada. Ele é suspeito de tráfico de influência e formação de quadrilha. A SRI se pronunciou por meio de nota, destacando a exoneração de Idaílson. “A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais também determinou que seja aberta sindicância para apurar os fatos que envolvem Idaílson José Vilas Boas Macedo”, relata a nota. O ex-comissionado da pasta não foi localizado pela reportagem.
Bens indisponíveis
Além dos carros importados e da lancha apreendidos na ação, há um jato particular avaliado em US$ 4 milhões na lista das propriedades dos investigados, segundo relatório da PF, que pertence ao doleiro Fayed Traboulsi. Os policiais acreditam que grande parte dos bens foi adquirido com dinheiro ilícito. A Justiça decretou a indisponibilidade das contas bancárias dos suspeitos e o patrimônio de nove empresas, que seriam de fachada. Os carros apreendidos pela PF ficarão na Superintendência da Polícia Federal pelos próximos 90 dias. Se os donos não comprovarem que foram adquiridos com dinheiro limpo, os veículos poderão ser leiloados ou encaminhados a algum órgão do governo. A decisão ficará a cargo do juiz da causa.
Fonte: Correio Braziliense
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