quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O DF é a unidade da Federação com maior índice de agressões contra idosos

Segundo o Centro Judicial do Idoso, a capital teve 550 casos por grupo de 100 mil habitantes no ano passado, um crescimento de 46% em relação a 2012



Uma mulher arrasta pelo braço uma senhora que anda com dificuldade. Dá cotoveladas nas costelas dela, xinga. Insiste para que a idosa ande depressa e entre na agência bancária. A cena choca e desperta indignação de quem passa pelo local. A PM é chamada e tenta parar a agressora, que dispara a seguinte frase: “Da minha mãe, cuido eu”. Mas não foi esse o entendimento da Justiça. Denunciada pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), em outubro, ela acabou condenada a seis meses de detenção. Casos como esse viraram rotina na cidade, como mostra o Mapa da Violência contra a Pessoa Idosa no DF, divulgado ontem pelo Centro Judicial do Idoso (CJI). Segundo o estudo, houve um crescimento de 46% nos registros em 2013.

“O número é significativo e reflete a quase inexistente política voltada ao idoso no Distrito Federal. Trata-se de aumento real”, confirma a promotora Sandra Julião, uma das coordenadoras da CJI. O projeto reúne Ministério Público, Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios e Defensoria Pública do DF e tem objetivo principal de promover um trabalho preventivo das questões relacionadas ao envelhecimento.

Além de apontar filhos e netos como principais agressores, o estudo revela que as mulheres são as principais vítimas e a violência psicológica é a que mais as afeta (veja quadro) as pessoas idosas. O consumo de álcool e drogas por parte de parentes dependentes químicos é mencionado como um dos principais motivadores das agressões. “Não existe um sistema de saúde mental no DF. Quem vive com usuários dessas substâncias não conta com uma rede de apoio capaz de abrigá-los, não existe residência terapêutica”, diz a defensora pública Elisângela Guimarães.

No ano passado, 3.052 casos foram registrados, contra 2.089 em 2012. Os dados incluem denúncias feitas ao CJI, ao Disque 100 e ao Núcleo de Estudos e Programas na Atenção e Vigilância em Violência, órgão ligado à Secretaria de Saúde. Quando analisados os números nacionais, o Distrito Federal lidera, proporcionalmente, o ranking da violência contra idosos com 550,57 casos por 100 mil habitantes. Em seguida aparecem Amazonas (448,24) e Rio Grande do Norte (378,26). “Acredito que as pessoas sejam mais conscientizadas aqui e tenham mais noção dos seus direitos”, avalia a defensora pública.


FONTE: CORREIOWEB

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