Irritado com críticas de aliados, o vice-presidente Michel Temer chegou a redigir uma nota anunciando o rompimento da parceria entre o PMDB e o PT
Robson Bonin
Fissão na base - Acusado pelos petistas de 'sabotador', Michel Temer, conhecido pelo temperamento afável, reagiu e exigiu uma retratação pública (Pedro Ladeira/Folhapress)
Quando recebeu a faixa presidencial das mãos de Lula, em 2011, a presidente Dilma Rousseff herdou um governo com popularidade nas alturas e uma oposição praticamente dizimada no Parlamento. Sua posse foi também o início de um projeto de poder ainda mais ambicioso. A aliança entre PT e PMDB, além de vitoriosa nas urnas, rendeu a ambos a soberania no papel de protagonistas políticos. Peemedebistas e petistas comandam o governo federal, o Congresso, administram dez estados e milhares de prefeituras país afora. Essa simbiose, porém, esteve por um fio. Em uma crise que por pouco não atingiu o ponto de ebulição, os dois partidos estiveram muito perto de um rompimento definitivo, com direito a troca de xingamentos, ameaças e uma inédita explosão de ira do vice-presidente Michel Temer - que chegou a anunciar aos conselheiros mais próximos a intenção de romper definitivamente a parceria com o governo. Foram oito horas de tensas negociações que envolveram a presidente Dilma Rousseff, dois ministros de estado e as lideranças dos partidos - e que atingiram o ápice com a redação de uma nota na qual os peemedebistas anunciavam a surpreendente decisão.
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