Sitiada por uma conjuntura que rosna para sua autoridade, Dilma Rousseff é pressionada a esboçar uma reação. Sob aconselhamento de Lula, tenta dar à luz uma agenda. Algo que lhe permita evoluir da lamentação depois do fato para a sensação de que comanda.
No momento, Dilma e seus conselheiros iludem-se com uma fantasia: a ilusão de que a indicação imediata de uma nova equipe econômica fará o noticiário, hoje monopolizado pelo mega-escândalo de corrupção na Petrobras, mudar de assunto.
De fato, há enorme curiosidade para saber quem será incumbido por Dilma de tourear as dificuldades econômicas que ela legou para si mesma. Mas a revelação do nome do sucessor de Guido Mantega não resolve a crise na Petrobras, que logo irá se transformar numa crise do Legislativo, com ramificações no Executivo.
De resto, a escolha do titular da Fazenda fará brotar cobranças novas. A lista de cotados ainda inclui Luís Carlos Trabuco, presidente do Bradesco. Se vingar, Dilma será convidada por Marina Silva a desculpar-se com Neca Setúbal.
Com ou sem Trabuco, o governo terá de apresentar um programa de cortes de despesas capaz de projetar para 2015 um cenário menos vexatório do que esse que está pintado no vermelho das contas de 2014.
A acidez da conjuntura já não permite prolongar o discurso econômico aguado e evasivo da campanha. Se der ouvidos a Lula, Dilma não hesitará em aplicar um receituário com ingredientes do programa do adversário. E ouvirá de Aécio Neves a provocação de que precisa pagar royalties ao economista tucano Armínio Fraga.
Dilma pediu e a maioria do eleitorado lhe deu a oportunidade de esticar a permanência do PT no poder federal por mais quatro anos. Agora, precisa responder: para quê? Vem daí a correria das útimas horas para fazer o parto de uma agenda. Nem que seja a fórceps.
FONTE: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2014/11/20/sob-pressao-dilma-tenta-dar-a-luz-uma-agenda/
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