Posto da Torre, em Brasília, funcionava como entreposto de entrega de dinheiro vivo enviado por doleiros a políticos
Gerente geral do Posto da Torre, em Brasília, Ediel Viana da Silva confirmou, em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que a empresa funcionava como entreposto de entrega de dinheiro vivo enviado por doleiros a políticos de Brasília. Segundo ele, no posto, também funcionava uma casa de câmbio comandada por um cunhado do doleiro Carlos Habib Chater, o dono do estabelecimento. O doleiro Alberto Youssef, que foi ouvido na terça-feira pela Justiça, confirmou ter feito remessas para que Chater as entregasse a seus clientes: agentes políticos de Brasília. O dinheiro, segundo ele, era originário de pagamentos de empreiteiras e empresas de petróleo...
— Eles (agentes políticos) não vinham pessoalmente ao posto. Eram terceiros. Muita gente retirava dinheiro no posto — informou Silva, que disse não conhecer os agentes políticos que recebiam o dinheiro.
Silva afirmou que as quantias que entravam no estabelecimento serviam como capital de giro para o negócio, que movimenta R$ 50 milhões por ano e tem retorno de cerca de 10%. Ele também explicou que a conta do posto estava sempre negativa e que o dinheiro encaminhado por doleiros ajudava a equilibrar a situação financeira, que ele descreveu como sendo “caótica”.
Ao juiz, Chater afirmou que seu único patrimônio, além do posto em situação financeira precária, é uma casa em Brasília. Silva, porém, atribuiu a má situação do posto à administração de Chater, que fazia retiradas para seu patrimônio pessoal. O gerente afirmou que Chater possui dois flats num prédio em frente ao posto, terras em Palmas (TO), um condomínio, terrenos e apartamento em Águas Claras (DF).
— Eu achava que ele era enrolado, mas não criminoso — afirmou o gerente, que trabalhava com Chater desde 2003.
Silva afirmou ainda que João Claudio Genu (ex-chefe de gabinete da liderança do PP na Câmara e condenado no mensalão) e Pedro Corrêa (ex-deputado federal pelo PP e cassado por envolvimento no mensalão) frequentavam o posto. Genu usaria uma terceira pessoa, identificada como Lucas, para retirar o dinheiro encaminhado por Youssef, que confessou operar os recursos de propina de obras da Petrobras destinada a políticos do PP. Côrrea, segundo ele, esteve uma ou duas vezes com Chater, e, depois, “saíram valores”.
Silva afirmou que o controle da entrada e saída de dinheiro do posto era feito por outro funcionário de Chater, André Catão de Miranda. Segundo investigações da PF, pelo sistema de Chater teria passado também dinheiro de tráfico internacional de drogas. Em depoimento à Justiça, Chater negou que seja doleiro e afirmou que só recorria a dinheiro de doleiros para equilibrar as finanças do posto.
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