segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Acordos de partidos dão largada às eleições de 2014

A sinalização de aliança entre PT e PMDB, o ingresso de Roriz no PRTB, presidido por Luiz Estevão, e a provável entrada de Arruda no PR provocaram intensa movimentação nos últimos dias

 
 
O desenho da disputa eleitoral de 2014 começa a ser traçado de forma mais clara. Ainda que a definição oficial das alianças só ocorra no ano que vem, as principais forças da capital federal já estão se posicionando e o início de outubro será decisivo. Após a movimentação da cena política na semana passada, os próximos dias serão ainda mais intensos. Cada partido montará o seu exército de filiados até cinco de outubro, prazo final de mudanças partidárias para quem vai concorrer a um cargo público no ano que vem. ...

 Uma sinalização importante envolve a manutenção da aliança entre PT e PMDB, que elegeu a dobradinha Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli ao Palácio do Buriti em 2010. Depois de um período de turbulências e rumores de racha entre os dois principais partidos do governo, um almoço na Residência Oficial de Águas Claras na última quarta-feira, com a presença de dirigentes nacionais, serviu para delimitar os rumos de um tratado de paz. Os peemedebistas querem mais interlocução e mais espaço, mas já entenderam que juntas as duas legendas têm muito mais força do que separadas. Os dois grupos deixaram o encontro com o discurso da “reedição da aliança” e de “boa vontade de ambas as partes”.

Da reunião em Águas Claras saiu um aviso claro para os adversários, que reagiram com acordos importantes. O ex-governador Joaquim Roriz (PRTB), que vinha flertando com peemedebistas, definiu também o rumo de seu grupo político. Dispensou o PSD, do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, foi vetado pela cúpula do DEM e não se acertou com o PSDB. Buscou abrigo no partido de um antigo aliado, o ex-senador Luiz Estevão que está inelegível. Levou junto a filha caçula, a distrital Liliane Roriz, possível candidata ao Buriti, e já se articula para tentar formar uma coalizão de oposição para tentar desalojar petistas e peemedebistas do poder a partir de 2015.

Conversas

 Apesar de ter fechado a porta para a entrada de Roriz, os tucanos enviaram uma emissária de paz: a ex-aliada Maria de Lourdes Abadia. A ex-governadora almoçou com Roriz na última sexta-feira. Há, no entanto, uma resistência nacional para uma aliança com Roriz e Estevão. Os tucanos filiaram na semana passada o deputado federal Luiz Pitiman. Ele chega com intenção de concorrer a cargo majoritário. Em evento ontem na sede regional do PSDB, o parlamentar fez um duro discurso contra o PT.

 Entre os antigos caciques políticos no DF, o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) também se prepara para voltar à cena. Não significa ainda que será candidato, mas ele busca as condições para entrar em campo. Para isso, deve se filiar ao PR. Até a semana passada presidente regional do partido, o deputado Roberto Fonseca, da base de Agnelo, deixou a legenda e assinou filiação ao recém-criado Pros.

 Da chapa original de Agnelo em 2010, Filippelli deve permanecer como aliado em 2014, mas o governador do DF já perdeu um parceiro, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e ainda deve ter entre os adversários o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT). O parlamentar tende a permanecer no PDT, mas vem sendo cortejado pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, mentora da criação da Rede Sustentabilidade. Pelo novo partido, caso saia do papel, Reguffe deve concorrer também ao Palácio do Buriti.

De olho

 Os integrantes dos partidos que compõem a base de sustentação ao governo Agnelo Queiroz acompanharam com interesse as notícias sobre o encontro entre PT e PMDB, na semana passada. De acordo com o secretário do Conselho de Governo, Roberto Wagner (PRB), as demais legendas precisavam da sinalização para que todo o grupo permanecesse unido. “Vimos o indicativo de acordo com alívio”, disse. A continuidade de algumas siglas na base, como PTB, ainda não está garantida.

Para saber mais

Calendário eleitoral

 O Tribunal Superior Eleitoral define 5 de outubro de 2013 (um ano antes das eleições) como a data limite para que os candidatos mudem de partido. Trata-se do prazo final para que sejam deferidas e formalizadas as novas filiações, por parte dos diretórios partidários, daqueles que pretendem concorrer a cargos eletivos. É também o dia D para que os filiados estejam regularizados nos Tribunais Regionais Eleitorais quanto à situação de domicílio eleitoral nos estados nos quais pretendem concorrer. Significa que a transferência de endereço de uma unidade da Federação para a outra, caso ocorra, deve estar formalizada, no máximo, até esse prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.

 Para evitar surpresas de última hora, dirigentes da maior parte das siglas têm solicitado aos interessados em filiações que encaminhem toda a documentação até o início desta semana, para que tenham segurança de que nenhum processo deixará de ser concluído após a data limite. Mesmo assim, a correria dos mais atrasados ou dos que deixam a decisão para o último minuto deverá ser intensa nos próximos dias.

 Quanto às legendas, o primeiro sábado de outubro também é o tempo máximo para que consigam registro de seus estatutos no TSE. Enquadram-se nessa situação os novos Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e Partido da Solidariedade — respectivamente 31º e 32º siglas partidárias brasileiras. Quem ainda corre contra o tempo para tentar registro é o Rede Sustentabilidade, cuja criação está sendo arquitetada pela ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva.
 
 
Por Almiro Marcos

Fonte: Correio Braziliense

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