O governo petista de Agnelo Queiroz pode se tornar alvo de investigação por parte do Ministério Público Federal (MPF). A deputada Celina Leão (PSD) impetrará hoje representação para que se apurem possíveis crimes que envolvem a atual gestão do Distrito Federal.
Na origem do problema está uma ação da atual agência de publicidade do Governo do Distrito Federal (GDF), Agnelo Pacheco, que teria subcontratado a empresa Sarkis Comunicação. Esta utiliza o nome fantasia Painel Brasil, para defender o chefe do executivo. Faria isso usando perfis falsos para intimidar e agredir críticos do governo.
Desqualificar os críticos
Para Celina, ao patrocinar essa ação, o governo Agnelo comete improbidade administrativa e até formação de quadrilha. Por meio de perfis falsos no twitter e em demais redes sociais — inclusive Facebook e blogs —, funcionários da Sarkis Comunicação foram instruídos a defender o governo e a desqualificar autores de críticas. Entre as vítimas estavam deputados como Fernando Franceschini e Roberto Freire, ou o senador Rodrigo Rollemberg, além da Rede Globo.
Quem tem a coragem de denunciar o esquema é a professora universitária, Márcia Godoy. Ela era contratada pela Sarkis Comunicação para traduzir textos para Rosa Sarkis Diniz, mulher do dono da empresa, Sérgio Diniz. Um dos primeiros trabalhos logo despertou a desconfiança de Márcia. A tradução era sobre texto relacionado à Copa do Mundo.
“Achei estranho porque Rosa me repassou como algo confidencial, mas era um press-release normal da Secretaria de Comunicação. Perguntei se ela estava com o PT. Fui informada que ‘estávamos’, mas não era para comentar com ninguém”, conta.
Embora o proprietário da empresa negue conexão, a página de Agnelo tem domínio da Painel Brasília. Sérgio Diniz alega que a empresa apenas fez campanha para Agnelo em 2006, quando ele se candidatou a senador pelo PCdoB. Com a derrota, um site de cunho pessoal do então parlamentar foi criado pelo publicitário. Em 2010, após a eleição, por recomendação de Agnelo, pessoas ligadas a ele teriam solicitado que a página fosse redirecionada ao GDF.
Burlar sistemas
Um dos indícios mais fortes de que se usavam perfis falsos para sustentar o governo Agnelo aconteceu quando a Sarkis Comunicação se mostrou interessada em adquirir um software específico. O programa tem o objetivo específico de romper as barreiras anti-spam. Assim, com o software instalado, as publicações contra a oposição e a favor da atual gestão alcançaria um maior número de seguidores ao mesmo tempo.
“Há diversos perfis fakes e o software rompe com o limite de spam”, explica Márcia. Hoje, segundo a professora, pelo menos três funcionários da Sarkis são responsáveis por atualizarem as falsas contas nas redes sociais. A empresa funciona em uma mansão no Lago Sul. “Todas as notícias que envolviam o Agnelo eram boas. Há benevolência quanto ao amigo governador. Já os contrários eram duramente atacados”, destaca.
Em junho do ano passado Márcia recebeu uma das tarefas mais intrigantes. Rosa Sarkis Diniz teria pedido uma tradução de um documento que envolvia o nome do deputado Fernando Francischini (PSDB). Mais uma vez a recomendação era de que o trabalho tinha de ser secreto e os cuidados precisariam ser maiores.
Ponto de Vista
A deputada distrital Celina Leão considera os ataques dos perfis fakes “difamatórios”. O esquema mafioso, diz ela, é financiado com recursos públicos. “Não dá para acreditar que o GDF não tinha conhecimento de toda a situação. Há testemunhas oculares que revelam e denunciam o esquema. Inclusive será levada ao plenário a proposta de criar uma CPI para fiscalizar o governo”.
Burlar sistemas anti-spam era cuidado maior
Um dos indícios mais fortes de que se usavam perfis falsos para sustentar o governo Agnelo aconteceu quando a Sarkis Comunicação se mostrou interessada em adquirir um software específico. O programa tem o objetivo específico de romper as barreiras anti-spam. Assim, com o software instalado, as publicações contra a oposição e a favor da atual gestão alcançaria um maior número de seguidores ao mesmo tempo.
“Há diversos perfis fakes e o software rompe com o limite de spam”, explica Márcia. Hoje, segundo a professora, pelo menos três funcionários da Sarkis são responsáveis por atualizarem as falsas contas nas redes sociais. A empresa funciona em uma mansão no Lago Sul. “Todas as notícias que envolviam o Agnelo eram boas. Há benevolência quanto ao amigo governador. Já os contrários eram duramente atacados”, destaca.
Em junho do ano passado Márcia recebeu uma das tarefas mais intrigantes. Rosa Sarkis Diniz teria pedido uma tradução de um documento que envolvia o nome do deputado Fernando Francischini (PSDB). Mais uma vez a recomendação era de que o trabalho tinha de ser secreto e os cuidados precisariam ser maiores.
Dossiê falso contra deputado na web
Márcia revela que o documento sigiloso que lhe foi entregue por Rosa Diniz era na verdade um dossiê montado contra o deputado Fernando Francischini. O texto se referia a cadáveres e a corpos em estado de mutilação e apontava o deputado, antes subsecretário de Segurança Pública do Espírito Santos, como o responsável pelas cenas de horror — que supostamente teriam acontecido dentro de presídio do Paraná.
“A Rosa me disse que estava terminando de montar um dossiê e me mandaria o material. Eu achei esquisito, mas traduzi o documento para o inglês. O texto serviu para que criassem um pseudoblog que foi alimentado com dossiê com o que eu traduzi. A impressão é de que o documento tinha sido originado lá de fora”, aponta.
Um dos blogs sobre os quais ela levanta a hipótese de ser falso é a de Lucia Pacci, pretensa jornalista que também disparava acusações. A maior desconfiança é de que o blog fosse de Rosa Diniz. Na página pessoal ela publica uma nota de esclarecimento sobre as denúncias contra a empresa Sarkis Comunicação. Uma outra usuária do Facebook chega a comentar “Quer dizer então que você é a Lúcia Pacci?”. Como resposta, Rose publica que é militante pelos direitos humanos.
Ataques à TV Globo
A página de Lucia Pacci traz até ataques à emissora de televisão Rede Globo. A última postagem, em 16 de junho, trata a empresa de comunicação como “falida e desorientada”. Inclusive em outra publicação Lucia Pacci se refere a um conhecido jornalista da Globo — dá a entender que se trata de Alexandre Garcia —, atribuindo-lhe a afirmação de que a emissora pratica “ um jornalismo da pior qualidade com ditos ‘especialistas’, que opinam bobagens do achismo, só visto em filmes de folhetim barato”.
Por meses, Márcia exerceu a função chamada de coordenadora de produção na Sarkis Comunicação. A atividade que lhe competia era traduzir material, inclusive do GDF. Deixou a empresa em março. “Eu não via dinheiro entrando e nem patrocínio. Não sabia nem mesmo quem é que me pagava”, afirma.
Dono da Sarkis Comunicação, Sérgio Diniz recebeu ontem a reportagem do Jornal de Brasília na mansão do Lago Sul onde funciona a empresa. Sérgio destacou que a Sarkis Comunicação presta serviço de consultoria de sites e tecnologias. Oferece cursos de mídia training e assessoria de imprensa.
Sede fica em mansão do Lago Sul
A Sarkis Comunicação funciona em uma mansão do Lago Sul, localizada na QI 07. Antes o escritório era localizado no Setor Comercial Sul (SCS), mas Sérgio e Rosa Diniz decidiram alugar uma casa, entre outras coisas, por acharem mais cômodo o estacionamento. Sérgio Diniz recebeu a reportagem e gravou a entrevista que aconteceu na tarde de ontem. O JBr também a gravou. “Não conheço Lúcia Pacci e não faço ideia de quem seja”, disse. “Essas denúncias são calunias. Não trabalho para o governo Agnelo e não tenho tempo de praticar essas atividades. Somos de uma oposição consciente e responsável ligada ao PSB-DF”, garantiu.
isa.coelho@jornaldebrasilia.com.br
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
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