quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Costa revela que lobista do PMDB recebeu R$ 2,5 mi em paraíso fiscal

Ex-diretor de Abastecimento afirmou que dinheiro era parte da cota do PP. Fernando Baiano confirma conta no exterior, mas nega propina, diz jornal

O lobista Fernando Baiano, após se entregar à Polícia Federal
O lobista Fernando Baiano, após se entregar à Polícia Federal (Geraldo Bubniak/Folhapress)
Em depoimento prestado após acordo de delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema do petrolão, mantém uma conta no paraíso fiscal de Liechtenstein em que recebeu 2,5 milhões de reais – parte da cota de 1% da propina destinada ao PP. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O delator afirmou ainda aos investigadores que recebeu 3 milhões de reais do lobista, com quem viajou à Suíça. Foi durante essa viagem, segundo Costa, que o ex-diretor da estatal soube da conta secreta de Baiano. Preso há dez dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o lobista afirmou em depoimento que "nunca recebeu qualquer valor de Paulo Roberto Costa". Mas admitiu ter duas contas em Liechtenstein. Ele nega ser operador do PMDB ou ter relação com o esquema desbaratado pela Operação Lava Jato.
Já Costa afirma que ouviu de Baiano a informação de que o lobista possui 4 milhões de reais espalhados em contas no exterior durante uma reunião que ambos tiveram na Petrobras. Baiano afirma que uma conta em Liechtenstein está em seu nome e outra em nome da Technis Engenharia e Consultoria, empresa de que é dono. Ele garantiu aos investigadores que movimenta nessas duas contas apenas dinheiro próprio e "de forma oficial".
O governo da Suíça autorizou nesta quarta-feira a repatriação de 26 milhões de dólares depositados em contas bancárias do ex-diretor da Petrobras no país europeu. O dinheiro é parte do suborno acumulado pelo ex-diretor no esquema de corrupção da Petrobras investigado na Operação Lava Jato. Para ser beneficiado com uma punição mais branda, Costa colaborou com as investigações e aceitou acelerar a perda dos recursos que vão ser utilizados para cobrir parte do prejuízo da estatal. Se Costa não tivesse reconhecido que o dinheiro era fruto de atividade criminosa, o processo de repatriação poderia demorar anos, segundo o Ministério Público Federal.
A força-tarefa do Ministério Público Federal responsável pela Operação Lava Jato também busca a repatriação de recursos escondidos no exterior pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e pelo ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco. Este último já afirmou que vai devolver 97 milhões de dólares.

Os principais personagens da Operação Lava Jato da PF

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Paulo Roberto Costa

Indicado pelo PP à diretoria de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa é um dos pivôs do esquema de lavagem de dinheiro. Ao lado do doleiro Alberto Youssef, montou um esquema de desvio de recursos da estatal para enriquecimento próprio e para abastecer o bolso de políticos e partidos da base aliada. Isso era feito com a assinatura de contratos fictícios, simulando a prestação de serviços entre empresas de fachada e as empreiteiras envolvidas, sempre com a finalidade de dar aparência legítima ao dinheiro desviado. Foi preso em março de 2014 e solto três meses depois, por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Em junho, contudo, voltou para a cadeia por esconder da Justiça que possuía 23 milhões de dólares depositados em bancos suíços. Optou por selar acordo de delação premiada com a Justiça e, em depoimento, arrastou para o centro do escândalo três governadores, um ministro, seis senadores, 25 deputados federais e três partidos políticos (PT, PMDB e PP). Ao desvendar as engrenagens do petrolão, revelou um cartel de grandes empreiteiras que escolhia as obras, decidia quem as executaria e fixava os preços. As empreiteiras superfaturavam os custos e repassavam até 3% do valor dos contratos para os “agentes políticos”. Revelou também os nomes dos operadores dos partidos no esquema, entre eles o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, responsável por receber e administrar o dinheiro desviado da Petrobras para a sigla. Depois de homologado o acordo de delação pelo STF, passou a cumprir prisão domiciliar. 


FONTE: VEJA

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