terça-feira, 26 de agosto de 2014

Movimento defende a preservação do Drive-In


Urbanistas e arquitetos querem que o cinema seja patrimônio cultural.

Último representante no Brasil, o Cine Drive-In tem futuro incerto com o anúncio da reforma do Autódromo Internacional Nelson Piquet. Diante dessa insegurança, o grupo Urbanistas por Brasília lançou uma campanha para preservar o cinema ao ar livre. O objetivo é reunir 5 mil nomes e entregar um abaixo-assinado para pedir aos deputados distritais que analisem o Projeto de Lei nº 1.608/2013, que torna o local patrimônio cultural material do Distrito Federal. Até agora, mais de 4,6 mil pessoas assinaram o documento...

No início da noite, a Terracap afastou a possibilidade de acabar com o Drive-In. Por meio de nota, a instituição informou que  as obras do autódromo, que serão iniciadas em novembro, não interromperão o funcionamento do espaço “durante e depois da reforma”.

A preocupação dos arquitetos e  urbanistas surgiu com o anúncio da reforma do autódromo ainda neste ano para receber a Fórmula Indy em 2015. Sem saber o destino do Cine Drive-In, eles saíram em defesa do local. “Ele virou uma peça de memória para a cidade. Nasceu em uma época conjunta à construção do Mané Garrincha e proporcionou à população uma das poucas opções de cinema na cidade na década de 1970”, comenta o professor fundador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Brasília (UCB) e um dos criadores do grupo Urbanistas por Brasília, Frederico Barboza.

Apesar de ser o último no país e de ter perdido espaço para as modernas salas e para tecnologias como 3D, Barboza sinaliza que as exibições de cinema ao ar livre têm crescido nos últimos anos no Brasil. “Ainda é algo muito aprazível a qualquer cidadão. Recebe qualquer pessoa e você não tem que sair do carro. Só por esse quesito de acessibilidade já tem um valor enorme”, avalia o professor. Para ele, preservar o Cine Drive-In é promover a preservação urbanística de Brasília. “Estamos lutando por um bem cultural e pela sua memória”, completa.

Insegurança
A sócia-administradora da empresa que explora o Cine Drive-In, Marta Fagundes, se diz preocupada com o futuro do lugar e afirma que ainda não teve a oportunidade de ver o projeto definitivo da reforma do autódromo. “Parece que haverá uma mudança na pista, mas a gente não sabe direito”, preocupa-se. Para ela, a iniciativa do grupo Urbanistas de Brasília de entregar o abaixo-assinado, na Câmara Legislativa, representará a segurança do patrimônio histórico, a preservação do único cinema desse tipo no Brasil.

Marta admite a necessidade de modernizar o local, mas não se sente segura para fazer altos investimentos sem a garantia de continuidade do funcionamento do cinema. “Precisamos comprar novos equipamentos de projeção para acompanhar o parque exibidor. Todo mundo já tem projetores digitais, mas é um investimento muito alto a ser pago a longo prazo. Precisamos ter a garantia de continuidade”, completa.

O Cine Drive-In foi inaugurado em 1973. O pai de Marta trabalhava como gerente no local e, em 1989, ela teve a oportunidade de comprá-lo. Nos anos 1980, viu o público diminuir com o surgimento dos shoppings e outros cinemas na capital. Hoje, o lugar que abriga a maior tela de projeção resiste ao tempo graças a uma equipe que tenta manter viva a tradição do cinema ao ar livre. O espaço tem capacidade para 500 carros e recebe, em média, 1,5 mil veículos por mês.

Em contato telefônico, a subsecretária de Comunicação afirmou que quem pode responder pelo espaço e pela reforma é a Novacap. Até o fechamento desta edição, a reportagem tentou falar com a presidente do órgão, Maruska Lima, mas sem sucesso.
Fonte: Correio Braziliense

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