quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Dez são presos por suspeita de fraudar concursos públicos


Integrantes da quadrilha usavam microcâmera para fotografar prova. 
Mandados são cumpridos em cinco estados.


Ao menos dez pessoas foram presas suspeitas de fraudar concursos públicos durante a Operação Afronta, da Polícia Federal, que cumpre 14 mandados de prisão em cidades de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Alagoas e Rondônia, nesta quinta-feira (21).
De acordo com o delegado da PF, Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira,  a fraude foi detectada em uma prova do concurso público do Tribunal Regional Federal, aplicada em Sorocaba, no interior paulista, em 2014.
Delegados da PF falam sobre a operação. Victor Hugo Rodrigues à esquerda, Rodrigo Costa no centro e Fernando Antônio à direita. (Foto: Will Soares/ G1)Delegados da PF falam sobre a operação. Victor
Hugo Rodrigues à esquerda, Rodrigo Costa ao
centro e Fernando Antônio à direita.
(Foto: Will Soares/ G1)
Os envolvidos irão responder pelos crimes de organização criminosa e fraude em certames de interesse público. As penas, somadas, vão de quatro a 12 anos de prisão.
A denúncia foi feita pelo próprio TRF, que desconfiou da prova discursiva de cinco candidatos que apresentavam respostas muito semelhantes. A partir daí, com um trabalho de investigação que durou cerca de três meses, a polícia descobriu a existência de uma organização criminosa especializada na fraude dos certames públicos, em especial de órgãos ligados ao poder judiciário.
Segundo a PF, dos 14 mandados de prisão, quatro são contra suspeitos de integrar a quadrilha e os outros dez para candidatos aprovados em concursos que supostamente foram beneficiados por fraude. Todos eles já foram exonerados de seus cargos. O delegado Rodrigues ressaltou que não há indícios de nenhuma participação de funcionários dos órgãos públicos ou das bancas que aplicavam as provas no esquema.
A investigação da PF aponta que a organização criminosa já atua há cerca de quatro anos. Neste período, um concurso foi comprovadamente fraudado - caso do TRF de Sorocaba -, e pelos menos outros quatro, ainda não divulgados pela polícia, também podem ter sido alvos dos criminosos. Cerca de 50 pessoas, entre candidatos e integrantes da quadrilha, estão sendo investigadas por participação no esquema.
O delegado Rodrigues afirmou que o chefe da organização criminosa já foi identificado, mas ainda não foi preso. Ele é alagoano e não tem passagens pela polícia.
Fraude
De acordo com a PF, a quadrilha selecionava os concursos de interesse e contratava "pilotos" para fazer a prova. Os contratados tinham a exclusiva missão de fotografar, com microcâmeras, o caderno de questões. As imagens eram então enviadas por celular ao líder do grupo, que ficava responsável por enviar as respostas aos candidatos. A polícia apura se eles também contratavam uma banca especializada para responder as perguntas ou se procuravam as respostas na internet.
O gabarito da prova era passado aos candidatos por meio de um ponto eletrônico de alta tecnologia. O dispositivo utilizado era tão pequena que era necessário um ímã para retirá-lo do ouvido. Até por conta disto, nenhuma das ações da quadrilha foi flagrada durante a aplicação das provas.
Os candidatos chegavam até o grupo por meio de indicação, conforme explicou Rodrigues. "Por contato. Uma pessoa fraudou o concurso, conhece um amigo que pretende ingressar [na carreira pública] e também não estudou, pretende ingressar mediante fraude, e indica".
Ainda conforme informações da Polícia Federal, cada candidato desembolsava um valor de dez vezes o salário do cargo pretendido para conseguir as respostas da prova. Os investigadores usaram um sistema que apura fraudes em concursos para identificar os participantes da quadrilha. O programa da PF cruza respostas das provas para analisar o maior número de coincidências nas respostas e indicando se elas eram ou não esperadas.
FONTE: G1

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