segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Contrário ao apoio a Aécio, Amaral perde presidência do PSB


Ex-ministro de Lula, Roberto Amaral declarou apoio à presidente Dilma, apesar da aliança firmada com o PSDB. Em seu lugar, assume Carlos Siqueira

Marcela Mattos, de Brasília
Roberto Amaral, ex-presidente do PSB
Roberto Amaral, ex-presidente do PSB (Ivan Pacheco/VEJA.com)
Contrário à aliança do PSB com o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, Roberto Amaral foi substituído nesta segunda-feira da presidência do partido. Em seu lugar assume Carlos Siqueira, hoje secretário-geral da legenda e presidente da Fundação João Mangabeira. Siqueira era braço-direito de Eduardo Campos e coordenava a campanha do socialista, morto há dois meses, mas se afastou do posto após se desentender com Marina Silva.  Historicamente alinhado ao ex-presidente Lula e defensor da reeleição de Dilma Rousseff, Amaral chegou a escrever uma carta de apoio a Dilma.
Ele assumiu o comando do PSB provisoriamente após a morte de Campos. Ex-ministro de Lula e ainda ligado ao petismo, o socialista foi uma das principais vozes contrárias ao desembarque de seu partido do governo da presidente Dilma, em setembro do ano passado, quando Campos iniciava o projeto de concorrer à Presidência da República. A relação, no entanto, ficou ainda mais desgastada na última quarta-feira, quando a maioria do partido decidiu apoiar o PSDB no segundo turno. 
Em nota publicada no sábado, o então presidente disse que o PSB “traiu a luta de Eduardo Campos” ao caminhar junto com o PSDB. “Ao aliar-se acriticamente à candidatura de Aécio Neves, o bloco que hoje controla o partido, porém,  renega compromissos programáticos e estatutários, suspende o debate sobre o futuro do Brasil, joga no lixo o legado de seus fundadores – entre os quais me incluo – e menospreza o árduo esforço de construção de uma resistência de esquerda, socialista e democrática”, afirmou Amaral. No mesmo texto publicado em seu blog, Amaral declarou apoio a Dilma sob o argumento de que essa seria “a única alternativa para a esquerda socialista e democrática” e a “que mais contribui na direção do resgate de dívidas históricas com seu próprio povo”. 
A posição do presidente provocou imediatas críticas dos socialistas: “Se não está satisfeito com a posição que a Executiva tomou, saia dela. Depois da nota não há mais clima para mantê-lo no cargo”, disse o deputado Júlio Delgado, agora na Secretaria Especial, antes do início da reunião.  “Para ser dirigente, tem de respeitar as decisões majoritárias”, continuou Beto Albuquerque, que concorreu como vice na chapa de Marina.
A nova chapa — a única que se apresentou — foi aprovada por aclamação e sem a presença de Amaral. A vice-presidência será ocupada por Paulo Câmara, governador eleito de Pernambuco, e a segunda vice, que ficará responsável pelas relações governamentais, caberá a Beto Albuquerque. Um dos grandes nomes do partido, a deputada Luiza Erundina, que ocupava a Secretaria Especial do PSB, não faz mais parte da Executiva. Também contrária ao apoio a Aécio, ela defendeu que o partido liberasse os militantes para decidir o voto.
Após eleito, Siqueira ressaltou que um presidente deve ser o líder da maioria, e não “da minoria”, e que Amaral foi convidado a continuar na diretoria, mas recusou. “Só não ficaram aqueles que não quiseram ficar”, pontuou. O novo presidente do PSB negou que por trás do apoio a Aécio há promessas de ministérios, conforme Amaral sugeriu em nota, e classificou como “natural” a manutenção da aliança caso o tucano seja eleito presidente da República. “Deixa a eleição acontecer. Mas me parece natural que, se há o apoio durante a eleição, o apoio é mantido na base parlamentar e de governo. Mas isso ainda vai ser discutido”, afirmou Siqueira. 

FONTE: VEJA

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