Futuro governador afirma que as críticas do petista são como um desejo de "insucesso" para a própria cidade. Segundo o socialista, a população já julgou o atual ocupante do Buriti nas urnas e nas reclamações pela situação do Distrito Federal
O governador eleito Rodrigo Rollemberg (PSB) foi breve mas afiado nas críticas às declarações do atual ocupante do Palácio do Buriti. Em entrevista ao Correio, Agnelo Queiroz (PT) disse que o socialista não conseguirá cumprir as promessas de campanha e vai cometer “o maior estelionato eleitoral que a cidade já viu”, entre outras afirmações. Para Rollemberg, a maior resposta já foi dada em outubro, com as eleições. “O governo atual foi julgado pela população diante das urnas”, disparou.
Ao falar pela primeira vez depois de uma série de paralisações de servidores e terceirizados, greves de funcionários das empresas de ônibus e da precariedade em serviços públicos, o petista atacou a equipe de transição adversária — “Deram números mentirosos, irresponsáveis, falsos” — e a investida dos opositores contra o Fundo Especial da Dívida Ativa (Fedat) — “O governador eleito foi autoritário e antidemocrático. Ligou para todos os distritais, fez ameaças, perguntou aos parlamentares se iam trocar um mês pelos próximos quatro anos”.
Ontem, ao Correio, o governador eleito disse que não entraria em detalhes e nem responderia a todas as acusações de Agnelo. As primeiras palavras de Rollemberg confirmaram a insatisfação com o adversário político — de quem era aliado antes das eleições deste ano. “Eu lamento que um governador esteja desejando o insucesso para o próximo, porque o sucesso do futuro governador é também o sucesso da cidade. Vamos nos esforçar ao máximo para que a cidade volte aos eixos”, rebateu Rollemberg.
Crise
Além da resposta nas urnas, o socialista disse que está nítido o inconformismo dos eleitores com a crise que afetou o Distrito Federal. “A percepção da população sobre o estado da cidade já diz tudo: a falta de insumos e medicamentos, as paralisações dos servidores, as falhas no transporte público, a ausência de pagamento de salários. Está tudo aí, e a população está vendo.”
Rollemberg quis falar também sobre o Fedat. Agnelo foi duro ao dizer que o futuro governador foi “antiético e mesquinho” ao se esforçar para barrar a aprovação do fundo na Câmara Legislativa. O projeto passou pela Casa, mas o Tribunal de Contas da União e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios decidiram suspendê-lo. “O que nós fizemos foi apenas alerta ao atual governo que a forma como eles estavam querendo implantar o Fedat era ilegal. Não fomos à Justiça para isso. Tentamos impedir na Câmara, dizendo que era ilegal. Depois, as decisões da Justiça mostraram que nós estávamos certos”, alegou Rollemberg, que demonstrou esperança para superar a crise financeira e estrutural. “Apesar de todas as dificuldades, vamos lutar com muito afinco e com todo o compromisso para que a cidade passe por esses problemas.”
Erros de campanha
Futuro chefe da Casa Civil, o coordenador-geral da equipe de transição, Hélio Doyle, também rebate as críticas de Agnelo. Para ele, o governador comete os mesmos erros de campanha quando “tenta esconder situações que a população conhece”. “A gente mostra em detalhes como chegamos aos números do deficit, e a condição da cidade comprova essa realidade. Não adianta querer esconder uma situação que as pessoas vivem. Esse foi o grande erro que ele cometeu na campanha e que comete, novamente, na entrevista”, destacou.
Doyle refutou a informação de que há previsão de aumento em impostos. “Nenhum secretário falou em aumento de imposto, isso não existe”, garantiu. Agnelo também sugeriu que a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha foi aprovada pelo eleitorado. “O preço do estádio, obviamente, não foi superado, tanto é que ele ainda causa grandes problemas à Terracap. A região do entorno está inacabada; então, há muito a fazer ali. A construção, nas dimensões em que foi feito e com recursos da Terracap, foi um dos grandes erros do governo Agnelo.”
Ele também criticou a postura de Agnelo, que disse participar da cerimônia de transmissão de governo “se Rollemberg merecer”. “Merecer como? O Rodrigo merece porque ganhou a eleição. O merecimento está acima do julgamento pessoal dele”, criticou. Perguntado sobre as conquistas do petista, Doyle disse também ver acertos. “Quando a gente critica, não quer dizer que não reconheça que há pontos positivos. Mas dizer que as UPAS são maravilhosas, que as escolas e creches de tempo integral funcionam bem é um erro que ele cometeu na campanha. Foi tudo muito abaixo do que poderia ter sido feito em quatro anos”, sentenciou.
FONTE CORREIOWEB
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