quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Quem não tem votos compra


Se não representar região ou ideia, só resta um caminho: distribuir dinheiro

Já é esperado que, no dia 5 de outubro, apareçam nomes completamente desconhecidos na lista de deputados distritais e federais eleitos no DF. É assim em todos os pleitos. E como eles, que não se destacaram na campanha,  foram parar na lista de mais votados? São três as opções de resposta para esta pergunta,  segundo Chico Santa Rita, veterano do marketing político: ou eles representam uma região, ou representam uma ideologia ou compraram seus votos.
“Infelizmente, no Brasil, as pessoas dão muita importância para a eleição majoritária e não dão para os proporcionais. E as campanhas são absolutamente diferentes”, explica Santa Rita, que, no início da campanha, veio  para o Distrito Federal trabalhar  para o candidato tucano ao GDF, Luiz Pitiman.  
Ele explica que há três situações para que o candidato proporcional seja eleito: ou ele atrai os votos de opinião, ou o voto territorial ou ainda o que ele chama de “voto de caminhão”. Se o candidato não representa uma categoria ou  região, há indícios  de que tenha comprado os votos, conforme sua teoria.
A compra não é feita no varejo, voto a voto. Mas no atacado. “O voto de caminhão diz respeito ao  caminhão de dinheiro, que compra as lideranças comunitárias”, explica. 
 Identificar os que serão eleitos com os votos comprados é fácil, diz Santa Rita. “Eles acabam  tendo votos espalhados pela cidade inteira, porque vão comprando as lideranças, que têm o trabalho de angariar os votos no varejo. As lideranças, por sua vez, prometem mudanças para a região ou oferecem dinheiro em troca do apoio”.
Quem atrai os votos  territoriais tem votação expressiva na região que representa e os “de opinião” são os já conhecidos, os que estão à frente nas pesquisas. Como o Tiririca, deputado  por São Paulo, que deve ser reeleito. Ele, segundo a teoria de Santa Rita, tem uma variação do voto de opinião: os de protesto.

 “Deformação”
Para o publicitário, a brecha para compra de voto “é uma deformação do sistema político brasileiro”. Para ele, o ideal seria o voto distrital. “As pessoas ficariam preocupadas como cuidado com  a sua região. Com esse sistema que a gente tem, o eleitor pensa: lá na Câmara tem mais de 500 deputados, este não fará diferença, já que tudo é uma bagunça mesmo”, opina. 

Millena Lopes
millena.lopes@jornaldebrasilia.com.br
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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