O ex-presidente Lula disse ontem, após sair de comício em Santo André, na Grande São Paulo, que não recebeu convite para depor à Polícia Federal em um dos inquéritos complementares do mensalão. Ao ser questionado se iria prestar o depoimento, respondeu: “Quando eu for convidado, meu amor. Eu não recebi nada.” Há sete meses a PF tenta agendar depoimento de Lula sobre as denúncias formalizadas contra ele pelo operador do mensalão, Marcos Valério, em setembro de 2012.
Na ocasião, já condenado pelo Supremo Tribunal Federal, mas ainda sem pena definida, Valério foi voluntariamente à Procuradoria-Geral da República prestar depoimentos acusando Lula de chefiar aquele que foi considerado, até então, o maior escândalo de corrupção da História, no Brasil. Valério inclusive detalhou reuniões, valores etc, inclusive repasses ilegais da Portugal Telecom ao PT. O escândalo do Petrolão, de desvio de recursos da Petrobras do governo Lula ao governo Dilma, recém-revelado, parece superar o Mensalão em valores e número de auoridades corruptas envolvidas.
Apesar de continuar desdenhando das tentativas da PF, Lula nem sequer corre o risco de o convite ser transformado em intimação, segundo apurou o jornal Folha de S. Paulo junto à corporação. Não apenas Lula se comporta como se estivesse acima da Lei: ele é tratado como se fosse inimputável.
Lula participou ontem de dois comícios do candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha. À noite, o ex-presidente disse estar “tranquilo”, mas viu “conotação política” na divulgação do caso pelo jornal Folha de S. Paulo. “Certamente, o objetivo de quem manda vocês fazerem a pergunta para mim é eleitoral. O que não é o comportamento da Polícia Federal”, afirmou. “Quando você quer fazer uma investigação séria, você não se preocupa com o período eleitoral. Não tem data, não tem limite, não tem eleição. Eu estou tranquilo.”
A tentativa dos federais de ouvir Lula foi noticiada ontem. Lula ironizou a situação: “É a primeira vez que alguém é convidado pela imprensa.” Havia previsão de que o depoimento ocorresse hoje em Brasília. Mas Lula não vai aparecer, segundo Paulo Okamotto, diretor do Instituto Lula. “Depois da eleição, talvez”, afirmou. Como ex-presidente, o petista tem prerrogativa de negociar quando será ouvido pelos policiais.
Em seu depoimento à Procuradoria-Geral da República em 2012, Valério acusou Lula de intermediar pagamento de R$ 7 milhões da Portugal Telecom ao PT. O objetivo seria pagar supostas dívidas de campanha. O conteúdo do depoimento foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 11 de dezembro daquele ano. Apesar de estar no centro das acusações, Lula é tratado como inimputável, nem sequer é investigado; é considerado apenas “testemunha”.
FONTE: DIÁRIO DO PODER
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