segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Câmara quer controle da redução de cargos

Deputados aprovam projeto de lei que poderá atrapalhar os planos do governador eleito, Rodrigo Rollemberg, de promover uma reforma administrativa para começar o próximo ano com uma máquina pública mais enxuta

Se projeto entrar em vigor, Rollemberg terá de obter autorização dos distritais para promover a reforma administrativa que prometeu durante a campanha eleitoral

O governador eleito Rodrigo Rollemberg (PSB) ainda está a dois meses de assumir o mandato e já tem motivos para se preocupar com a Câmara Legislativa. Propostas em tramitação ou aprovadas pela Casa têm forte potencial de dificultar o cumprimento a curto prazo de metas apresentadas pelo socialista na campanha, como a redução no número de secretarias e de cargos comissionados. Projetos em tramitação também podem retirar parte da autonomia do Executivo a partir do próximo exercício financeiro, o primeiro ano da administração do novo chefe do Executivo.

Na última quinta-feira, Rollemberg teve um encontro a portas fechadas com o presidente da Câmara Legislativa, Wasny de Roure (PT). Além da cortesia na reunião e do estreitamento nas relações, o futuro governador ouviu do petista um panorama a respeito das propostas em andamento na Casa. Se, por um lado, Rollemberg ficou satisfeito com a notícia da retirada do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília e da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) da pauta, por outro, descobriu que também pode ter dissabores em breve. Movimentos dos distritais indicam que está em curso uma manobra de fortalecer a Câmara para tentar ampliar o poder de barganha do Legislativo em relação à formação do próximo governo.

Entre os temas em debate, há duas propostas distintas que podem atingir a intenção de Rollemberg de entrar em 1º de janeiro de 2015 com uma nova estrutura relacionada a número de secretarias e cargos comissionados, definida por decreto. Um dos projetos apresentados é de autoria do deputado distrital Alírio Neto (PEN), protocolado neste ano, em meados de outubro. O projeto, já aprovado pela Câmara, em dois turnos, obriga o governo a enviar à Casa todo projeto de criação ou extinção de cargos e órgãos públicos.

Rollemberg ficaria, assim, obrigado a consultar os deputados no início do ano sobre qualquer alteração que fosse fazer na máquina pública. Alírio conseguiu atrair para o seu projeto de lei as assinaturas dos colegas Chico Vigilante (PT), que já antecipou oposição ao governo Rollemberg, e Joe Valle (PSB), que integra a base do futuro governador, mas tem feito um discurso de autonomia do Legislativo em relação ao Executivo. Essa tese, aliás, faz parte da defesa central da proposta do distrital do PEN. Trecho da justificativa do documento diz: “(intenção é) resguardar as prerrogativas do poder”. O projeto, para entrar em vigor, depende de sanção do atual governador, Agnelo Queiroz (PT).

No mesmo dia em que o projeto de lei de Alírio foi a plenário, num movimento contrário, Celina Leão (PDT), aliada de Rollemberg, propôs a retirada da gaveta de um Projeto de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) — número 26, de 2011 — que tramita há quatro anos. O detalhe: essa proposta também obriga o Executivo a enviar ao poder vizinho, para apreciação, a criação de estruturas administrativas e cargos, mas somente nas situações em que a medida acarretar aumento de despesa. “Criar ou extinguir órgãos sem criar gastos é naturalmente função do Executivo. Nossa proposta adequa a Lei Orgânica à Constituição”, disse a distrital ao Correio.


FONTE: CORREIOWEB

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