sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Lula sobre denúncias de corrupção: 'Estou de saco cheio'


Em plenária do PT, ex-presidente admitiu falhas na campanha em São Paulo e fez apelo à militância para 'não abaixar a cabeça' diante das acusações

Eduardo Gonçalves
O ex-presidente Lula, durante comício em Campo Limpo Paulista, São Paulo
O ex-presidente Lula, durante comício em Campo Limpo Paulista, São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA.com)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que não aguenta mais ver o PT envolvido em denúncias de corrupção e fez um chamado à militância para “não abaixar a cabeça” diante das acusações de que o partido recebeu dinheiro ilícito da Petrobras. “Todo o ano é a mesma coisa. É sempre o mesmo cenário: eles começam a levantar as denúncias, que não precisam ser provadas. É só insinuar que a imprensa já dá destaque. Eu quero dizer para vocês que eu já estou de saco cheio", disse em discurso. "Daqui a pouco eles estarão investigando como nós nos portávamos dentro do ventre da nossa mãe”, prosseguiu Lula, voltando a disparar contra a imprensa, na primeira plenária do partido após o primeiro turno da eleição presidencial, no sindicato dos bancários, no Centro de São Paulo.
"Se tem um que comete um erro, tem milhões que não cometem erro nesse partido. Nós não podemos admitir que um partido bicudo venha nos chamar de corruptos”, completou, alfinetando o PSDB diante de uma plateia formada por sindicalistas, políticos e membros de movimentos estudantis. 
No começo do discurso de quase quarenta minutos, o ex-presidente afirmou que há “algo errado” no modo como a campanha petista está sendo conduzida em São Paulo, reconhecendo o fiasco do partido no Estado – onde Dilma conseguiu apenas 25% dos votos, contra 44% de Aécio, e o candidato ao governo, Alexandre Padilha, ficou em terceiro lugar na disputa.
“Nós não fizemos tudo o que poderia ser feito aqui em São Paulo. Eu sinceramente custo a crer que no Estado mais industrial do Brasil, portanto, o mais operário, o presidente da Fiesp [Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo, que ficou em segundo lugar na eleição] teve mais voto que nós”, disse Lula, inconformado com o resultado das eleições em tradicionais redutos petistas como Mauá, São Bernardo do Campo, Santo André, entre outras cidades onde a candidata Marina Silva obteve votação expressiva. 
Seguindo a estratégia da campanha petista, Lula voltou a dizer que a gestão de Fernando Henrique Cardoso foi um “retrocesso” e que os tucanos “governam para a elite”. Em seguida, repetiu o discurso da presidente-candidata Dilma Rousseff de que o PSDB tem preconceito contra nordestinos. No palanque, Lula estava acompanhado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do candidato derrotado ao governo Alexandre Padilha, do candidato derrotado ao Senado Eduardo Suplicy, do presidente nacional do PT, Rui Falcão, do presidente do diretório estadual, Emídio de Souza, além de prefeitos petistas de cidades paulistas e líderes de centrais sindicais. 
Petrobras – Antes do discurso de Lula, o deputado federal Arlindo Chinaglia deu uma coletiva de imprensa para explicar as denúncias de que o ex-presidente cedeu à pressão de partidos aliados para nomear Paulo Roberto Costa ao cargo de diretor de Abastecimento da Petrobras em 2004 – na época, Chinaglia era líder da bancada do PT na Câmara.
Escolhido para rebater as acusações pelo partido, ele as classificou como "mentirosas", listando uma série de projetos que foram votados no período. Segundo Chinaglia, foram votadas quatro emendas à Constituição, 37 medidas provisórias, três projetos de lei, oito projetos de decreto legislativo e oito projetos de resolução. À Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef declarou que a pauta no Congresso foi trancada por três meses como uma maneira de pressionar o então presidente. 

FONTE: VEJA

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