quinta-feira, 6 de novembro de 2014

CPI da Petrobras faz acordo para evitar convocação de políticos



BRASÍLIA  -  A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga suposto esquema de corrupção e irregularidades nos contratos da Petrobras fechou um acordo para não convocar nesta quarta-feira integrantes do governo.

Havia um pedido de depoimento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, presidente do conselho de administração da estatal, e outro para ouvir a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Ontem, o Valor informou que a campanha de Gleisi ao Senado em 2010 recebeu R$ 1 milhão oriundos do suposto esquema de corrupção, pagamentos de propinas a agentes políticos de PT, PMDB e PP e cartelização de empreiteiras, de acordo com o doleiro Alberto Youssef, principal alvo da operação Lava-Jato.

O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que Gleisi e Mantega não foram convocados por acordo político, segundo ele, o mesmo motivo para não chamar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e outras pessoas citadas no processo de investigação com “falta de densidade nas denúncias que foram feitas”.

Quase 500 requerimentos apresentados por parlamentares foram pautados na sessão desta quarta-feira, incluindo pedidos de quebra de sigilo (bancário, fiscal e telefônico) e de convocação e convite para depoimentos.

Antes da votação, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), se reuniu em uma sala com outros parlamentares para tentar obter consenso em relação aos requerimentos. Os pedidos mais polêmicos, como a convocação de Mantega e Gleisi, nem chegaram a ser votados.

Ao sair da sala, o relator apresentou os blocos de requerimentos que entraram no acordo e que, durante a sessão, foram aprovados.

Foram convocados: Márcio Andrade Bonilho, sócio da empresa Sanko Sider; João Procópio Prado, apontado como “laranja” no esquema; Marcelo Barboza Daniel; Meire Bonfim da Silva Poza, ex-contadora do doleiro Youssef; Waldomiro Oliveira, suposto laranja de Youssef; Saul Sabbá, representante legal do Banco Máxima; e Rafael Ângulo Lopez, também supostamente envolvido nas irregularidades.

Segundo Maia, a ideia da CPI uma ideia de “aprofundar nas investigações que estão sendo realizadas pela operação Lava-Jato”, com um número maior de sessões da Comissão.

A CPI também decidiu não quebrar o sigilo de empreiteiras acusadas de participar do esquema de corrupção. Os parlamentares vão apenas pedir informações às empresas que terão dez dias para enviar as informações. Em caso de descumprimento do pedido, a Comissão poderá avaliar a quebra de sigilo bancário das companhias, informou Maia.

O relator explicou que essa medida foi necessária diante de pouco tempo e grande volume de documentos que seriam entregues com a quebra de sigilo. No entanto, parlamentares da oposição reclamaram que havia tempo suficiente para essas ações no começo da CPI.

A ideia de Maia é que a CPI seja concluída em 18 de dezembro, após o prazo previamente estabelecido.

Fonte: Valor Econômico/Thiago Resende

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