POR COSME RÍMOLI
Havia conseguido trazer a Copa do Mundo para cá.
Se submeteu a todas as exigências draconianas da Fifa.
Jurava, iludido ou não, que o torneio não teria dinheiro público.
Seria todo feito com investimento privado.
Aproveitaria para fazer dezenas de obras fundamentais ao País.
E muito mais.
Iria mostrar ao mundo a 'pujança' do Brasil.
Sete anos depois, a verdade.
A Copa custará R$ 33 bilhões.
Sendo R$ 22 bilhões de dinheiro público.
A Fifa revelou que para ela, oito arenas serviriam.
Mas o governo brasileiro quis fazer política, média com os estados.
E por isso elas se transformaram 12.
Sendo quatro delas elefantes brancos assumidas.
A de Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal.
O futebol dessas cidades não precisaria de uma arena ultramoderna.
E caríssimas.
Como a da Capital Federal, que já passou de R$ 2 bilhões.
Apenas dois dos sete aeroportos que seriam modernizados estarão prontos.
Várias e várias obras de mobilidade social foram abortadas.
Haverá feriados nas cidades em que acontecerão os jogos.
Apenas para garantir ruas menos caóticas, uma fantasia.
Índios e crianças já foram avisados.
Em jogos menos concorridos eles serão bem-vindos.
Como na África, não pagarão ingresso.
Tudo para as tevês do mundo todo mostrar as arenas lotadas.
Quando Lula afirmou que desejava mostrar a pujança do País se esqueceu.
Seu subconsciente não pensou que os holofotes mostrariam as mazelas.
E a realidade de um país emergente do Terceiro Mundo.
Com muitos problemas crônicos.
Milhões de pessoas na extrema pobreza.
Banalização da violência, saneamento básico, mobilidade urbana.
Tráfico de drogas, prostituição, analfabetismo.
Deixou há muito tempo de ser um pedaço do Paraíso na Terra.
Se é que algum dia foi...
Não bastasse tudo isso.
Desde a Copa das Confederações há o novo fenômeno: as manifestações.
Políticas ou não, há muita rejeição à Copa do Mundo.
Última pesquisa Datafolha aponta.
50,7% da população seria contra o País ser sede da competição.
Cenário que garante novas manifestações em junho, durante o torneio.
Mesmo assim, as passagens aéreas, o preço dos hotéis e restaurantes dispararam.
Todos querem se aproveitar do bolso do estrangeiro que vier ao Mundial.
O governo espalha que espera pelo menos 600 mil turistas.
Mas já trabalha com um número muito menor.
Se vier a metade só para acompanhar a Copa será um ótimo resultado.
A Fifa anuncia procura recordes de ingressos.
Seriam mais de 6,2 milhões pedidos de 203 países ou regiões.
Apesar de todo estardalhaço, o número é dois milhões a menos que a Copa da Alemanha.
Do pouco que a Fifa revelou é que o Brasil é responsável por mais de 70% dos pedidos.
Depois se seguem a Estados Unidos, Colômbia, Alemanha, Argentina, Inglaterra...
Austrália, França, Chile, México...
Mas a presidente Dilma Rousseff errou completamente o tom.
Nenhum país estrangeiro está acreditando na sua promessa.
A de que a 'Copa será a da Paz'.
Muito pelo contrário.
Contrariada, acompanha a repercussão do lançamento de um guia do governo francês.
Nele há um verdadeiro manual de sobrevivência no Brasil durante a Copa.
Lugares a se evitar.
O francês fica sabendo que Brasília é especializada em sequestro-relâmpago.
Os roubos são frequentes na Praça da Sé e praça da República em São Paulo.
Assim como em Copacabana no Rio.
Em Salvador e Recife há especialistas em colocar drogas colocadas em bebidas.
Em todo país quando alugar um carro levar uma carteira ou uma bolsa falsas.
Com pouco dinheiro para serem entregues em 'caso de roubo'.
Evitar praias no início da manhã, à noite ou em mau tempo.
Mais vazias estão propícias para roubo.
Tirar cópias dos documentos e carregá-las.
Deixar os documentos no cofre do hotel.
Ter o máximo cuidado quando for retirar dinheiro do caixa eletrônica.
Verificar se não está sendo seguido e destruir recibos para evitar a falsificação.
Evitar a periferia das grandes cidades de qualquer maneira.
Nada de pisar nas comunidades, nas favelas.
Por lá há uma enorme incidência de sequestros.
Tomar cuidado com novos amigos e conhecidos brasileiros.
O manual foi feito pelo consulado francês em Brasília.
Se alguém tiver o mínimo de raciocínio e ler o guia saberá como agir.
Preferir ir até a Faixa de Gaza, à Ucrânia, Síria.
Mas não à Copa do Mundo no neste país selvagem.
Assim como na Inglaterra as matérias sobre a violência no País são constantes.
E em forma de alerta.
O país seria dominado pelos traficantes.
Seria um risco vir à Copa.
O questionamento é generalizado.
A Adidas norte-americana tentou amenizar.
Lançou uma coleção de camisetas insinuando turismo sexual.
Sugerindo que as mulheres daqui são fáceis.
Comparando os gols que serão marcados na Copa com conquistas na cama.
O lançamento era só para o público norte-americano.
Quando o governo brasileiro descobriu e cobrou, as camisetas foram suspensas.
Os atrasos nos estádios ainda se acumulam.
O que seria motivo de orgulho nacional para Lula virou vergonha.
O índice de popularidade de sua pupila, Dilma cai a cada dia.
A Copa tem muito a ver com essa rejeição.
O que é um enorme perigo nesse ano eleitoral.
Se a Seleção fracassar dentro de campo será um caos completo.
O Brasil nunca sofreu tamanho bombardeio da mídia internacional.
Suas mazelas são discutidas diariamente.
Sem pena mostradas nos horários nobres de noticiários pelo mundo.
O Consulado Norte-Americano enviou e-mail a seus cidadãos em São Paulo.
Ou que pretendiam vir para cá.
Para atos de violência na Praça da República ou na Avenida Paulista contra a Copa.
É a terceira vez só neste ano que e-mails assim são enviados.
Depois de Recife, Florianópolis avisou a Fifa que não deseja fazer Fun Fest.
É um evento que reúne torcedores acompanhando jogos da Copa nos telões.
Ao ar livre.
Cenário ideal para manifestações contra o Mundial.
Exército, Aeronáutica, Marinha e Tropas de Choque das PMs estão convocados.
Trabalharão no maior esquema de segurança em um torneio no país.
Cerca de R$ 1,9 bilhão será gasto com esses efetivos.
O governo tenta acalmar os estrangeiros.
Mas há muita tensão.
Como é fácil perceber no manual do governo francês...
Nas matérias inglesas e nos e-mails norte-americanos.
Dilma poderia trocar seu slogan preferido.
Em vez de Copa da Paz, o Mundial no Brasil merece outro apelido.
A Copa do Medo.
Sete anos muda muita coisa, não é, caro Lula?
FONTE: http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/fracassou-o-plano-de-lula-em-2007-ele-apostava-que-mostraria-ao-mundo-a-pujanca-do-brasil-na-copa-sete-anos-o-planeta-olha-com-medo-para-um-pais-dominado-pela-violencia-pobreza-trafico-e-medo-a-26022014/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.