Obama diz que
não abre mão do poder de espionar
AE - Agência Estado
O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, deixou claro nesta sexta-feira que seu governo não tem
nenhum plano de interromper a coleta diária de registros telefônicos de milhões
de norte-americanos, mas prometeu desenvolver um sistema de supervisão das
operações.
Numa entrevista coletiva
convocada com o objetivo de aplacar o descontentamento com as recentes
revelações sobre dois amplos programas de espionagem cuja existência o governo
chegou a negar, Obama disse que o governo pretendia divulgar em breve mais
informações sobre como os dados são coletados nos EUA e no exterior, assim como
as razões para essa coleta ser feita sem aviso prévio. O programa foi
autorizado pelo Ato Patriótico dos EUA, aprovado de emergência pelo Congresso
após os ataques terroristas contra os EUA em 11 de setembro.
"Considerando a história de
abuso de governos, é certo se perguntar sobre vigilância", afirmou Obama.
"Não é o suficiente para mim confiar nestes programas, os americanos
precisam confiar também", acrescentou.
A Agência Nacional de Segurança
disse que os registros de telefonemas são os únicos coletados pela Lei, mas
autoridades deixaram abertas possibilidade de se criar base de dados similares
de transações feitas com cartões de crédito, registros em hotéis e buscas na
internet.
As mudanças endossadas por Obama incluem a criação de um painel externo
consultivo para rever os poderes de investigação dos EUA; escritório fixo para
a NSA, e a criação de uma procuradoria independente para argumentar contra o
governo diante de um tribunal nacional de investigação. Todas essas novas
políticas podem fazer a maior parte de seu trabalho em segredo.
As novas propostas devem espalhar um longo debate nacional sobre o
equilíbrio entre o controverso programa de espionagem do governo e a
privacidade dos americanos.
A administração de Obama afirma que o registro de telefonemas é feito
apenas quando está investigando suspeitos de terrorismo. Mas testemunho diante
do Congresso revelou como isso é facilmente feito com americanos que não
possuem conexão com o terrorismo para que o padrão de telefonema possa ser
analisado pelo governo.
Quando a NSA identifica um suspeito, ele pode conduzir a três
"saltos". Isso significa que os analistas podem não apenas analisar
os registros telefônicos de suspeitos, mas também os registros de qualquer
pessoa para quem esse suspeito ligar, qualquer pessoa que ligar para ele e
qualquer pessoa que ligar para essas pessoas que ligaram para o suspeito.
Pelo efeito multiplicador, se uma pessoa liga em média 40 vezes para uma
única outra pessoa, o resultado da análise do governo pode chegar ao registro
de 2,5 milhões de americanos quando se investiga apenas um suspeito.
Considerando a escala dos dados do programa de registros de telefonemas, Obama
disse que são compreensíveis as preocupações com o potencial de abuso.
Propostas
As duas maiores propostas de Obama vão precisar de aprovação no
Congresso que se esforçou para aprovar uma lei menos controversa. Na
demonstração mais potente de força, a Câmara rejeitou por estreita margem uma
emenda que pedia o corte de fundos para o registro de telefonemas da NSA.
Obama surgiu na cena política nacional como um crítico dos programas de
espionagem do governo, mas mudou sua posição em relação à esses assuntos várias
vezes desde sua campanha para o Senado em 2004.
Em 2005, durante o debate no
Senado sobre a retoma da Ato Patriótico, Obama foi um dos nove senadores que
assinaram uma carta demonstrando preocupação com a possibilidade de os líderes
abusarem do funcionamento do Ato. Ele focou em particular a seção 215, que ele
e outros senadores disseram poderia permitir "expedições de caça a
americanos inocentes."
Autoridades da Casa Branca disseram que o presidente chegou à conclusão
divulgada nesta sexta-feira após uma série de discussões com parlamentares e
outras autoridades. Mas o presidente enfrenta a resistência firme à sua posição
entre os membros de seu próprio partido no Congresso.
Edward Snowden
Obama foi pressionado a falar sobre segurança doméstica após o
ex-analista do governo Edward Snowden ter vazado documentos secretos expondo
programas da NSA que guarda anos de conversas telefônicas entre
norte-americanos. A revelação levou a reconsideração mais significava já feita
sobre os poderes de vigilância que o Congresso garantiu ao presidente americano
após os ataques do 11 de setembro.
Em relação à Snowden, Obama disse que sua decisão de revelar programas
de segurança do governo não é patriotismo. "Não acredito que Snowden seja
um patriota", afirmou. O presidente também disse estar estimulando o
presidente Russo, Vladimir Putin, "a pensar para frente ao invés de para
trás" em suas relações com os EUA.
O presidente americano afirmou que acredita que as relações entre as
duas super potências estão difíceis e que progressos foram feitos até Putin ter
reconquistado a presidência do país. Agora Obama diz que existe uma "série
de diferencias emergenciais", que incluem Síria e direitos humanos.
A Casa Branca cancelou o planejado encontro entre Obama e Putin no
próximo mês em Moscou, apois a Rússia ter se recusado a entregar Snowden aos
EUA para enfrentar acusações de vazamento de segredos nacionais.
Al-Qaeda
Em relação ao terrorismo, o presidente dos EUA disse que o grupo
principal da Al-Qaeda, foi dizimado, mas seus grupos regionais continuam
poderosos o suficiente para atacar os interesses dos EUA.
Obama afirmou que o núcleo da Al-Qaeda está menos capaz de um ataque
terrorista nas proporções dos ataques de 2001, mais grupos como o do Iêmen tem
potencial para atacar as embaixadas e os negócios dos EUA em todo o mundo.
A ameaça de um ataque levou os EUA a fecharem 19 postos diplomáticos no
Oriente Médio e no Norte da África na semana passada. A inteligência dos EUA
interceptou uma mensagem entre importantes militantes da Al-Qaeda e seu braço
no Iêmen sobre planos de um grande ataque terrorista cujo alvo era os EUA ou
suas embaixadas no exterior. Fonte: Associated Press. Fonte: Dow Jones
Newswires.
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