BRASÍLIA - A Polícia Federal monitorou um assessor do ministro da
Previdência, Garibaldi Alves (PMDB-RN), em contatos com o grupo acusado de pagar
propina a prefeitos para direcionar investimentos de fundos de pensão
municipais. Agentes da Superintendência da PF no Distrito Federal chegaram a
seguir e fotografar Gustavo Alberto Starling Soares Filho numa visita à Invista
Investimentos Inteligentes, em Brasília.
De acordo com relatório de inteligência da Operação Miqueias, obtido pelo 'Estado', a empresa atuava cooptando agentes públicos para o esquema. Gustavo é auditor da Receita Federal e, no Ministério da Previdência, exerce cargo de confiança na Diretoria do Departamento dos Serviços de Previdência no Serviço Público, setor que deve, justamente, fiscalizar os fundos de pensão municipais.
O assessor foi flagrado chegando à empresa em 19 de outubro do ano passado em seu carro, um Kia Soul. Segundo a PF, ele "era mais próximo dos membros da quadrilha do que se supunha", mantendo contatos frequentes com seus integrantes. A Invista pertenceria ao doleiro Fayed Antoine Traboulsi, apontado com um dos líderes do grupo investigado. Anotações num caderno do doleiro, segundo a PF, sugerem pagamentos ao servidor da Previdência. Um dos trechos reproduzidos no relatório diz: "Paguei R$ 10 mil Gustavo cash".
O assessor também atuaria repassando documentos e informações a integrantes da organização. Num grampo de 24 de abril deste ano, de dentro do prédio da Previdência, ele combina com Isabela Barros, apontada como aliciadora da Invista, uma entrega. "Tenho de passar lá no ministério para pegar um negócio com o Gustavo", diz ela, num telefonema por volta das 14h30. Pouco mais tarde, o assessor avisa a Isabela: "Vou salvar o negócio aqui e já estou descendo".
Em 26 do mesmo mês, Gustavo trata com Isabela sobre a organização de palestras para prefeitos. Esses encontros, segundo a PF, eram feitos para cooptar agentes políticos e servidores municipais para fazer investimentos em títulos de interesse da organização. Um dos palestrantes a ser contratado, procurado por Gustavo, é o auditor da Receita Delúbio Gomes Pereira da Silva, que não consta como investigado.
Nos grampos, diz a PF, Gustavo sugere que trabalhou para a Invista e que sabe das práticas ilícitas da empresa, ao tranquilizar Delúbio. "Ele (Delúbio) falou: 'É na Invista?' Eu falei: 'Não, Delúbio, é no escritório de advocacia que está começando agora, não tem nada a ver. Eu já saí de lá. Não tem nada a ver. Você pode ficar tranquilo'", disse o auditor, em conversa com Isabela.
Em 23 de maio deste ano, Gustavo consulta um amigo auditor sobre o caso de alguém que ganhara "20 milhões", mas só teria como comprovar à Receita a saída de "5 milhões". Segundo a PF, ele estaria ajudando Carlos Eduardo Carneiro Lemos, o Dudu, também investigado na Operação Miqueias, conhecido como operador de fundos de pensão.
Dias antes, Dudu assumira a propriedade de R$ 450 mil apreendidos de dois homens no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, que tentavam passar com o dinheiro escondido em suas meias e cuecas, em 15 de maio deste ano.
"Imaginemos que uma pessoa ganhou vinte milhões num ano. Certo? Ganhou vinte milhões num ano só que de saída desse dinheiro ela só tenha como comprovar cinco milhões. Quinze milhões num tem como comprovar. Pra fazer imposto de renda tu acha que isso dá problema?", questionou o assessor ao conselheiro. No dia seguinte, segundo a PF, ele cita Dudu em outro telefonema, dizendo que ele estava "enrolado" com seu Imposto de Renda.
O Estado telefonou neste sábado para o assessor para ouvi-lo a respeito, mas a ligação foi interrompida quando a reportagem explicou o assunto da ligação.
Fábio Fabrini, Andreza Matais e Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo
Departamento de PF - Operação
Miqueias/Divulgação
Assessor da Previdência Gustavo Alberto
Starling Soares Filho chega ao escritório da empresa Invista
De acordo com relatório de inteligência da Operação Miqueias, obtido pelo 'Estado', a empresa atuava cooptando agentes públicos para o esquema. Gustavo é auditor da Receita Federal e, no Ministério da Previdência, exerce cargo de confiança na Diretoria do Departamento dos Serviços de Previdência no Serviço Público, setor que deve, justamente, fiscalizar os fundos de pensão municipais.
O assessor foi flagrado chegando à empresa em 19 de outubro do ano passado em seu carro, um Kia Soul. Segundo a PF, ele "era mais próximo dos membros da quadrilha do que se supunha", mantendo contatos frequentes com seus integrantes. A Invista pertenceria ao doleiro Fayed Antoine Traboulsi, apontado com um dos líderes do grupo investigado. Anotações num caderno do doleiro, segundo a PF, sugerem pagamentos ao servidor da Previdência. Um dos trechos reproduzidos no relatório diz: "Paguei R$ 10 mil Gustavo cash".
O assessor também atuaria repassando documentos e informações a integrantes da organização. Num grampo de 24 de abril deste ano, de dentro do prédio da Previdência, ele combina com Isabela Barros, apontada como aliciadora da Invista, uma entrega. "Tenho de passar lá no ministério para pegar um negócio com o Gustavo", diz ela, num telefonema por volta das 14h30. Pouco mais tarde, o assessor avisa a Isabela: "Vou salvar o negócio aqui e já estou descendo".
Em 26 do mesmo mês, Gustavo trata com Isabela sobre a organização de palestras para prefeitos. Esses encontros, segundo a PF, eram feitos para cooptar agentes políticos e servidores municipais para fazer investimentos em títulos de interesse da organização. Um dos palestrantes a ser contratado, procurado por Gustavo, é o auditor da Receita Delúbio Gomes Pereira da Silva, que não consta como investigado.
Nos grampos, diz a PF, Gustavo sugere que trabalhou para a Invista e que sabe das práticas ilícitas da empresa, ao tranquilizar Delúbio. "Ele (Delúbio) falou: 'É na Invista?' Eu falei: 'Não, Delúbio, é no escritório de advocacia que está começando agora, não tem nada a ver. Eu já saí de lá. Não tem nada a ver. Você pode ficar tranquilo'", disse o auditor, em conversa com Isabela.
Em 23 de maio deste ano, Gustavo consulta um amigo auditor sobre o caso de alguém que ganhara "20 milhões", mas só teria como comprovar à Receita a saída de "5 milhões". Segundo a PF, ele estaria ajudando Carlos Eduardo Carneiro Lemos, o Dudu, também investigado na Operação Miqueias, conhecido como operador de fundos de pensão.
Dias antes, Dudu assumira a propriedade de R$ 450 mil apreendidos de dois homens no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, que tentavam passar com o dinheiro escondido em suas meias e cuecas, em 15 de maio deste ano.
"Imaginemos que uma pessoa ganhou vinte milhões num ano. Certo? Ganhou vinte milhões num ano só que de saída desse dinheiro ela só tenha como comprovar cinco milhões. Quinze milhões num tem como comprovar. Pra fazer imposto de renda tu acha que isso dá problema?", questionou o assessor ao conselheiro. No dia seguinte, segundo a PF, ele cita Dudu em outro telefonema, dizendo que ele estava "enrolado" com seu Imposto de Renda.
O Estado telefonou neste sábado para o assessor para ouvi-lo a respeito, mas a ligação foi interrompida quando a reportagem explicou o assunto da ligação.
Fábio Fabrini, Andreza Matais e Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo
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