sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Aécio e Marina travam disputa e mobilizam aliados para garantir votos de indecisos


A ex-senadora, atual segunda colocada, de acordo com as pesquisas, está em curva descendente, depois de se tornar alvo preferencial do tucano


Na corrida contra o tempo para consolidar a arrancada final e chegar ao segundo turno, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, aposta em um conjunto de estratégias para ultrapassar Marina Silva (PSB). A ex-senadora, atual segunda colocada, de acordo com as pesquisas, está em curva descendente, depois de se tornar alvo preferencial do tucano e da presidente Dilma Rousseff (PT). Além das iniciativas da campanha, como a priorização da Região Sudeste e a manutenção dos ataques às rivais, Aécio se agarra à avaliação de especialistas de que a última semana é quando o eleitor está mais atento à disputa.

Já o comando de campanha da socialista ampara-se em pesquisas internas que apontam o estancamento da queda de Marina na corrida eleitoral. Com isso, os marineiros apostam que é ela, e não Aécio, que seguirá para uma nova disputa contra Dilma Rousseff. Para isso, contudo, a campanha do PSB precisa descobrir como se defender dos ataques da petista, coisa que não soube fazer até o momento. Segundo o coordenador-geral da campanha de Marina, Walter Feldmann, “o PT está mantendo uma lógica cínica e mentirosa para desconstruir a candidata mais consistente para derrubar Dilma Rousseff”.

Um dos coordenadores da campanha de Marina, deputado Márcio França (PSB-SP), afirma que, nas pesquisas internas feitas pelo PSB, está consolidada a vantagem de seis pontos percentuais da ex-senadora sobre Aécio, o que, em termos numéricos, significa 6,5 milhões de votos. “Para nós, não há o que discutir. O que precisamos, agora, é planejar o segundo turno. E a presidente Dilma tem de se preparar para enfrentar uma candidata com 10 minutos de tempo de televisão, em vez dos dois minutos que temos atualmente”, provocou França.

Embora sem campanha nas ruas hoje, o dia é considerado decisivo por aliados de Aécio. O último debate, à noite na TV Globo, é historicamente o mais assistido pelo eleitor (leia mais na página 3). Além disso, também hoje, será exibido o último programa do horário gratuito. Nos dois, o tucano reforçará a estratégia considerada bem-sucedida por sua equipe de atacar a gestão petista — explorando as denúncias de corrupção — e de associar Marina ao PT. Contra a ex-senadora, Aécio repetirá ainda que, ao mudar de ideia sobre alguns assuntos durante a campanha, como ao retirar o apoio a propostas para a comunidade LGBT, ela não representa uma alternativa segura para quem se cansou do governo petista.

Nas ruas hoje, Aécio espera a atuação da militância do PSDB nas cidades, que, para a campanha tucana, voltou a se entusiasmar com a corrida presidencial nas duas últimas semanas. “Nos últimos dias, houve um aumento muito grande da energia de nossos candidatos a deputado federal, estadual, governadores e os nossos prefeitos. A campanha pegou fogo. E nós vamos para o segundo turno, pois temos a candidatura que está crescendo nesta reta final”, diz o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), candidato a vice.

A outra estratégia é manter o foco na Região Sudeste. Aécio passou a quarta-feira em Minas, onde voltará no sábado, último dia permitido pela Justiça eleitoral para campanha na rua. De acordo com o coordenador da campanha tucana, senador José Agripino Maia (DEM-RN), ele fará caminhada em cinco cidades da Grande Belo Horizonte. Segundo o Datafolha, ele aparece em terceiro lugar nas regiões metropolitanas do país, com 18% das intenções de voto. O percentual ainda está dois pontos atrás do que tinha antes da entrada de Marina na disputa. Como ele conseguiu recuperar o mesmo percentual, ou maiores, em outros grupos (veja quadro), a campanha acredita que há margem para crescimento. Ao investir em Minas, Aécio tenta ainda recuperar votos que perdeu no estado.

Avaliação

De acordo com o Datafolha, em pesquisa feita em 29 e 30 de setembro, a disputa se acirrou. A presidente tem 40% das intenções de voto; Marina, 25%; e o tucano, 20%.

Para Paulo Calmon, professor do Instituto de Ciência Política da UnB, “o processo de formação da decisão do voto” varia ao longo dos três meses de campanha e a última semana é a que o eleitor está mais atento à necessidade de escolher um candidato. “Às vésperas da votação, há movimentos importantes na preferência do eleitorado. Pode haver um fato decisivo que inverta a posição de Aécio e Marina”, diz Calmon. Para ele, a queda da ex-senadora ocorreu por uma série de fatores. “Parte do eleitorado foi impactado pelos ataques do PT e PSDB. Outra decidiu votar na Marina depois da morte de Campos, mas acabou mudando de ideia ao conhecer as propostas dela.”

Vaivém das pesquisas

A três dias das eleições, Aécio e Marina travam uma batalha para disputar o segundo turno contra a presidente Dilma. Confira as mudanças nos últimos 30 dias, em grupos específicos, ocorridas entre o tucano e a socialista nas intenções de voto.

Regiões do país
» A maior inversão nas intenções de voto em Marina e Aécio ocorreu na Região Sul. No melhor momento da ex-senadora, entre 1º e 3 de setembro, de acordo com o Datafolha, ela tinha 16 pontos percentuais de vantagem sobre o tucano. Na última sondagem, em 29 e 30 de setembro, Aécio conseguiu 10 pontos percentuais a mais que Marina e está em segundo lugar. No Sudeste, que concentra quase metade do eleitorado, Marina abriu dianteira de 19 de pontos percentuais sobre Aécio no início do mês passado. Agora, a diferença é de apenas 4 pontos

Religião

» Sob essa perspectiva, Aécio conseguiu a maior arrancada entre os católicos. Entre 1º e 3 de setembro, ele estava 16 pontos percentuais atrás de Marina. Agora, o cenário é outro e o tucano está 2 pontos à frente de Marina. O senador também tem vantagem entre os espíritas: 5 pontos percentuais a mais que a candidata do PSB. Entre os evangélicos, Marina continua em vantagem, mas houve queda da diferença. Em 1º e 3 de setembro, ela tinha vantagem de 29 pontos percentuais entre os pentecostais. Agora, são 23

Idade

» A maior mudança ao longo da campanha ocorreu entre os jovens. Entre 1º e 3 de setembro, Marina abriu 24 pontos percentuais de vantagem sobre Aécio entre as faixas etárias de 16 a 24 anos e de 25 a 34 anos. A ex-senadora continua na frente. Mas hoje a diferença caiu mais da metade. É de 10 e 9 pontos percentuais, respectivamente, nessas faixas. Aécio só está na frente entre as pessoas com mais de 60 anos, com três pontos percentuais a mais que a ex-senadora

Escolaridade

» Marina perdeu voto entre os mais escolarizados. Entre pessoas com ensino superior, a ex-senadora abriu vantagem de 23 pontos percentuais sobre Aécio em seu melhor momento. Atualmente, a diferença caiu para apenas 4 pontos percentuais. A queda ocorreu também entre pessoas com ensino fundamental e médio. No último grupo, enquanto Marina tinha 37% entre 1º e 3 de setembro, agora tem 27%. No mesmo período, Aécio cresceu de 15% para 20%.

Renda

» Marina segue na frente entre as pessoas que ganham até 10 salários mínimos. Mas a vantagem diminuiu nos grupos que ganham essa renda. A maior mudança foi entre os eleitores que recebem de 5 a 10 mínimos. Ela tinha 21 pontos percentuais a mais que Aécio entre 1º e 3 de setembro. Agora, a diferença é de dois pontos. Já entre os eleitores com mais de 10 salários mínimos, Aécio está à frente inclusive da presidente. Ele tem hoje 39%, Marina, 30%, e Dilma, 22%.


FONTE: CORREIOWEB

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