domingo, 21 de setembro de 2014

Sest/Senat: esquema criminoso desviou R$ 20 mi


Polícia Civil prendeu quatro ex- diretores, que teriam favorecido também familiares e empresas
Luís Nova
luis.nova@jornaldebrasilia.com.br

O suposto desvio de  cerca de R$ 20 milhões levou à prisão   quatro ex-diretores do Serviço Social do Transporte e do Serviço Nacional do Aprendizado do Transporte (Sest/ Senat). As investigações apontaram que neste esquema, de 2001 a 2012, participavam ainda familiares, empresas   e   diretores  da Confederação Nacional do Transporte (CNT), inclusive o ex-senador  Clésio Andrade (PMDB-MG), suspeito de fraudar documentos.
Não havia mandado de prisão para o ex-senador, mas os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão em sua casa. Ele prestou depoimento em Minas Gerais e, embora seja citado no inquérito, reassumiu a presidência da CNT ontem, após cinco meses afastado.
No DF, além das prisões, a Operação São Cristóvão  conduziu 24 pessoas à Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco),  para prestar depoimento.   Segundo a polícia, os quatro detidos possuem um patrimônio superior a R$ 35 milhões.  Entre eles está a  ex-diretora do  Sest/Senat Maria Pantoja,   50.

Contratos
Segundo o delegado da Deco, Fábio Santos, os suspeitos  desviavam dinheiro de diversas maneiras, entre elas a contratação de serviços não prestados. “Também há indícios de pagamento de quantias  ‘exorbitantes’ aos dirigentes”, relata.
A polícia   questionou o valor  dos pagamentos à  a CNT. A ex-diretora Maria Pantoja, por exemplo, recebia R$ 52 mil   mensais – R$ 26 mil de cada instituição. De acordo com Santos, a resposta da CNT foi uma tentativa frustrada de favorecer o golpe. 
“O presidente da CNT justificou que esses pagamentos eram feitos por meio  de  gratificações regulamentadas em ato normativo. Mas as investigações apontam que este ato foi forjado, ou seja, foi um documento fabricado para tentar justificar aos órgãos de controle”, diz.

Apreensões
Foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos e na CNT (foto). A ação resultou na apreensão de  16 carros de luxo, dinheiro, joias e obras de arte, entre outros bens.  Apesar de os cálculos iniciais apontarem que o valor desviado seja de R$ 20 milhões,    o delegado Fábio Santos  acredita que o valor é muito superior.  “Há uma forte suspeita  que esta fraude começou em 2008. Por causa disso, este rombo pode chegar a mais de R$ 100 milhões”, afirma.

Lava-jato recebeu R$ 2 milhões
De acordo com o delegado Fábio Santos, empresas ligadas a familiares dos diretores recebiam pelos serviços que não chegavam a ser prestados. Eles    emitiam as notas e ficavam com o dinheiro. “Temos um exemplo de um lava-jato  no Jardim Botânico. Foram pagos mais de R$ 2 milhões durante um ano à empresa”, pontua.
Além deste tipo de situação, irregularidades no salário dos funcionários da Sest/Senat chamaram a atenção da Controladoria Geral da União (CGU) ainda em 2013. Foi feita uma auditoria nos rendimentos anuais acima de R$ 300 mil, e os auditores compararam o patrimônio com os salários dos suspeitos.
“O servidor recebia em média R$ 200 mil por ano, mas teve o rendimento acima de R$ 1,5 milhão”, exemplifica o   auditor da CGU,  Israel Reis de Carvalho.
A partir dos indícios, foi criada uma força-tarefa com a Polícia Civil do Distrito Federal, a CGU, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Receita Federal, que investigaram as fraudes.

Indiciamento
Até o momento o inquérito não foi instaurado, mas em alguns dias   a apuração do caso estará completa. Após este período, os envolvidos serão indiciados pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e peculato, pela apropriação do dinheiro público. Segundo a polícia, as  prisões temporárias foram necessárias para evitar  a destruição provas, a criação de documentos,  a combinação de depoimentos e fugas.

Saiba mais
A operação São Cristóvão contou com a participação de mais de 180 agentes e 17 delegados da PCDF. Foram expedidos pela Justiça cinco mandados de prisões temporárias, 24 conduções coercitivas e 21 mandados de busca e apreensão, entre eles o de Minas Gerais.
Após as primeiras prisões, os websites das três instituições foram desativados e os telefonemas não foram mais atendidos.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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