Comitê Organizador da Rio-2016 vai gastar R$ 7 bilhões com Jogos e transferiu responsabilidades
Engana-se, porém, quem acredita que o fato de o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 dispensar a ajuda governamental significa que a Olimpíada de 2016 sairá mais barata aos cofres públicos. Na verdade, o comitê transferiu parte de suas responsabilidades a Prefeitura do Rio, governo do Estado e governo federal. Agora, serão eles quem vão providenciar parte do que, inicialmente, seria providenciado pelo comitê.Quatro anos após o Rio de Janeiro ser eleito sede da Olimpíada de 2016, o comitê organizador do evento finalmente divulgou seu primeiro orçamento dos Jogos. O órgão, que será o responsável pela operação do evento (alimentação de atletas, equipamentos esportivos, etc), informou que pretende gastar R$ 7 bilhões para cumprir com suas obrigações olímpicas. E mais: não usará nenhum recurso público para isso.
A transferência de responsabilidades já estava sendo discutida entre governo e comitê há algum tempo. Foi confirmada após a divulgação do orçamento do órgão na tarde de quinta-feira. Representantes do comitê não disseram o que exatamente deixará de ser feito pelo órgão e será realizado por governos. Contudo, fato é que a mudança já foi consumada.
Manobra matemática
Quando o Rio de Janeiro apresentou sua candidatura à sede da Olimpíada, ainda em 2008, o custo da preparação da cidade para o evento foi dividido em dois. Construção de linhas de transporte público, obras em aeroportos ou mesmo de estádios ficaram sob a responsabilidade do governo. Já despesas diretamente ligadas aos Jogos, como acomodação de atletas e o programa de voluntários, foram atribuídas ao comitê organizador.
Esse comitê é uma entidade privada. Ele vende direitos de patrocínio da Olimpíada, ingressos e outros produtos ligados aos Jogos para arrecadar dinheiro e custear suas despesas. Mesmo assim, caso ele não consiga ganhar tudo o que precisa gastar, há um compromisso de governos com o COI (Comitê Olímpico Internacional) de injetar dinheiro no órgão para que a diferença seja paga.
No caso do Brasil, a aporte dos governos no comitê foi estimado em R$ 1,4 bilhão em 2008. No dossiê de candidatura do Rio a sede dos Jogos de 2016, foi informado que esse valor seria necessário para custear algumas estruturas olímpicas.
Acontece que o plano mudou. O Comitê Rio-2016 decidiu ser independente de recursos públicos. Para isso, passou para o governo a responsabilidade de pagar o que próprio comitê pagaria usando o dinheiro do governo.
Questões em aberto
Apesar dessa decisão já ter sido tomada, nem o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Nuzman, nem o diretor geral do órgão, Sidney Levy, detalharam o resultado das transferências. Durante a entrevista coletiva que ocorreu após a apresentação do orçamento do comitê, ambos foram seguidamente questionados sobre o assunto, mas se recusaram a responder.
A justificativa é que, como agora a responsabilidade é governamental, é o governo quem deve falar a respeito. Informações sobre as ações do governo relacionadas à Olimpíada serão divulgada na terça-feira.
"Nós [do comitê] e o governo chegamos à conclusão que dinheiro público e privado não devem ser misturados", explicou Levy. "O que governo fará para a Olimpíada será divulgado pela Autoridade Pública Olímpica [APO], que coordena essas ações."
Orçamento equilibrado
Com o governo custeando mais coisas do que o inicialmente previsto, Levy assegurou que o orçamento do Comitê Rio-2016 está equilibrado, contando só com recursos privados. Os R$ 7 bilhões que serão gastos pelo órgão sendo arrecadados com patrocinadores, COI ou outras ações. Segundo ele, 70% das receitas já estão garantidas.
Isso se deve ao grande interesse de empresas sobre os Jogos Olímpicos do Rio, disse Sidney. O diretor geral afirmou, inclusive, que a previsão de arrecadação com patrocínios cresceu desde que o Rio foi escolhido como sede da Olimpíada. O aumento vai cobrir a elevação dos custos que o órgão vai ter com o evento.
Em 2008, foi estimado que o Comitê Rio-2016 gastasse, sem contar a ajuda do governo, R$ 4,2 bilhões com a Olimpíada. Seis anos depois, porém, esse valor já atingiu os R$ 7 bilhões. Ressalta-se que cerca de R$ 1,3 bilhão desse novo valor é referente a correção monetária acumulada no período.
Nuzman mostrou-se satisfeito com o gasto. Disse que ele é 30% menor do que o do Comitê Organizador dos Jogos de Londres-2012. Em Londres, segundo ele, o comitê gastou cerca de R$ 12 bilhões.


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