segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Previstas para a Copa, obras de revitalização da área central de Brasília só saem daqui a dois anos

Segundo o GDF, as obras “não eram obrigatórias” para realização da Copa do Mundo de 2014

Entre as obras que não saíram, estão os túneis que ligariam o Mané Garrincha ao Centro de Convenções e ao Parque da CidadeGetty Images
As obras de revitalização da área central de Brasília previstas para a Copa do Mundo só devem ser concluídas daqui dois anos. É o que afirma a Coordenadoria de Comunicação para Grandes eventos do GDF (Governo do Distrito Federal).
Legados considerados importantes para a cidade, os túneis subterrâneos que ligariam o Estádio Nacional Mané Garrincha ao Centro de Convenções e ao Parque da Cidade até hoje não saíram do papel. O mesmo acontece com o túnel que ligaria as vias W4 Norte e W5 Sul, além do paisagismo no entorno do Estádio e do Complexo Ayrton Senna.
Todas essas obras estavam previstas na concorrência de Pré-Qualificação nº 001/2013, que foi suspensa por ordem do juiz de Direito da 1ª Vara Pública do DF, em fevereiro deste ano. Segundo o MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios), autor da ação civil pública contra a Novacap, o certame violava dispositivos da Lei de Licitações, por agregar diversas obras em uma só contratação, acabando com a competição entre as empresas apenas para atender “exigências da FIFA”.
Na época, as obras estavam orçadas em R$ 300 milhões. Hoje, a previsão é um pouco menor: R$ 285 milhões. Segundo a Coordenadoria de Comunicação para Grandes eventos do GDF (Governo do Distrito Federal), todas as obras de revitalização da área central de Brasília foram potencializadas para realização do evento, mas “não eram obrigatórias”. O órgão garante ainda que nova licitação já foi feita e o contrato com a empresa vencedora já está assinado. A expectativa é que as obras comecem em dezembro deste ano para serem entregues no mesmo mês de 2016.
Crítica do projeto, a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB (Universidade de Brasília) Gabriela de Souza Tenorio acredita que a demora pode até ser benéfica, já que os dois túneis privilegiam mais os carros que os pedestres da cidade.
— Tem coisa que é bom quando não sai. Dois túneis, para que isso? Para ficar enterrando cada vez mais a população de Brasília? Quanto mais a gente empurra os pedestres em área não natural, você envia a mensagem: 'vamos liberar as pistas para o carro'. Agora, se tem semáforo, a gente dá outro recado, de que o pedestre tem o seu lugar. Eu tenho uma crítica muito grande a colocar esse túneis no Eixo, não vejo que seja uma coisa que a cidade contemporânea vem fazendo, que é dar menos espaço para o carro e mais conforto ao pedestre.
Com relação a revitalização em torno do estádio, a especialista já tem outra opinião. Para ela, trata-se de uma área que dificulta a circulação de pedestres e, por isso, precisa de melhorias.
— Às vezes queremos usar a bicicleta, mas realmente é muito desconfortável. Então, qualquer ação [em torno do estádio] será muito bem-vinda. Mas, para mim, o paisagismo devia contemplar também sombra e segurança ao longo de todo o Eixo Monumental. Tem gente que fala que é descaracterizar [a área central de Brasília], eu não compartilho dessa visão. Não se trata de construções novas e de grande porte, são obras de menor impacto para o benefício do cidadão.

FONTE: R7 DF

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