sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Veja os principais destaques de cada bloco do debate entre os candidatos à Presidência

Aécio Neves, Dilma Rousseff, Eduardo Jorge, Levy Fidelix, Luciana Genro, Marina Silva e Pastor Everaldo tiveram duas horas para expor suas ideias. Esse é o último encontro dos presidenciáveis antes do primeiro turno




1º bloco

Corrupção, Petrobras e uso dos Correios na campanha do PT


O primeiro bloco do debate entre os candidatos à Presidência começou com uma série de ataques a casos recentes de corrupção. Na primeira pergunta, a candidata do PSOL, Luciana Genro, questionou a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, se o escândalo da Petrobras é resultado das relações do PT com a direita. Em sua resposta, a petista destacou medidas que adotou para combater a corrupção e disse que demitiu o diretor da estatal, Paulo Roberto Costa. “Não tem ninguém acima da corrupção, todo mundo pode cometer, as instituições que devem investigar”, afirmou a petista.

O tema da corrupção seguiu na pergunta do Pastor Everaldo (PSC), que levantou a bola para o candidato Aécio Neves (PSDB), perguntado ao tucano sobre as denúncias de uso da máquina pública envolvendo o PT e os Correios. Aécio disse que “a Petrobras deixou as páginas de economia dos jornais para as policiais” e defendeu a eleição de Pimenta da Veiga (PSDB) em Minas Gerais alegando que o PT não pode controlar estatais como Cemig e Copasa. “O PT perdeu a capacidade de governar”, voltou a dizer o tucano.

Em sua pergunta, Aécio escolheu sua concorrente direta por uma vaga no segundo turno, Marina Silva (PSB) e questionou a ex-ministra sobre sua teoria de “nova política”. “A nova política estava na postura de que mesmo estando em um partido, nunca se rendeu aquilo que é ilícito e ilegal, como é o caso de Mensalão. Você também esteve no partido que começou o Mensalão, que foi a compra da reeleição. E você mesmo continuou no partido. Pessoas boas existem em todos partidos, e pessoas que cometem erros, como nos Mensalões do PT e do PSDB, também existem”, respondeu Marina.

O fim do primeiro bloco foi dominado pelos nanicos, que cobraram de Levy Fidelix (PRTB) por sua declaração no último debate, no qual condenou relações homossexuais dizendo que aparelho excretor não se reproduz”. Eduardo Jorge (PV) o provocou a pedir desculpas pela fala e Fidelix rebateu. Disse que ele é quem devia se envergonhar por fazer apologia a crimes como o uso de maconha e outras drogas. Eduardo Jorge disse que Fidelix está sendo processado pela declaração homofóbica e que vai testemunhar na Justiça contra ele. Quando pensou que ia se livrar do tema, perguntando a Luciana Genro (PSOL) se ela cumpriria um acordo de não perguntar sobre economia, a socialista atacou: “Tu apavorou, chocou, ofendeu e humilhou milhares com seu discurso homofóbico”


2º bloco

Troca de acusações


O segundo bloco teve o primeiro embate direto entre os três principais candidatos. Primeiro, entre o senador Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT), que mais uma vez, quando o tema era o papel das estatais, trocaram acusações sobre a Petrobras. Aécio lembrou que a petista nomeou o diretor da estatal Paulo Roberto Costa, que está preso, e disse que a petista não explicou quais foram os relevantes serviços que ele prestou. “Candidata a senhora acaba de dizer que o seu ministro de Minas e Energia chamou o Paulo e pediu para ele pedir demissão?”, questionou. Já Dilma disse que o governo tucano no Palácio do Planalto foi o das privatizações e que Aécio sempre as defendeu. A petista afirmou ainda que há pessoas que combatem a corrupção da Petrobrás com a intenção de enfraquece-la para privatizá-la. Aécio rebateu, dizendo que os tucanos privatizaram o que era preciso.

Já a briga entre Marina e Dilma foi por causa da proposta da candidata do PSB de dar autonomia ao Banco Central. Marina questionou a petista, dizendo que ela defendeu a mesma autonomia em 2010, quando concorreu contra o tucano José Serra. “Qual Dilma fala agora?”, questionou. A presidente rebateu, afirmando que Marina está deliberadamente confundindo autonomia e independência. “No seu programa está escrito de forma clara, independência do Banco Central. Eu respeito autonomia. Só não acho que ela tenha que ser legalizada. Tem que ser uma opção dos governos”, afirmou, emendando que independência só os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) podem ter. A petista atacou mais uma vez, dizendo que Marina devia ler o que escreveram no programa de governo dela.

Marina citou o fato de Dilma, ao ser eleita presidente, não ter ocupado antes mandatos eletivos, nem mesmo de vereadora, e disse que quem fala é a presidente das eleições e não das convicções. “Essa acha que autonomia do Banco Central é ser independente. A autonomia é para combater a inflação alta do seu governo”, rebateu. Dilma se mostrou indignada e perguntou a adversária onde está escrito que é preciso ter sido vereadora para ser presidente.
No segundo bloco, o mediador do debate, Wlian Bonner, interrompeu a pergunta do pastor Everaldo para Aécio Neves, pois o pastor desobedeceu as regras ao elaborar uma questão sobre o Porgrama de Aceleração do Crescimento (PAC) ao invés de perguntar sobre previdência. O pastor ficou desconcertado e fez uma pergunta vazia: "O que o senhor pensa sobre a previdência no Brasil?".


3º bloco

Privatizações, programa habitacional e taxa de juros


No terceiro bloco os temas voltaram a ser livres e quem fez a primeira pergunta foi Luciana Genro, que questionou Aécio Neves sobre privatizações. O debate entre os dois ficou ríspido, com acusações de ambas as partes e Luciana interrompeu a fala do tucano falando para ele não levantar o dedo para ela. “Quem não tem conexão com a realidade é você. Você que anda de jatinho e ganha um grande salário e não sabe a realidade do povo”, atacou Luciana. “Não seja leviana”, rebateu o tucano.

A segunda pergunta foi de Dilma para Aécio, que questionou os planos de Aécio para o Minha Casa, Minha Vida. O tucano disse que pretende aumentar o número de moradias para a população na faixa de três salários mínimos. “Aprendi muito cedo na administração pública que bons projetos devem ser aprimorados e reconhecidos, como o Bolsa Família que foi aprimorado”, afirmou Aécio. Dilma, por sua vez, rebateu dizendo que Aécio conhece o Minha Casa, Minha Vida. Já Aécio defendeu o pionerismo de programas sociais, que na visão dele, foram implantados durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Marina e Dilma voltaram a bater boca, quando a candidata do PSB questionou a petista pelo fato de ela não ter apresentado seu programa de governo. Disse ainda que ela não cumpriu promessas de campanha como abaixar juros e combater a corrupção. “Eu apresentei (programa). Você e Aécio não”, afirmou Marina.

Dilma disse acreditar ter cumprido todos os compromissos. “Hoje o Brasil pratica a menor taxa de juros da história e nunca houve um governo que combateu tanto a corrupção, não varri para debaixo do tapete nem engavetei”, rebateu. A petista disse ter dado autonomia ao Ministério Público e não nomeado um engavetador geral e aproveitou para questionar se os adversários, que dizem que irão continuar os programas sociais do governo, podem fazer isso melhor do que quem os construiu. Marina afirmou que Dilma não cumpriu os compromissos de campanha e não regulamentou lei aprovada no Congresso de combate à corrupção. “A corrupção foi varrida para debaixo do tapete”, acusou.

Pastor Everaldo voltou a falar de corrupção quando teve a oportunidade de perguntar e escolheu Marina Silva. Ambos atacaram a corrupção na Petrobras. Na última pergunta do terceiro bloco Aécio perguntou para Dilma. O tucano criticou a inflação e o crescimento do PIB e perguntou se a petista fracassou na condução da economia.

Dilma acusou o PSDB de ter quebrado o país três vezes e critica Arminio Fraga, apontado como provável Ministro da Fazenda de Aécio, que praticou alta de inflação acima da meta em 2001. “O senhor nega a realidade do que aconteceu no Brasil quando vocês foram governo”. Dilma citou desemprego e taxa Selic elevados, além do que ela considerou “se colocar de joelhos” diante do Fundo Monetário Internacional (FMI). Aécio respondeu que o PSDB reduziu a inflação que era de 916% ao ano para 7% ao ano. Na tréplica, Dilma criticou a proposta de Aécio de fornecimento de remédios dizendo que isso já é feito em seu governo. 


4º bloco

Política ambiental e reforma tributária


Novamente com temas preestabelecidos, o quarto bloco fez com que o embate entre os candidatos desse uma trégua para o tema corrupção. O bloco começou com Dilma perguntando a Aécio sobre sua política ambiental. Ela disse que seu governo reduziu o desmatamento e os gases do efeito estufa. Aécio contestou. Segundo o tucano, o governo do PT teve a volta do problema das matas devastadas. “E precisamos mudar rapidamente a matriz energética, o que seu governo não fez. Temos potencial para a energia eólica e potencial para geração de biomassa. A senhora não conseguiu fazer”, afirmou o tucano. Dilma respondeu que 79% da matriz energética do Brasil é ambientalmente correta e que o Brasil reduziu por ano 600 toneladas de dióxido de carbono. Aécio disse que quer governar para reestabelecer a previsibilidade no país e que está preparado para discutir isso no segundo turno.

Em debate com Pastor Everaldo, Marina disse que vai fazer a reforma tributária com simplificação, justiça e transparência. “Hoje o cidadão que paga seus impostos quando vai ao supermercado não sabe que está pagando mais imposto do que quem tem avião ou um iate”, disse. Ao falar sobre capital privado, Marina usou a pergunta para Eduardo Jorge para dizer que hoje a realidade é de baixo investimento no Brasil e prometer que vai trabalhar para manter os juros baixos.

Respondendo Luciana Genro sobre a taxação das grandes fortunas, Dilma disse que eu governo incluiu os pobres no orçamento e demonstrou que as políticas sociais são o centro. “Se tem um governo que pode se orgulhar das políticas sociais que fez é o nosso”, afirmou. Apontou ainda as desonerações da cesta básica, na folha de pagamento e em bens ‘fundamentais na vida da dona de casa”.


Considerações finais


Nas considerações finais, Pastor Everaldo atacou Dilma, dizendo que a Constituição Brasileira diz que é princípio das relações internacionais repudiar o terrorismo e o racismo e lamentou declarações de Dilma na ONU que “defendeu diálogo com terroristas”. Marina preferiu falar direito ao eleitor. Disse que a sociedade brasileira tem um desejo profundo de mudança e se colocou como solução. Depois afirmou que Dilma se recusou a assinar acordo para proteger as florestas do Brasil e convidou o eleitor a votar no dia 5 “sem medo”. Levy disse que jamais incitou ódio e rancor contra ninguém e apontou a inversão de valores no país. Agradeceu e disse que sabe que não vai ganhar.

Dilma destacou a importância das eleições e disse que tem mais experiência, capacidade e compromisso com os trabalhadores. Além de apoio e força política no Congresso para fazer reformas, além de força para projetar país no cenário internacional. Eduardo Jorge destacou que pretender enfrentar o “consumismo materialista do capitalista” e clamou pelo voto no primeiro turno, para poder ter influência no segundo turno.

O tucano Aécio Neves destacou o batizado de seus filhos em São João del Rey e de agradeceu os brasileiros. “Eu acredito e acredito muito que podemos fazer um governo transformador”, entende Aécio, que também pediu o voto. Por fim, Luciana Genro também pediu o voto na candidatura dela, que “vocaliza” as bandeiras da juventude, movimento sindical, trabalhadores sem-terra e movimento LGBT. 


Regras do debate


O último debate entre os candidatos à Presidência antes do primeiro turno, transmitido pela TV Globo, teve quatro blocos e duas horas de duração. No primeiro bloco, os candidatos puderam fazer perguntas sobre temas livres. 

Participaram do debate os candidatos cujos partidos possuem representação na Câmara dos Deputados: Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Eduardo Jorge (PV), Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (PSOL), Marina Silva (PSB) e Pastor Everaldo (PSC).

No segundo e no quarto blocos, o mediador sorteou temas específicos.

No terceiro os candidatos escolheram temas livres mais uma vez. 

Cada candidato teve 30 segundos para formular a pergunta, um minuto e 30 segundos para a resposta, 40 segundos para réplica e 40 segundos para tréplica. O quarto bloco foi destinado também às considerações finais dos presidenciáveis.


FONTE: EM

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