terça-feira, 16 de setembro de 2014

Com aborto em pauta, presidenciáveis fazem 3º debate


Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) terão, em Aparecida, encontro promovido pela CNBB. E discutirão temas caros à Igreja

Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves
Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves (Reuters/EFE//Estadão Conteúdo)
Os candidatos à Presidência da República têm nesta terça-feira seu terceiro encontro marcado, em debate promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela TV Aparecida. Além de assuntos como saúde, educação, habitação, reforma agrária e reforma política, as perguntas elaboradas para os presidenciáveis em colaboração com mais de 350 bispos tratarão de temas caros à Igreja Católica, como a questão do aborto. O cardeal-arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB, afirmou nesta segunda-feira em entrevista coletiva que o objetivo do debate é dar oportunidade para os candidatos exporem seus projetos, de modo a esclarecer os eleitores, especialmente os católicos, a respeito do que pensam e do que pretendem no governo do país.
O evento terá início às 21h30 e será transmitido ao vivo por oito emissoras de inspiração católica, 230 rádios e pelos portais católicos. O mediador do debate será o jornalista Rodolpho Gamberini, da Rede Aparecida de Comunicação. Mais de 350 bispos da CNBB foram convidados para o evento. "Não haverá pegadinhas com perguntas que possam lançar um candidato contra outro, porque à Igreja Católica só interessa a exposição transparente dos pontos de vistas de cada um, numa discussão respeitosa e esclarecedora das principais questões nacionais, algumas delas ainda não levantadas nos debates anteriores", disse Dom Damasceno.
O debate será coordenado pela TV Aparecida e retransmitido pela rede católica de comunicação, formada por canais de televisão, emissoras de rádio e sites espalhados por todo o Brasil, capaz de atingir 90% dos 142,8 milhões de eleitores de todas as regiões. Oito candidatos cujos partidos têm representação no Congresso confirmaram presença. Dividido em cinco blocos, o debate se iniciará com uma pergunta única de Dom Damasceno, dirigida a todos os candidatos. No segundo bloco, oito bispos dirigirão perguntas aos oito candidato presentes, que serão sorteados na hora para responder. No terceiro bloco, jornalistas da mídia católica farão perguntas aos candidatos e no quarto bloco os candidatos debaterão entre eles. O quinto e último bloco será para considerações finais.
"Os oito bispos convidados a participar do debate pela direção da CNBB já gravaram suas perguntas e representam diferentes regiões do Brasil", disse Dom Damasceno, esquivando-se de revelar os nomes dos bispos e o conteúdo das questões levantadas. "É para evitar pressões", justificou. Como a preocupação da Igreja é conhecer o que cada candidato pensa a respeito de valores éticos e morais da vida cristã, é provável que sejam tratadas questões como a defesa da vida (aborto), violências, salários e justiça social. O bispo Dom Geraldo Lyrio Rocha disse em entrevista à TV Aparecida que o debate servirá para que os candidatos “possam responder qual é a posição deles a respeito da defesa da vida, desde o primeiro instante até o seu término natural”.
Pesquisa Datafolha divulgada em 11 de setembro mostra que a presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) lidera as intenções de voto entre os católicos - que representam cerca de 60% do eleitorado no país -, com 40% das intenções de voto. Marina Silva, do PSB, tem 29% e Aécio Neves, do PSDB, 17%. Colaboradores da campanha de Marina esperam um debate "morno". Ela deve insistir no discurso que tem um programa de governo - "ao contrário" de Dilma e Aécio - e que por isso vem sofrendo ataques. Os coordenadores de Marina acreditam que não haverá "clima" para um debate acalorado na CNBB e que as perguntas devem girar em torno de temas como casamento gay e aborto. No máximo, dizem os aliados, os adversários podem explorar o fato de Marina ser seguidora da Assembleia de Deus. "Eles vão tentar expor o lado evangélico da Marina, dizer que eles são católicos", avaliou o responsável pelo comitê financeiro, deputado Márcio França (PSB-SP). Na corrida eleitoral de 2010, Dilma enfrentou resistência entre o eleitorado católico e evangélico em decorrência de controvérsias sobre sua posição em relação à legalização do aborto.
Naquele ano, a questão do aborto tornou-se um dos temas centrais da campanha. Já em 2014 a questão do casamento gay ganha contornos cada vez mais relevantes nos discursos dos candidatos, sobretudo depois de Marina alterar em seu programa de governo os pontos que tratavam do tema.


(Com Estadão Conteúdo)


fonte: Veja

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