segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Dilma e Aécio no jogo aberto do 2° turno


Com arrancada na reta final e resultado melhor do que o apontado nas pesquisas, tucano recebe quase 35 milhões de votos e vai enfrentar a presidente, que teve o apoio de 43 milhões de eleitores

"A luta daqui para frente será daqueles que não querem ver o Brasil voltar atrás. Eu sou a primeira pessoa a querer fazer mais. É a certeza de quem soube fazer", Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição

Nove milhões de votos de diferença entre um e outro, 10 minutos de tempo de televisão para cada um — que se iniciam a partir de quinta-feira — e três semanas de campanha para definir quem será o presidente da República a partir de 1º de janeiro de 2015.

Após um primeiro turno eletrizante, com uma reviravolta espetacular na reta final, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) iniciam a segunda etapa das eleições presidenciais, repetindo a velha polarização entre tucanos e petistas. Marina Silva, que empunhou a bandeira da nova política e conclamou os eleitores a não desistir do Brasil, viu parte dos seus seguidores desistirem de sua candidatura. Derreteu aos poucos e amargou a terceira colocação com 21,3% dos votos válidos.

Dilma terminou o primeiro turno à frente, com pouco mais de 43 milhões de votos (41,5% do total). Aécio Neves (PSDB), que parecia não ter chances, chega com fôlego redobrado. Recebeu quase 35 milhões de votos (33,5%).

"Não farei uma campanha contra ninguém, porque não sou daqueles que acham que meus adversários são inimigos e precisam ser exterminados a qualquer custo", Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto...

A disputa, contudo, começa mais apertada do que se supunha nas pesquisas de boca de urna e nos últimos levantamentos divulgados ao longo da semana passada. Embora a tendência de êxito do senador mineiro já estivesse se consolidando nos últimos dias, os quase 35 milhões de votos (33,5%) recebidos por ele são maiores do que os 26% ou 27% apontados por todos os institutos de pesquisa.

Ainda na noite de ontem, os dois candidatos, nos discursos de agradecimento, deram o tom do embate que se desenha. “Não vamos descansar um minuto. Vamos viajar o Brasil acompanhados da verdade, da coragem. Estamos apenas na metade do caminho”, declarou Aécio Neves, em Minas Gerais. “A luta continua. E essa é uma luta daqueles que querem um país mais justo”, afirmou Dilma, em Brasília. 

Para tentar seduzir o eleitorado do PSB e os aliados de Marina Silva — terceira colocada na eleição —, Aécio fez questão de homenagear Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 13 de agosto. Acrescentou que tem um carinho muito grande por Renata Campos, viúva do ex-governador de Pernambuco. Mas assegurou que não conversou ainda nem com ela nem com Marina. “Vamos aguardar os próximos dias para ver como as coisas evoluem. O que posso dizer é que quem venceu as eleições neste primeiro turno foi o desejo de mudanças da sociedade brasileira”, afirmou.

O presidenciável tucano anunciou que hoje mesmo se reunirá com a equipe de campanha, em São Paulo, para definir os próximos passos. Afirmou que está cercado dos melhores quadros para promover as mudanças de que o povo brasileiro necessita e cobra. “Não farei campanha contra ninguém, porque não sou daqueles que acham que meus adversários são inimigos e precisam ser exterminados a qualquer custo. Farei uma campanha a favor do Brasil”, disse ele. 

Os estrategistas da campanha do PSDB lembram que ele foi melhor em todos os estados se comparado aos resultados divulgados pelas pesquisas. “Agora teremos o mesmo tempo de televisão (10 minutos cada) e um minuto de inserções diárias”, declarou um aliado. A estratégia é manter o mesmo discurso que levou Aécio para o segundo turno: ênfase na ética para explorar a crise da Petrobras; os maus resultados da economia e a aposta no desejo de mudança do eleitorado brasileiro.

FMI e pré-sal
Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff reuniu os ministros para acompanhar a apuração no Palácio da Alvorada. À noite, durante entrevista em um dos principais hotéis da cidade, destacou que essa foi a sétima vitória consecutiva do PT nas disputas presidenciais: os dois turnos de 2002, 2006 e 2010 e o primeiro turno deste ano. “A luta daqui para frente será daqueles que não querem ver o Brasil voltar atrás”, convocou. 

Dilma admitiu que o espírito é de mudanças, baseado nas conquistas obtidas pela população até o momento. Mas acrescentou que o seu projeto político é o mais habilitado para realizar essas mudanças. “Eu sou a primeira pessoa a querer fazer mais. É a certeza de quem soube fazer”, afirmou. 

A presidente enumerou uma série de propostas que pretende implementar caso seja reeleita para mais quatro anos, como mais atenção à saúde, a utilização dos recursos do pré-sal para a educação e um combate empedernido contra a corrupção. “Na economia, faremos as mudanças necessárias sem promover os ajustes e o arrocho salarial que foram características do governo do PSDB”, comparou. “Não queremos de volta os fantasmas do passado. Não queremos de volta aqueles que quebraram o Brasil três vezes, que se ajoelharam diante do FMI, que elevaram os juros a 45% ao ano e que promoveram o racionamento de energia para evitar o apagão”, atacou a petista. 

O PT deve escalar o senador Jorge Viana (AC) e o governador reeleito do Acre, Tião Viana, para retomar o diálogo com Marina Silva, em busca do voto dos marineiros em primeiro turno. O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, confirmou que eles vão procurar a presidenciável do PSB para conversar. “Nós governamos juntos, temos mais afinidades do que divergências”. Carvalho minimizou o processo de desconstrução promovido pelo PT. Ontem mesmo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, sem citar a socialista, “que não se constrói uma candidatura do nada”. “Ninguém apanhou mais nessa campanha do que o PT”, afirmou Carvalho.


As armas de cada um
Confira os principais pontos que o tucano e a petista devem explorar no segundo turno

Aécio Neves (PSDB)

» O voto útil para tirar o PT do Planalto
» O discurso da ética, já que a tendência é que sejam divulgadas a delação premiada de Paulo Roberto Costa e as primeiras denúncias de Alberto Youssef
» Os resultados pífios da economia
» A eleição em primeiro turno de tucanos de peso, como Geraldo Alckmin e Beto Richa, o que permite que se tornem cabos eleitorais efetivos
» A possível migração de votos dos marineiros


Dilma Rousseff (PT)

» A máquina petista federal e o discurso do medo do fim dos programas sociais
» Os movimentos sociais e os sindicatos
» As vitórias petistas em Minas Gerais e na Bahia (segundo e quarto colégios eleitorais, respectivamente), liberando Fernando Pimentel e o ex-governador Jaques Wagner para trabalhar exclusivamente na campanha presidencial
» Lula como cabo eleitoral na corrida presidencial
» A aposta de que parte dos marineiros é mais petista do que tucana
Fonte: Correio Braziliense. Por PAULO DE TARSO LYRA e GRASIELLE CASTRO

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