quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Prandelli e o contraste arena x favela no Brasil: 'É impossível jogar bem'

Perto de encontro com o Papa, técnico da Itália fala em disparidade entre
a riqueza e a pobreza do Brasil. E aposta no sucesso de Neymar e Messi


Cesare Prandelli treino Itália (Foto: AP)Cesare Prandelli no treino da Itália (Foto: AP)
O técnico da seleção italiana, Cesare Prandelli, disse nesta quinta-feira ao jornal "La Gazzetta dello Sport" que se surpreendeu com o contraste econômico-social encontrado durante a estadia no Brasil para a disputa da Copa das Confederações, em junho. Segundo ele, era impossível jogar bem depois de perceber a disparidade entre riqueza e pobreza, principalmente quando se via as milionárias arenas muito próximas das comunidades carentes.

Perto de um encontro com o Papa Francisco - Itália e Argentina farão amistoso no próximo dia 14, em Roma -, Prandelli mostra-se preocupado com a expansão da diversidade social pelo mundo.

- A Copa das Confederações já me deixou a impressão de fortes contrastes entre os novos estádios e a miséria ao seu redor. Em seguida, uma multidão em manifestações nas ruas. Quando há tantos jovens nas ruas, você tem que ouvir. A prioridade não é o futebol. A prioridade são as escolas, os cuidados hospitalares, o trabalho... Eu acredito que o Mundial no Brasil pode coexistir com uma melhor política social. Claro que é impossível jogar bem num estádio que custou R$ 800 milhões e fica a 100 metros de uma favela de 120 mil pessoas, das quais 20% não têm o que comer. Mas nós não pensamos só na América do Sul. Os contrastes estão em expansão na Europa, e neste ritmo, nós também viveremos blindados, teremos nossas favelas.

Prandelli ainda lembrou da tentativa frustrada de Mario Balotelli de visitar uma comunidade de Salvador.

- Quando me pediu para sair por causa da favela, ele tinha uma alegria nos olhos. Eu tive que dizer sim, mesmo que ele estivesse blindado no hotel.

Perguntado sobre a dupla Neymar e Messi, o técnico disse apostar no sucesso dos dois no Barcelona. Para ele, o brasileiro não ficará apagado, como foi o caso de Ibrahimovic. Na época o sueco acabou perdendo espaço para o companheiro.

- Não. Neymar sabe ser grande e generoso. Ele me impressionou na Copa das Confederações. Messi é o número um, é claro, mas os dois vão trabalhar bem juntos
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